Marcado para os dias 12, na Sala Machado de Assis – CCE, às 19h30min, e 13 de agosto, no Palácio Cruz e Sousa, às 19h, o “Encontro das Águas III – Poéticas em Diálogos Contemporâneos”, evento no qual a poesia mineira apresentada reflete o trabalho de vários grupos de Belo Horizonte: Cemflores, Dezfaces, Parada, Pauta, Femininas, Barkaça Belo Horizonte/Divinópolis, Coletivo Baal, entre outros) e, ao mesmo tempo, há também uma fértil produção individual de poetas gregários e solos.
Uma das ideias poéticas e proféticas do poeta inglês William Blake é que “a poesia é um salto de tigre em relação ao passado”. Isto é, para conquistar e construir (para a poesia para o poeta) uma eterna e segura morada no futuro, é necessário trazer o que há ainda de vivo no passado, reler e misturar essa vida à vida presente e produzir um “passaporte” para a utopia. Hoje a chamada “Geração 00 (zero / zero)” e as gerações que vêm atuando há algum tempo explicitam, com mais veemência, essa máxima blakeana.
Houve, nas décadas de 1970 e 1980, o demasiadamente coletivo na poesia brasileira; na década de 1990, o demasiadamente individual; e, hoje, há uma mescla dessas duas atuações (em grupo e individualmente). As explicações são múltiplas e seguem várias direções (barateamento da edição, novas mídias, ampliação do campo da recepção etc.). Porém uma explicação serve de base: o poeta, para usarmos uma expressão de Décio Pignatari, precisa de “mídias auxiliares”. Isto é, além de sua mídia primeira (o livro, por exemplo), precisa atuar e dialogar com outros poetas de outras mídias (o vídeo, o disco, a performance, o teatro, o multimídia etc.). Pois a aldeia se globalizou, mas, paradoxalmente, voltou à cena a vitalidade da atuação em grupo. Multiplicidade dialógica, Ação coletiva sem descartar as performances solos.
Em dezembro de 2009 aconteceu no povoado do Bichinho, no Campo das Vertentes, Minas Gerais, o primeiro Encontro das Águas reunindo a poesia, a serigrafia e a editoração. O segundo, em maio de 2010, em Belo Horizonte, ampliou o número de poetas e artistas, homenageando a poesia de Paulo Mendes Campos. Este terceiro encontro, em Florianópolis, reunirá poetas e artistas visuais que participaram ou participam de diversos grupos de Belo Horizonte. O encontro prevê uma oficina sobre poesia, uma mostra de vídeo-poema, uma exposição de poesia visual e objetos poéticos e o lançamento de livros.
Programa:
Dia 12/08/2010:
Sala Machado de Assis – CCE/UFSC – 19h30min: Mostra de vídeo-poesia e Oficina sobre poéticas contemporâneas
Dia 13/08/2010:
Palácio Cruz e Sousa, às 19 horas: Mostra de arte-poema, recital e lançamento de livros.
Instituições de apoio:
Fundação Catarinense de Cultura- FCC, Curso de Pós-Graduação em Literatura da UFSC, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação da UFSC, Associação dos Artistas Plásticos de Santa Catarina- APLASC, NUER/UFSC.
Poetas e artistas convidados:
Marcelo Dolabela
Mário Alex Rosa
Sonia Queiroz
Álvaro Andrade Garcia
Ana Caetano
Carlos Barroso
Jair Fonseca
Ivan de Sá
Luciano Cortez
Ilka Boaventura Leite
Quem são eles:
Marcelo Dolabela
Nasceu em LajinhaMG, 1957. Poeta e pesquisador (música e poesia). Mestre pela Universidade São Marcos. Principais livros: Coração malasarte, 1980. Radicais, 1985. ABZ do rock brasileiro, 1987. Breve história da música de Belo Horizonte, 1993. Hai Kaixa, 1993. Poeminhas & outros poemas, 1998. Lorem ipus.
Antologia poética & outros poemas, 2006. Roteirista: Maldito Popular Brasileiro, de Patrícia Moran. Uakti, de Rafael Conde. A Hora Vagabunda, de Rafael Conde. Lidera o grupo Caveira, My Friend. Rádio: Rock Molotov, Rádio Liberdade FM, 1888-1991. Vitrola do Dolabela, Rádio Lagoinha FM, 1998-1999. Letra Elétrika, Rádio Lagoinha FM, 2001-2002.
