Jornalista Dorva Rezende fala no Círculo de Leitura nesta quinta na UFSC

Dorva Rezende- foto www.clicrbs.com.br
Nascido em São Leopoldo (RS) e filho de policial rodoviário e dona de casa, Dorva começou a trabalhar no jornal NH, de Novo Hamburgo, antes mesmo de se formar. Depois, com o diploma nas mãos, passou seis meses no Primeira Hora, diário de Foz do Iguaçu (PR), onde fazia de tudo, da redação à paginação. “Foi uma boa escola, mesmo tendo que trabalhar 12 horas por dia”, conta ele. Após essa experiência, voltou para o NH e, em 1990, transferiu-se para Florianópolis, passando por várias editorias do DC.
O CÍRCULO
Criado pelo poeta Alcides Buss, o Círculo de Leitura é um projeto que permite ao convidado e aos presentes discutirem informalmente sobre os livros que estejam lendo, as leituras do passado e as influências de outros autores sobre o seu trabalho. Escritores e jornalistas como Salim Miguel, Oldemar Olsen Jr., Fábio Bruggemann, Inês Mafra, Mário Pereira, Maicon Tenfen, Cleber Teixeira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Renato Tapado, Raimundo Caruso, Nei Duclós, Lauro Junkes, Zahidé Muzart, João Carlos Mosimann e Mário Prata foram alguns dos participantes das etapas anteriores do projeto.
BREVE ENTREVISTA
Como foram os seus primeiros contatos com os livros?
Dorva Rezende – Não tínhamos livros em casa, mas havia o hábito de ler jornais e meu avô gostava de histórias de bang-bang, publicadas em formato de bolso. Como fui alfabetizado por uma prima dois anos mais velha (que me ensinava tudo o que aprendia na escola), comecei os estudos sabendo ler e escrever. Nas férias, lia clássicos traduzidos por Clarice Lispector e Paulo Mendes Campos, e aos poucos fui devorando tudo o que Julio Verne produziu. Com menos de 12 anos, entrei numa maratona com um primo para ver quem lia antes “O tempo e o vento”, de Erico Veríssimo. Cedo também conheci Moacyr Scliar, Josué Guimarães e outros autores gaúchos.
E depois disso, o que aconteceu?
Dorva Rezende – Na adolescência tomei contato, através do Círculo do Livro, com a literatura latino-americana, e aí vieram Borges, Vargas Llosa, García Marquez, Julio Cortázar, Bioy Casares. Mais tarde passei a ler outros argentinos importantes, como Robert Arlt, César Aira, Alan Pauls e Manuel Puig.
Há algum gênero que seja de sua preferência?
Dorva Rezende – Concluí o mestrado na UFSC em 2007 e fiz a dissertação sobre a ficção científica brasileira. Foi quando tomei contato com o paraibano Bráulio Tavares (“A máquina voadora” e “A espinha dorsal”), Dinah Silveira de Queiroz (que tem contos fantásticos feitos nos anos 60 e reunidos no volume “Comba malina”) e a imensa produção de Ray Bradbury (“Fahrenheit 451”, entre outros). Mais recentemente, li muito André Carneiro, poeta da Geração de 45 que é traduzido em vários países da Europa.
Você também gosta de escrever sobre música. O que mais aprecia neste campo?
Dorva Rezende – Cresci vendo minha mãe trabalhando na cozinha e ouvindo o rádio que tocava rock’n’roll. Cheguei a fazer uma lista com os rocks mais executados da época. Tinha um tio que gostava muito dos Beatles e outro que era baterista, e daí aos Stones, The Who e outras bandas famosas foi um passo. Com o dinheiro dos primeiros bicos, comprei discos de vinil, sempre de rock. Mas também gosto de jazz e blues.
Todo jornalista tem um quê de escritor. Você tem alguma produção na gaveta, esperando para ser publicada?
Dorva Rezende – Tenho alguns contos escritos e ideias para serem desenvolvidas. Estou ensaiando uma história de ficção sobre um episódio trágico ocorrido em São Leopoldo dois anos antes da chegada dos primeiros imigrantes alemães, em 1824. No momento, estou produzindo uma reportagem sobre os 50 anos de morte de Boris Vian, um importante escritor francês que foi praticamente ignorado na programação do Ano Brasil-França.
Contatos com Dorva Rezende podem ser feitos pelos fones (48) 3216-3550 e 9114-4442.