Representante do MEC faz palestra sobre o novo modelo de gestão dos HUs
Aconteceu na última quinta, 20/05, no auditório do Hospital Universitário (HU) da UFSC, a palestra do representante do Ministério da Educação (MEC) Marcelo Takatsu sobre o projeto Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU). Membro do comitê gestor do projeto, ele falou sobre a implantação de um único modelo de gestão na rede de HUs federais. Por mais de duas horas, explicou as origens, objetivos e o andamento do AGHU que pretende interligar hospitais de todo pais através de um software livre.
O projeto surgiu em 2009, a partir do Programa Nacional de Reestruturação de Hospitais Universitários (REHUF), que avalia os recursos e a infraestrutura dos HUs.
O primeiro relatório do programa, que foi elaborado com a ajuda da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais (Andifes), revelou 1.124 leitos desativados devido à falta de pessoal, e a acumulação de dívidas. Preocupado com esses dados, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a criação de um modelo de gestão para 46 Hospitais Universitários do país.
Há 23 anos no Departamento de Tecnologia da Informação do MEC, o palestrante explicou que não adianta captar dados dos HUs e tentar resolver as suas deficiências se as formas de trabalho são diferentes. “A tendência inicial é reunir todos os envolvidos numa sala para escolher uma opção de gerenciamento, mas seria muito difícil chegar num consenso”, contou. O MEC indicou o desenvolvimento de um modelo e de um sistema de informação com base no Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA), escolhido como hospital referência desde 1998. A partir da escolha, o sistema de Gestão Hospitalar do HCPA foi aberto, discutido e aprimorado para a criação do software que vai reunir e organizar os procedimentos e informações dos HUs.
Isso sem esquecer que o processo é colaborativo, ou seja, conta com a participação de outras unidades. “O Ministério da Educação escolheu um padrão inicial que não vai ser imposto. Cada diretor pode se sentir dono do projeto e adaptá-lo às suas necessidades, mas há um limite: não será possível modificar alguns princípios centrais do sistema” disse Takatsu. A restrição obriga os Hospitais Universitários a adotarem alguns procedimentos idênticos, a fim de facilitar a comunicação entre eles.
Para planejar e acompanhar a elaboração e a implantação do AGHU, o MEC criou um Comitê Gestor composto por representantes próprios, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, reitores e diretores de Hospitais Universitários.
A primeira etapa do projeto foi a documentação do modelo do HCPA. A partir dela foi possível identificar os módulos de trabalho e organizá-los dentro do software. O palestrante explicou que modularizar os processos de um hospital é uma tarefa difícil. “O que vocês aqui em Santa Catarina incluem em um setor, lá no Rio de Janeiro eles podem colocar em outro”, completa.
A previsão para que o programa esteja disponível no site do Governo Federal é junho deste ano. O primeiro pacote incluirá os módulos de admissão do paciente e internação, em que serão incluídas as informações do usuário. O segundo, previsto para novembro, vai incluir a prescrição médica. A implantação acontecerá por setores, partindo dos mais simples até chegar aos mais complexos, como a UTI. Mas, como alertou Marcelo Takatsu, “antes de instalar o software e introduzir o modelo de gestão é preciso promover uma reforma nos Departamentos de Tecnologia de Informação dos Hospitais Universitários e preparar os funcionários para lidar com a nova forma de trabalho”. Só em servidores, o MEC vai gastar R$1 milhão e 200 mil em cada hospital. O número de computadores novos varia conforme a estrutura do local. O HU da UFSC receberá 395 novas estações de trabalho, enquanto algumas unidades do Nordeste vão receber mais de 2.000. Os cursos de preparação das equipes que participam do desenvolvimento do AGHU duram um mês e estão acontecendo simultaneamente em vários HUs. Depois acontecem os estágios de capacitação.
Segundo avalia o representante do MEC, a fase de implantação será a mais complexa: “Teremos que ir até os hospitais, mudar o modelo de trabalho das pessoas e fazer a integração do sistema antigo com o novo”.
Ao terminar a palestra, Takatsu foi questionado pelos funcionários presentes sobre a fragmentação dos processos de trabalho. O palestrante defendeu que “se deve começar de algum lugar. O software completo, com todos os módulos, só estará disponível daqui a cinco anos”. O ex-diretor do HU da UFSC e vice-reitor da Universidade, professor Carlos Alberto Justo da Silva (Paraná), defendeu o projeto: “A grande vantagem do AGHU é que é um software livre. E a partir dele podemos criar um banco de dados e ter acesso aos bancos das outras universidades. Não é um canivete suíço, ou seja, não abrigará todos os módulos, mas não significa que no futuro não se criem outros programas mais completos que vão interagir com este”.
O sistema vai criar uma rede de compartilhamento de informações. A nova metodologia possibilitará que entre todos os HUs circule um único prontuário eletrônico do paciente, permitindo que ele faça o exame em um hospital e seja atendido em outro sem apresentar novamente a documentação.
O primeiro HU a usar o novo sistema será o de Curitiba, em junho. As unidades foram divididas em levas e a seleção segue critérios como estruturas de tecnologia, tamanho e a facilidade de integração do modelo usado. As unidades menores e mais modernas serão as primeiras da lista. O Hospital Universitário da UFSC está no segundo grupo, que deverá implantar os primeiros módulos em setembro.
Mais informações: www.hu.ufsc.br
Por Ingrid Fagundez/ Bolsista de Jornalismo na Agecom
Fotos: Paulo Noronha/ Agecom