Mário Alex Rosa
Graduado em História-UFOP e mestre e doutor em Literatura Brasileira pela USP. Artista plástico. Atualmente é professor do curso de Letras no UNI-BH (Centro Universitário de Belo Horizonte-MG). Membro do conselho editorial da Livraria e Editora Scriptum de Belo Horizonte. Publicou poemas nas Revistas Dimensão (Uberaba), Inimigo Rumor (RJ), Cacto (SP), Teresa USP/SP), Jandira (Juiz de Fora), Ato (BH), na Agenda Cultural de Ouro Preto e nos Jornais Revirarte (Mariana), Folhinha de São Paulo, Suplemento Literário de Minas Gerais e Dezfaces (BH). Traduziu poemas de Alejandra Pizarnik publicados pela Espectro Editorial- RJ. Participou das Antologias de poesias Achamento de Portugal e Terças poéticas-BH. Publicou ABC futebol clube e outros poemas – Ed. Bagagem, 2007, poesia infantil. Participou de várias exposições de artes plásticas.
Sonia Queiroz
É professora de Edição e Literatura Comparada da UFMG. Como poeta, além de poemas esparsos em jornais e revistas, Sônia Queiroz publicou os livros O Sacro Ofício (Prêmio Cidade de Belo Horizonte, 1980), Relações Cordiais (Coleção Poesia Orbital, 1997) e Corra Água por onde Correr (Edições Bichinho Gritador, 2003), e participou das antologias de poemas Palavra de Mulher (Ed. Fontana, 1979) e Taquicardias (Ed. Dubolso, 1985). Como contista, publicou o livreto Madrinha (Ed. Dez Escritos, 1987; 2. ed. Edições Bichinho Gritador, 1998), em que divulga uma experiência literária realizada com a língua da Tabatinga; e participou da coletânea Instantâneos do Amor. Sônia Queiroz foi diretora da Editora UFMG por oito anos (de 1986 a 1995) e atualmente coordena o Laboratório de Edição da Faculdade de Letras e dirige o Centro Cultural UFMG
Álvaro Andrade Garcia
É escritor e diretor de audiovisuais e de projetos multimídia. Tem publicados oito livros de poesia e dois de prosa. Escreveu crônicas e ensaios para imprensa. Criou e produziu videopoemas, videocrônicas, web documentários e portais na internet. Sua produção encontra-se no site www.ciclope.art.br.
Ana Caetano
Nasceu em Dores do Indaiá-MG, em 1960. Publicou: Levianas, 1984 e Babel , 1994 com Levi Carneiro; e Quatorze, 1997. Participou da coordenação do projeto Temporada de Poesia em 1994 e Poesia Orbital, em 1997; do cd Cacograma, 2001, e foi co-editora da revista Fahrenheit 451.
Carlos Barroso
Jornalista especializado em política (?TV Bandeirantes, Hoje em Dia, Diário da Tarde e Estado de Minas). Prêmio Esso de Reportagem Regional (2001), com equipe do EM. Um dos fundadores das revistas CemFlores, CemFloresGreve e AquiÓ. Publicou: Poetrecos (Coleção Poesia Orbital, 1997); Carimbalas, livro-objeto/poemas (Edição CemFlores, 2008); Gelo (móbile-poema, 2008) e Sãos, Usura e Livraria (Edição CemFlores, 2010). Participou das Antologias Salto do Tigre, 1993, Memórias de Mim, 2010 e Pelada Poética II (Editora Scriptum/2010).
Ivan de Sá
Artista visual, cenógrafo e gravurista. Presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Santa Catarina (APLASC). Publicou Encontro das Águas, com Ilka Boaventura, 2010.
Jair Fonseca
É professor de Literatura e Cinema na UFSC. Além de diversos trabalhos acadêmicos, publicou poemas e outros textos em revistas literárias, como Cemflores, Alegria Bluesbanda, Fahrenheit 451, Dezfaces, entre outras. É cancionista, tendo gravado os LPs O Strip-Tease da Alma (1986), Filme (1988), entre outros, e o CD Museu do Mundo (2001). Além de ter poemas gravados nos CDs Cacograma e Dor, Amor, Humor.
Luciano Cortez
Nasceu em Recife, Pernambuco (1954). Doutorou-se em Literatura Brasileira pela Faculdade de Letras da UFMG, com tese sobre Oswald de Andrade. Graduou-se em Pintura pela Escola de Belas Artes, também na UFMG. É professor da Puc Minas. Como poeta produziu os poemas visuais de 1671 (1980), Bichos (1982), Antígona amarrada (1997). Enquanto artista plástico tem realizado trabalhos vinculados à investigação das potencialidades líricas da imagem.
Ilka Boaventura
Participou do Grupo e Revista Cemflores. Publicou Sanguinea, 1984. A Bom Bordo, 1994 e Encontro das Águas , com Ivan de Sá, 2010. É professora de Antropologia da UFSC. Autora de Antropologia da Viagem (Ed. UFMG, 1996), O Legado do Testamento (Ed da UFRGS, 2004) e Poética Afrobrasileira (NUER, no prelo).
Fonte: Ilka Boaventura