Pós-Graduação na UFSC: Eles são os melhores

13/10/2010 12:12

PÓS-GRADUAÇÃO NA UFSC

Eles são os melhores

Os cursos de Engenharia Mecânica, Química e Farmacologia obtiveram a nota máxima na avaliação da Capes

Keliana veio de Campina Grande, na Paraíba

Keliana veio de Campina Grande, na Paraíba

Keliana Dantas está entre os 535 alunos que podem se orgulhar de estudar nos melhores programas de pós-graduação com mestrado e doutorado do Estado: Química, Engenharia Mecânica e Farmacologia. Todos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os três obtiveram nota máxima – sete – na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.

Com o resultado, SC figura na quinta colocação entre os sete estados do país que possuem instituições de ensino com nota máxima em programas com os dois títulos de pós-graduação. O conceito tem atraído estudantes de várias regiões do Brasil. É o caso de Keliana, que em 2008 deixou Campina Grande, na Paraíba, para fazer o doutorado em Química da UFSC, em Florianópolis. São mais de 3,3 mil quilômetros de distância da terra natal.

– O peso no currículo é maior ao se estudar numa instituição que possui cursos de excelência. Na Química, especificamente, é importante ter contato com técnicas e equipamentos chamados de tecnologia de ponta e, no Brasil, ainda só é possível encontrar esse tipo de equipamento em universidades de conceitos elevados – informa a paraibana.

A avaliação é feita a cada três anos. Até a última (2004-2006), o programa de Química da UFSC era o único do Estado a ter nota máxima. Após a divulgação do desempenho entre 2007-2009, Farmacologia e Engenharia Mecânica passaram a fazer parte do grupo. O programa com maior número de alunos é também o mais antigo. O mestrado em Engenharia Mecânica foi criado em 1969. Em 1981, surgiu o doutorado. Até agora, 1.256 pessoas concluíram os cursos na UFSC. Hoje, são matriculados 217 no mestrado e 116 no doutorado.

De acordo com o professor Eduardo Alberto Fancello, coordenador do programa de pós-graduação em Engenharia Mecânica, vários fatores contribuíram para a conquista. Entre eles, a produção científica veiculada em periódicos de alto impacto em nível internacional e o corpo docente diversificado. Dos três campeões, o programa de Farmacologia é o mais recente e já formou 205 pessoas. O mestrado acadêmico foi implantado em 1991. Cinco anos depois surgiu o doutorado e, no ano passado, o mestrado profissional.

Para o coordenador Antonio de Pádua Carobrez, o programa é produtivo em termos de dados experimentais gerados e publicações em revistas internacionais. Além disso, oferece ações de solidariedade na formação de profissionais, dá suporte para a inserção nacional e internacional dos alunos e tem trabalhos apresentados em reuniões científicas.

Um curso no Estado obteve conceito abaixo do mínimo

Outras seis no Estado alcançaram a segunda melhor nota. Todos os programas também pertencem à UFSC: Ciência de Engenharia de Materiais, Direito, Engenharia Elétrica, Engenharia Química, Linguística e Recursos Genéticos Vegetais.

Entre os programas que só oferecem mestrado, a nota máxima é cinco. Neste quesito, SC possui duas instituições com conceitos de excelência e que também são campeãs: a Universidade do Vale do Itajaí (Univali), com o programa de Turismo e Hotelaria, e a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), com Produção Vegetal. Dos 4.009 cursos – que compõem 2.718 programas de pós-graduação – analisados no Brasil, 85 (2,1%) não alcançaram a nota mínima, que é três.

Em SC, dos 112 programas analisados, apenas um ficou abaixo do conceito mínimo. A instituição não teve o nome divulgado.

Professores qualificados

Spinelli diz que estrutura física foi avaliada pelo MEC

Spinelli diz que estrutura física foi avaliada pelo MEC

Nas últimas quatro avaliações trienais da Capes, o programa de pós-graduação em Química da UFSC conquistou três notas máximas e uma nota seis. O segredo do desempenho, segundo o coordenador Almir Spinelli, é poder contar com um corpo docente altamente qualificado. Desde 1998, todos os 35 professores possuem título de doutor.

– Mais da metade do nosso quadro tem formação no exterior. E 80% dos professores se dedicam exclusivamente ao programa. Temos orgulho da nossa situação – diz o coordenador.

Para ele, a dedicação exclusiva dos professores contribui diretamente no número de trabalhos publicados. Nos últimos seis anos, o programa alcançou a média anual de 4,2 artigos por professor, número maior que a média nacional, que é de 2,4.

Outro destaque é a proposta do programa, voltada à formação de profissionais para atuar em instituições de ensino superior. De acordo com Spinelli, a estrutura física também foi enfatizada na avaliação. São 40 salas individuais para professores e 40 laboratórios, além da parte administrativa e a Central de Análises.

O curso de mestrado em Química iniciou em 1971. Em março de 1988, foi criado o programa de pós em Química, com mestrado acadêmico e doutorado. Até agora foram diplomados 760 estudantes, sendo 516 mestres e 244 doutores.

Resultado de Santa Catarina

Com nota azul e sem estrelinha

Joinville

Em Joinville os nove cursos de mestrado recomendados pela Capes estão com conceito regular. Eles ganharam notas que variam entre 3 e 4. Os índices são suficientes para manter o credenciamento no MEC, mas ainda não garantem aquele conceito máximo com estrelinha.

Três instituições e nove cursos da região Norte passaram pelo processo. A Capes analisou a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), a da Região de Joinville (Univille) e o Instituto Superior Tupy (IST), da Sociesc. A maior parte dos cursos foi criada recentemente, antes da última avaliação da Capes, em 2007.

O destaque da pós-graduação em Joinville, segundo o balanço, é a Udesc. O mestrado profissionalizante em engenharia elétrica subiu de nota 3 para 4, ficando entre os cinco melhores do país. O mestrado acadêmico em ciências dos materiais manteve a média 4. Para o diretor de pesquisa e pós-graduação, César Edil da Costa, a instituição está no caminho certo.

– Obtivemos boas notas e estamos investindo para melhorar ainda mais. Com conceito 4, podemos pensar na criação de um doutorado em elétrica, por exemplo – destaca.

O curso de Física conseguiu a mesma avaliação de 2007 – nota 3. No IST/Sociesc, os mestrados profissionalizantes em engenharia de produção e engenharia mecânica passaram pela primeira avaliação e ficaram com nota 3.

– Quando um curso inicia, ou ele não é aprovado, ou fica com nota 3. Por isso, para nós, trata se de um resultado normal. Não tivemos tempo suficiente para acumular resultados que nos garantissem um conceito mais alto – explica o diretor de pesquisa e extensão tecnológica, Edgar Augusto Lanzer.

Dos três mestrados avaliados na Univille, um preocupa: o de saúde e meio ambiente. Credenciado há dez anos, ele está com nota 3, a mesma de 2007, considerada baixa para cursos antigos, e conceito mínimo para manter o credenciamento.

MELISSA BULEGON – melissa.bulegon@diario.com.br