Especial Pesquisa: projeto apoia implantação de unidade de conservação em Imbituba

21/05/2010 09:34

Equipe em campo e com a comunidade

Equipe em campo e com a comunidade

Em parceria com a Associação Comunitária Rural de Imbituba (Acordi), a UFSC desenvolve pesquisas para colaborar com a criação de uma unidade de conservação na região de Imbituba: a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Areais da Ribanceira (RDS), planejada para auxiliar as populações tradicionais, incentivando o uso de meios sustentáveis de exploração.

O apoio da UFSC surgiu a partir do contato da Acordi com professores do Departamento de Ecologia e Zoologia. A expectativa da comunidade é obter ajuda para a implementação da unidade em uma região que sofre intensa pressão da expansão urbana sobre um ecossistema de restinga bastante frágil.

A atuação da UFSC tem foco na etnobotânica, que é o estudo da interação entre pessoas e plantas, e na etnoecologia, que foca os meios de produção de populações tradicionais. A pesquisa vai permitir estudos para levantar o conhecimento que os moradores têm e fazem das plantas nativas, além do manejo que fazem da paisagem por conta da produção agrícola realizada na área há centenas de anos.

A meta é sistematizar informações para a construção participativa de diretrizes para o uso, manejo e conservação de espécies de importância social e econômica que se desenvolvem na área da unidade de conservação. Serão especialmente estudadas plantas medicinais nativas e o butiá, que há anos é explorado na região. Estão também previstos estudos com a mandioca, principal espécie cultivada na produção agrícola da região. Este ano a Acordi inaugura uma unidade de processamento da mandioca.

Significado cultural e econômico

“O conhecimento e uso de plantas medicinais possui valor terapêutico e como fonte de recursos econômicos, podendo aliar a conservação da biodiversidade ao desenvolvimento sustentável”, explica uma das coordenadoras da pesquisa, professora do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, Natalia Hanazaki.

Segundo ela, a universidade vai colaborar com a pesquisa sobre o significado cultural e econômico associado ao uso das plantas e reconhecer as oportunidades e ameaças que envolvem estes recursos. Será feito um levantamento geral, apontando localização, benefícios e usos, buscando formas de garantir melhores condições de vida para comunidades tradicionais.

No caso do butiá, por exemplo, apesar da exploração ser realizada há anos, nunca houve uma sistematização sobre sua ocorrência, usos e possíveis impactos causados pela extração dos frutos.

Levantamento etnobotânico e oficinas

As pesquisas serão realizadas em cinco comunidades que usam a área da futura Reserva de Desenvolvimento Sustentável Areais da Ribanceira: Divinéia, Aguada, Barranceira, Vila Esperança, Morro do Mirim.

O projeto será desenvolvido em diferentes etapas: levantamento etnobotânico (coleta de plantas e de informações sobre seu uso); avaliação da disponibilidade ambiental do butiá; investigação das práticas de manejo das plantas medicinais nativas; construção participativa de diretrizes de uso e conservação; divulgação e retorno dos resultados para os moradores.

O trabalho deve resultar em um relatório técnico direcionado às associações locais de agricultores e pescadores. Será também produzido material ilustrativo, divulgando os conhecimentos tradicionais, para ser distribuído para a população.

As pesquisas foram aprovadas no Edital Universal, financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e CNPq. É uma parceria entre UFSC, Associação Comunitária Rural de Imbituba e o projeto Global study on community empowerment for in situ conservation of plant genetic resources for food and agriculture (Estudo internacional comparativo sobre empoderamento em conservação in situ de recursos genéticos vegetais para alimentação e agricultura).

O trabalho terá suporte de três dissertações de mestrado executadas junto aos programas de pós-graduação em Ecologia e em Biologia Vegetal da UFSC, além de um projeto conclusão do Curso de Biologia.

Sobre a unidade de conservação

A proposta de criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável dos Areais da Ribanceira foi apresentada pela Associação Comunitária Rural de Imbituba, em agosto de 2005. O objetivo é promover a conservação dos recursos naturais e seu uso consciente, garantindo a permanência das populações tradicionais na área.

Os Areais da Ribanceira estão localizados num ambiente costeiro de restinga, que possui como característica alta diversidade de espécies, fisionomia e estrutura, e também uma fragilidade natural devido principalmente à frequência do vento, intensa luminosidade e baixa concentração de nutrientes no solo. O ambiente também é pressionado pela especulação imobiliária e extração de areia.

Imbituba já faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, criada no ano 2000 para proteger a Baleia Franca Austral. A APA cobre uma área de mais de 150 mil hectares de águas costeiras entre os municípios de Florianópolis e Balneário do Rincão, ao longo de cerca de 130km de costa.

Mais informações com os professores Nivaldo Peroni, e-mail peronin@gmail.com / Fone: (48) 3721- 4741 e Natalia Hanazaki, e-mail: natalia@ccb.ufsc.br / Fone: (48) 3721-9460

Por Vinicius Schmidt (Bolsista de Jornalismo na Agecom) e Arley Reis (Jornalista da Agecom)

Fotos cedidas pela equipe da pesquisa

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