Professor da UFSC coordena edição de guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil

05/05/2010 18:14

“Já escovou os dentes, meu filho?”. Na maioria dos lares brasileiros, essa frase é comum após as refeições em família. O que poucos sabem é que essa consciência coletiva de higiene bucal teve origem em 1953, no Brasil. Foi nesse ano que o fluoreto (F) começou a ser agregado no tratamento das águas de abastecimento público do país, ação que é conhecida como “fluoretação”.

Quase 50 anos depois, em 2006, essa política pública já beneficiava cerca de 100 milhões de brasileiros, mas muitos profissionais da área da saúde ainda hoje possuem dúvidas sobre a correta utilização dos fluoretos. Para que se ampliem as informações sobre o seu uso racional, o Ministério da Saúde, em parceria com profissionais de ensino, pesquisa e extensão universitária, coordenados pelo professor Marco Aurélio Peres, do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), lançou o ´Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil`.

O fluoreto é a forma iônica do elemento químico flúor e um grande aliado na redução da cárie dentária. Se você nem sabia que a água tratada possui fluoretos, e que indiretamente já está se prevenindo contra a cárie sempre que a utiliza, provavelmente se lembra de algum dentista lhe pedir para bochechar uma solução, passar algum gel ou verniz com flúor. Mas a importância do fluoreto não se restringe a esses casos e seu uso tem início no século passado.

O livro contextualiza a primeira medida adotada no mundo para a implementação do elemento. Ela ocorreu nos Estados Unidos e no Canadá, entre 1945 e 1946. No primeiro país, a fluoretação foi considerada uma das dez medidas de saúde pública mais importantes do século XX. Lá, duas em cada três pessoas consomem água fluoretada.

O Brasil não está muito atrás. A publicação mostra que o país tem o segundo maior sistema de fluoretação do mundo. Em 2009, quando o livro foi produzido, era o terceiro país em consumo per capita de dentifrícios, atrás apenas dos Estados Unidos e Japão. E é justamente esse número expressivo que preocupa os profissionais que pesquisam o uso do fluoreto, já que muita exposição ao elemento pode causar a fluorose dentária, reconhecida pelas manchas esbranquiçadas que aparecem no dente.

Além do contexto histórico, a publicação detalha uma série de medidas indicadas pelo Ministério da Saúde que, quando utilizadas pelos profissionais clínicos, são eficientes no combate à cárie sem que o uso dos fluoretos se torne prejudicial. Quantidades certas da substância, real eficiência de ações, técnicas, vantagens, desvantagens e indicações para os profissionais da área da saúde não faltam no guia. A expectativa é de que as informações não se limitem a esta edição, organizada com a colaboração de pesquisadores da USP, Unicamp, PUC/PR e Universidade de Londres. Os autores desejam que esta primeira versão cumpra a sua finalidade e esperam atualizá-la periodicamente.

O livro está acessível na íntegra na internet

Mais informações com o professor Marco Aurélio Peres, fone (48) 3721-9388, e-mail: ros@ccs.ufsc.br