Projeto do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos valoriza derivados da abóbora

21/05/2010 11:43

Cultivada há cerca de dez mil anos, as abóboras são fontes de vitamina C, carotenóides, cálcio, ferro e fósforo, entre outros compostos nutricionalmente importantes. Hoje em dia, são consumidas em diversos países como legume ou sobremesa. Suas sementes, muito ricas em óleo e proteínas, são approveitadas em quantidades expressivas na Grécia como aperitivo, e na Nigéria são fermentadas e empregadas em um produto local denominado “ogiri”, ingrediente para vários alimentos. O óleo das sementes, com alta quantidade de ácidos graxos insaturados e vitamina E, é comumente usado na Eslovênia, Hungria e nas regiões sul da Áustria.

No Brasil, a cultura desta hortaliça está ligada ao consumo de mesa, in natura, pouco industrializada e subutilizada. Desconsidera-se o emprego das cascas ou sementes, e a polpa, que constitui mais de 80% dessas hortaliças, pode ser apreciada em novos produtos ainda desconhecidos pelo mercado. O aproveitamento integral da abóbora visando sua valorização no mercado, na produção de salgadinhos de sementes do tipo snacks, farinha e polpa, é o objetivo de um projeto da UFSC. O estudo é coordenado pela professora Edna Regina Amante, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos do Centro de Ciências Agrárias.

Implantado em 2007, o trabalho avaliou a viabilidade técnica e econômica para a valorização do potencial tecnológico da matéria prima no município de Ponte Alta – SC, um dos grandes produtores de abóbora em Santa Catarina. As ações foram desenvolvidas junto ao Programa de Apoio às Agroindústrias, do Laboratório de Frutas e Hortaliças da UFSC, com a ajuda do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A proposta é atuar com produtos ou subprodutos que hoje não têm muito valor e seriam até mesmo descartados. “O motivo para trabalhar com a abóbora, ou moranga, está sua baixa valorização. Sendo Ponte Alta a capital da moranga, a Universidade pode ajudar no desenvolvimento de produtos com maior valor agregado do que os tradicionais, que tragam mais renda ao município, mais empregos, e alimentos para os consumidores”, explica a coordenadora.

Ela lembra que em todo o mundo, sementes de abóbora são conhecidas como importantes fontes de nutrientes e propriedades medicinais. No entanto, elas predominam como resíduo na produção de geléias em regiões com carência nutricional. Além disso, a proteína das sementes poderiam ser usadas em formulações de derivados de carne, melhorando a sua qualidade nutricional e reduzindo custos.

Nos processos previstos pelo projeto, a polpa é separada das sementes sem danificá-las, uma vez que irão constituir matéria prima para os snacks. A polpa é formulada de modo a adequar a sua viscosidade para o mercado, onde poderá ser destinada para diferentes produtos. . O mercado para esse produto é muito amplo, passando por cozinhas institucionais, restaurantes, hotéis e redes de supermercados.

Além disso, para 3.500 kg/dia de abóbora cozida, pode-se a produzir entre 175 e 350 kg de farinha, que pode ser comercializada para a elaboração de sopas instantâneas e pães especiais, na forma de mix com a farinha de trigo.

A tecnologia desenvolvida pelo Laboratório de Frutas e Hortaliças da UFSC permite ainda o amaciamento da semente para facilitar o consumo, salgado, como snacks ou revestido como confeito de café, chocolate ou outra cobertura.

De acordo com dados do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, Ponte Alta possuía 23 estabelecimentos agropecuários na safra 2002-2003 e produziu 1.845,5 toneladas de abóbora. Considerando o incentivo que este projeto oferecerá ao cultivo da hortaliça naquele município e na região, a análise econômica do projeto considerou a produção de 2.000 toneladas por safra, com a possibilidade de até duplicar esta produção.

Mais informações: (48) 3721-5371 / e-mail: eamante@cca.ufsc.br

Por Natália Izidoro / Bolsista de Jornalismo na Agecom

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