Presidente da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria ensina que longevidade depende das escolhas pessoais

24/10/2009 10:37

“Longevidade é mais que viver muito, é viver bem”. Essa é a opinião de Renato Maia Guimarães, presidente da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria. A longevidade e a qualidade de vida foram os temas da conferência realizada por Maia nesta sexta-feira, 23/10, no auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina. Com auditório lotado principalmente por senhoras e senhores o palestrante mostrou de forma descontraída que para uma vida longínqua e feliz é preciso mais que atividades físicas e boa alimentação.

Segundo Maia, a genética e a região onde se nasce influenciam em 50% a projeção da expectativa de vida. A outra metade depende de cada um e das escolhas tomadas durante a vida. “Cada um vive como quer, mas é preciso conhecer as regras do jogo e honrar as próprias escolhas” afirma o médico que durante a conferência apresentou dicas de como levar a vida a fim de ter um saldo de saúde na terceira idade.

Para viver muito e feliz é preciso primeiramente ter autoestima. Segundo Maia, as pessoas devem gostar do rosto refletido no espelho. Outro ponto importante é ter capacidade para superar as dificuldades. O exemplo dado pelo palestrante foi o do vice-presidente da República, José Alencar, que há anos luta contra um câncer e demonstra sempre bom humor e disposição antes e depois das terapias.

Construir um projeto de vida e batalhar para realizá-lo é outro ponto fundamental para a longevidade, ressaltou Maia. Os exemplos dessa vez foram Fidel Castro e Roberto Marinho. O primeiro com 30 anos decidiu lutar por uma revolução que defendeu durante toda sua existência – e até hoje continua vivo. Já Roberto Marinho, que faleceu com 98 anos, aos 60, já proprietário do jornal O Globo, porém contrariado pela família, fundou a Rede Globo de Televisão. “Roberto Marinho não podia morrer antes, ele tinha um projeto de vida, estava ocupado, não tinha tempo para morrer”, brinca Maia.

O conselho que mais arrancou risos da plateia, talvez pela cumplicidade, foi o de não remoer as mágoas da vida. Maia ilustrou esse exemplo com a ideia de um “saco de mágoas”. “Não adianta chegar na sala, abrir o saco e começar a tirar as mágoas de 1958 quando fulano falou que isso ou aquilo e depois aquela de 1972 quando não pudemos viajar por culpa do ciclano. A vida continua e devemos esquecer, ou pelo menos relevar as coisas ruins.”

Em 2050 a população idosa brasileira representará cerca de 18%, segundo o IBGE. Hoje esse número fica por volta dos 6%. Para a geração que será idosa daqui a 40, 50, 60 anos o conselho de Renato Maia é de considerar a possibilidade de uma previdência privada. “A previdência social não conseguirá sustentar a população aposentada do futuro como faz com a de hoje” afirma Maia.

A notícia boa vem com os avanços da saúde que devem ajudar no combate de doenças crônicas e do câncer. Em contrapartida, a grande atividade e facilidade de locomoção poderão aumentar os traumas por acidentes. Maia ainda acrescenta que se deve ter atenção com a saúde mental, que pelo estresse e vícios pode sofrer mais do que atualmente.

O palestra realizada no Centro de Cultura e Eventos da UFSC estava integrada à agenda de palestras da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC. O convite foi realizado pelo Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI).

Erich Casagrande / Bolsista Jornalista da Agecom

Fotos: Paulo Noronha/ Agecom