Museu da UFSC propõe diálogo sobre uso científico da cultura indígena nesta quinta
A discussão sobre a ética na relação entre a comunidade científica e as comunidades indígenas na apropriação dos elementos de sua cultura para estudo ou exposição pública está em pauta em todo mundo. Nesta quinta-feira, dia 20, às 15h30min, no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, da UFSC, a busca de uma conduta acadêmica mais transparente, respeitosa e solidária reúne pesquisadores, museólogos e representantes da comunidade Guarani em torno da mesa-redonda “Retorno de coleções museológicas às comunidades de origem”.
Promovido pelo museu, ligado à Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, o debate ocorre em adesão aos eventos alusivos à 8ª Semana de Museus, sob o lema Museus para a harmonia social, em razão do Dia Internacional de Museus, comemorado em 18 de maio. Vai tratar principalmente do direito das comunidades indígenas de terem retorno sobre o destino dado pelos pesquisadores brancos aos elementos de sua cultura e de se posicionarem sobre a exposição pública de seus objetos de cunho religioso ou etnográfico.
Participam da mesa Hans Peder Behling, doutorando e mestre em Ciências da Linguagem pela Unisul e professor universitário dos cursos de Comunicação Social da Furb e Univali; Aldo Litaiff, doutor em Antropologia, pesquisador do Museu da UFSC e Leonardo Vera Tupã, representante da comunidade Guarani de Santa Catarina. Uma das medidas propostas para promover uma troca mais igualitária entre as culturas é a formação de um banco de dados digital com as informações etnográficas coletadas pelos pesquisadores brancos, que possa ser compartilhado e criticado pelas nações indígenas. O projeto permitirá, assim, a transferência das informações culturais para as comunidades de origem.
A iniciativa da comunidade acadêmica em busca do diálogo e de uma conduta menos etnocêntrica foi provocada pelos próprios índios, que no Canadá reivindicaram ao governo a restituição de objetos de rituais sagrados e questionaram a interpretação atribuída a eles. “Trata-se de cuidar da recontextualização desses elementos e de entrar em acordo com os atores a quem pertencem sobre a decisão de expô-los e de como expô-los”, explica Aldo Litaiff, que até o final do ano publica o primeiro livro sobre mitologia Guarani, composto por narrativas colhidas durante dois anos em aldeias do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo.
Informações: 3721-9459 e 9911-0524; raquelwandelli@reitoria.ufsc.br; www.secarte.ufsc.br
Por Raquel Wandelli/ Jornalista SeCarte/UFSC
Fotos: Lucas Sampaio