Professor mostra a transformação dos Tupamaros no Uruguai

14/04/2010 13:38

O palestrante José Pedro Cabrera Cabral

O palestrante José Pedro Cabrera Cabral

A plateia presente na terceira manhã das Jornadas Bolivarianas, evento que acontece no auditório da Reitoria da UFSC, conheceu em detalhes a gênese, as principais ações e as transformações experimentadas pelo Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, que surgiu nos anos 60 no Uruguai e hoje tem um ex-comandante – José Mujica – na presidência da República. Organização de guerrilha armada cujo nome homenageia o revolucionário inca Tupac Amaru, o MLN-T se notabilizou pela série de assaltos a bancos e sequestros políticos, gerando uma repressão oficial que recrudesceu após o golpe de estado e durante a ditadura do presidente Juan Maria Bordaberry, a partir de 1973.

O palestrante da manhã desta quarta-feira, dia 14, foi José Pedro Cabrera Cabral, professor da Universidade Federal de Tocantins (UFT), que mostrou as diferentes etapas da trajetória dos Tupamaros, cuja luta em defesa do socialismo ficou conhecida no mundo inteiro. Entre as ações espetaculares protagonizadas pelo grupo estão os sequestros do cônsul brasileiro Aloysio Dias Gomide e do norte-americano Dan Mitrione – este, morto com quatro tipos e abandonado numa rua de Montevidéu.

Depois das perseguições dos anos 70, os presos políticos foram sendo libertados na década seguinte e, aos poucos, se incorporando à vida social, como cidadãos comuns. A antiga ideia de criar um aparelho armado, na clandestinidade, deu lugar a críticas esparsas à nova democracia uruguaia e à criação de uma esquerda progressista que passou a disputar eleições com chances reais de vitória.

Já em 2004, dentro da coalizão da Frente Ampla, dois antigos tupamaros, José Mujica e Nora Castro, se tornaram líderes das duas casas do Congresso, e em 2009 Mujica foi eleito presidente do Uruguai.

Essa nova esquerda, diz o professor Cabrera Cabral, “incorporou o discurso da globalização e passou a negar o passado revolucionário”. A defesa da democracia liberal e a negação dos referenciais marxistas também caracterizaram esse movimento. Por fim, as reivindicações classistas foram abandonadas, e os antigos militantes decidiram propor uma nova utopia – a humanização do capitalismo.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom

Foto: Paulo Noronha