“Falta de limites interfere nas questões éticas”

Foto: Thaine Machado/ Bolsista de Jornalismo na Agecom
“Vivemos num mundo onde tudo é possível, onde qualquer tipo de limite é visto como autoritário, e acabamos perdendo a noção da democracia, da ética”, disse. Como exemplo, citou os campos de concentração na Segunda Guerra Mundial, onde nazistas faziam o que queriam com prisioneiros, sem obedecer a leis, limites ou a um código de ética. “Lá tudo era possível, e vejam o que aconteceu”, completa.
Sobre a questão da ética na Universidade, a professora disse que embora não esteja há muito tempo na UFSC, não vê melhoras. Jeanine criticou a falta de discussão curricular, a dificuldade na liberação de verbas e a maneira como as decisões são tomadas. “Nunca ninguém nos pergunta nada, pelo menos não a mim, é impossível participar”, afirmou.
A professora encerrou a palestra alertando que vivemos um momento crítico e pouquíssimo discutido, no qual temos cada vez menos possibilidade de alterar as decisões que afetam a nossa vida, e elogiou a iniciativa do seminário por proporcionar essa reflexão.
Mesa-redonda
Nilto Parma, da Procuradoria Federal junto à UFSC, abriu a mesa-redonda ´As diferentes visões de Ética na UFSC`, às 16h, falando sobre o avanço que a abertura do fórum significou para a Universidade e sobre o papel desempenhado pela procuradoria. Ele explicou que embora não seja um órgão de controle, a procuradoria é responsável por avaliar e julgar atos que possam significar uma afronta ao código de ética e aos deveres e direitos dos servidores.
Em seguida, Carlos Rogério Tonussi, representante da Comissão de Ética no Uso de Animais, falou sobre a Comissão, que existe há 10 anos com 15 membros de diferentes centros da UFSC, e sobre os principais objetivos: tornar a preocupação com o bem-estar do animal de experimentação a premissa básica do pesquisador, seguindo o princípio dos três R’s (do inglês, Replace, Refine, Reduce- Substituir , Refinar e Reduzir). Entre os desafios da Comissão, estão conflitos com os pesquisadores e a dificuldade de mudar comportamentos.
O representante do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, Washington Portela de Souza, afirmou que o Comitê representa os “sujeitos de pesquisa”, conforme o Código de Nuremberg – conjunto de princípios éticos que regem a pesquisa com seres humanos, criado após o Julgamento de Nuremberg, consequência da Segunda Guerra Mundial, que sentenciou aqueles que realizaram experimentações em prisioneiros. Um dos exemplos citados por Washington Portela de Souza foi relacionado a pesquisas realizadas sobre a malária no Brasil: os pesquisadores pagavam R$ 30 mensais a quem se sujeitasse a picadas de mosquitos, para observar a contaminação/resistência a doença. Ele finalizou lançando uma pergunta: “quanto vale correr esse tipo de risco?”.
Paulo Roney Ávila Fagundez, da Comissão de Ética Pública, encerrou a mesa-redonda defendendo que a Universidade deve produzir conhecimento imprescindível para a sociedade, e não para um grupo limitado de pessoas.
Por Marília Marasciulo/ Bolsista de Jornalismo na Agecom