Professor defende função pedagógica das comissões de ética

14/10/2010 13:32

Darlei Dall’Agnol foi o primeiro palestrante do evento

Darlei Dall’Agnol foi o primeiro palestrante do evento

O professor Darlei Dall’Agnol, do curso de Filosofia da UFSC, defendeu que as comissões de ética reforcem sua função educativa dentro das instituições, na tentativa de incutir nas pessoas a importância dos procedimentos éticos em todos os momentos e situações da vida. Ele fez na manhã desta quinta-feira (14/10) a primeira palestra do seminário “Fronteira entre a Ética e o Direito”, que vai até o final da tarde no auditório do Fórum UFSC. A promoção é da Comissão de Ética Pública, vinculada à reitoria da universidade, e faz parte da programação comemorativa dos 50 anos da instituição.

O professor Dall’Agnol fez um histórico das normas, códigos de conduta e trechos de leis que abordaram a questão da ética nas últimas décadas para provar que o tema é objeto de um regramento excessivo, que não garante avanços no comportamento ético e moral da sociedade. No âmbito do serviço público, especialmente, vigoraram até 2007 diversos documentos estabelecendo normas e regimentos que faziam tudo, menos assegurar uma postura mais ilibada dos funcionários. “Representa um equívoco filosófico acreditar que a existência de regras é suficiente para evitar os nossos deslizes morais”, assevera.

Ele também citou situações práticas em que a ética é desrespeitada dentro das universidades, como os trabalhos copiados por alunos da internet, o descumprimento de horários, a negligência em relação aos direitos autorais, casos de assédio moral e a falsificação do currículo Lattes para concorrer em editais. O “jeitinho” – um procedimento essencialmente aético – está em inúmeras ações, o que, na opinião de Dall’Agnol, requer uma reeducação moral das pessoas e não pode ser resolvido com a multiplicação de códigos e regimentos.

O não cumprimento de normas básicas como atravessar na faixa de pedestres representa uma negligência que não é observada em países mais desenvolvidos, no entendimento do professor. Também caracteriza a cultura brasileira o respeito por uma ética privada, familiar, que não se reflete na relação com o patrimônio público. “Por isso a importância educativa e pedagógica das comissões de ética”, finaliza o professor.

Programação da tarde – A abertura do seminário contou com a presença do reitor Alvaro Toubes Prata e a coordenação do professor Paulo Roney Ávila Fagundez. Às 11h, aconteceu a mesa-redonda “Relacionamento entre professor e aluno”, coordenada pela professora Izete Lehmkuhl Coelho e com as participações de Sônia Felipe (Filosofia), Mériti de Souza (Psicologia) e Tiago Mateus de Azevedo (discente que representa o Diretório Central de Estudantes).

A programação da tarde começa às 14h com a palestra “Fronteira entre a Ética e o Direito”, de Jeanine Nicolazzi Philippi, professora do curso de Direito da universidade, com a coordenação de Maria Luiza Ferraro, integrante da Comissão de Ética Pública.

Das 16h às 18h será realizada a mesa-redonda “As diferentes visões de Ética na UFSC”, coordenada pelo professor Nito Angelo Debacher. Os convidados são Paulo Roney Ávila Fagundez (Comissão de Ética Pública), Carlos Rogério Tonussi (representante da Comissão de Ética no Uso de Animais), Washington Portela de Souza (Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos) e Nilto Parma (Procuradoria Federal junto à UFSC).

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom

Foto: Paulo Noronha / Agecom