Educação do Campo da UFSC tem vestibular neste domingo
Ostentando um índice de candidatos por vaga considerado alto entre as licenciaturas – 5,68 – o curso de Educação do Campo da UFSC realiza neste domingo, das 14h às 18h, seu concurso vestibular. Os 284 candidatos – além de outros 42, que realizam o concurso por experiência – disputam as 50 vagas em cinco cidades: Florianópolis, Araranguá, Canoinhas, Chapecó, Curitibanos e Joinville. As provas são de Conhecimentos Gerais (20 questões objetivas), Língua Portuguesa (10 questões também objetivas) e Redação.
Oferecido desde 2009, o curso é um dos 13 em todo o Brasil que se debruça exclusivamente sobre o estudar e o viver no campo. “Não pensamos só na escolarização, mas também em estimular a reflexão a respeito das condições de vida no meio rural, a fim de se promover melhorias”, explica a professora Beatriz Collere Hanff, coordenadora do curso.
A preocupação é urgente. “O que mais se planta no Brasil? Cana-de-açúcar, soja e milho: esses produtos não são a base da nossa alimentação. Precisamos mostrar aos que trabalham na agricultura familiar, responsáveis por cultivar feijão, arroz, legumes e frutas, que é possível viver da terra”, defende a professora.
Os aprovados devem ser preferencialmente das regiões rurais – mais uma forma de evitar a evasão do campo – ou ter disponibilidade para cumprir os oito semestres no que se convencionou chamar de Pedagogia da Alternância: as semanas letivas são divididas entre o Tempo-Universidade e o Tempo-Comunidade, que conciliam teoria – no campus da UFSC, em Florianópolis – e prática – na comunidade rural apontada pelo aluno. A licenciatura formará professores que podem atuar no ensino fundamental e médio nas áreas de Ciências da Natureza e Matemática, e Ciências Agrárias.
A Pedagogia da Alternância prevê que depois da primeira parte teórica o estudante siga para o campo e comece a segunda etapa do semestre, dando início ao diagnóstico da comunidade – momento no qual analisa cinco itens: produção agrícola, meio ambiente, políticas públicas, sujeitos e educação.
Em seguida, o aluno volta para a universidade, aprofunda conhecimentos e retorna à comunidade para completar o diagnóstico. Ao final de cada semestre ocorre a elaboração de relatório – que contempla a organização dos dados coletados e seu cruzamento com a teoria vista em sala de aula. No decorrer do curso o estudante busca a elaboração – com a cooperação de órgãos como prefeitura e Secretaria de Educação, além de movimentos sociais e da própria comunidade – de planos de ação coletivos.
O curso vem combatendo algo que se tornou mais comum nos últimos 15 anos: a nucleação – o fechamento de escolas rurais e o deslocamento de alunos para as escolas das cidades, que traz como consequência a formação desses indivíduos para o meio urbano. “O problema é que a escola não funciona apenas como referencial de certificação, mas principalmente como ponto de difusão de cultura: é nesse ambiente que as mães se reúnem, os eventos da comunidade são organizados e as informações são socializadas”, esclarece Beatriz.
O curso acaba indo além da graduação e mesmo da vontade de se estimular a permanência no campo com qualidade de vida. A coordenadora exemplifica: “Um de nossos alunos verificou que a comunidade onde trabalhava contabilizava sete escolas rurais, de acordo com a prefeitura. Depois do estudo, a própria prefeitura constatou que esse número era bem maior: 14 eram os estabelecimentos voltados para o ensino às crianças e adolescentes do campo. Esse reconhecimento sócio-político faz toda a diferença, tanto por se valorizar mais as pessoas e a cultura provenientes do meio rural quanto em relação ao repasse das verbas”.
Informações: Coperve – 3721-9200, www.vestibular2010.ufsc.br/educacaodocampo ou com a professora Beatriz Hanff: 3721-9905.
Por Cláudia Schaun Reis/ Jornalista na Agecom



























