Novo currículo de Odontologia valoriza a perspectiva social da atividade

Fotos - Jones Bastos - Agecom/UFSC
Para discutir as novas diretrizes curriculares em Odontologia, a direção do Departamento de Estomatologia e a coordenação do curso de Odontologia da UFSC realizam no Centro de Cultura e Eventos o Seminário de Integração Ensino/Serviço, que termina na tarde desta sexta-feira com um grande debate entre todos os participantes, às 16h. Representantes do Ministério da Saúde, professores da UFSC e integrantes de universidades de outros estados do País estiveram no seminário para falar da necessidade de mudar o foco na formação de odontólogos, com ênfase no trabalho que mescla conteúdo científico com uma visão humanista da profissão.
A coordenadora do evento, professora Daniela Carcereri, diz que os novos paradigmas para a formação de profissionais atendem a uma necessidade sentida pela sociedade, mas admite que essa mudança de foco gera tensões dentro do curso. “Há professores sensíveis à idéia, outros que desconfiam dela e aqueles que mantêm-se firmes em defesa da técnica e da tradição”, afirma ela. Este é um processo longo, aprimorado nas discussões, e não se limita a mexer na grade curricular, porque altera a forma do aluno encarar a realidade brasileira.
Junto com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), a PUC/PR e a Universidade Federal de Minas Gerais, a UFSC ocupa a linha de frente na implantação do novo currículo. O curso de Odontologia forma 90 profissionais por ano, mas mesmo os que pegaram o currículo tradicional já mostram seu engajamento com o novo modelo. “O modelo vigente está saturado”, diz o acadêmico Gustavo Chraim, do 8º período, que é o representante dos estudantes no grupo gestor do programa Pró-Saúde. Ele considera saudável a contradição entre os professores em relação ao novo currículo, mas acredita que ele é o mais indicado para “enfrentar as demandas da Odontologia”.
“O SUS é o maior sistema de saúde do mundo, amplo e presente no dia-a-dia de todas as pessoas, e não aquele sistema cheio de mazelas mostrado pela Rede Globo”, disse o professor Léo Kriger, da PUC/PR, em palestra realizada na manhã de hoje (23/11). Ele defendeu a formação de profissionais de saúde com visão crítica, postura ética e sensibilidade social, que entendam o ciclo da vida e o processo de saúde-doença e, a partir disso, façam uma abordagem humana em cada procedimento com os pacientes. Hoje, 54% dos dentistas brasileiros já trabalham no setor público, pois há 140 milhões de pessoas que dependem do SUS, enquanto os usuários que podem pagar pelo tratamento são minoria no País.
Mais informações com o prof. Mauro Amaral Caldeira de Andrada, do Departamento de Estomatologia, pelos fones 3721-9520 e 3721-9532 e no e-mail dptostm@ccs.ufsc.br
Por Paulo Clovis / Agecom