Marcos Laffin lança seu primeiro livro de poesia em Joinville

15/04/2010 10:14

O professor da UFSC Marcos Laffin lança nesta quinta-feira, 15/04, em Joinville, a obra “Tempo dentro do tempo”, integrado à coleção Ipsis Litteris, da Editora da UFSC. A apresentação acontece a partir de 19h30min, nas Livrarias Curitiba, Shopping Mueller, a partir das 19h30min. Laffin já foi pró-reitor de Ensino de Graduação da UFSC e teve atuação destacada em grupos de fomento à poesia e em projetos vinculados à produção e difusão literária.

Marcos Laffin nasceu em Jaraguá do Sul, morou em Joinville e reside na Capital. Atuou nos projetos culturais Poesia em Trânsito, Pão com Poesia, Poesia na Praça, Autores na Escola e Varal de Poesia. Também escreve em revistas, jornais e periódicos de literatura e participou de antologias, encontros de poetas e congressos de escritores.

Na apresentação do livro, o professor e crítico literário Lauro Junkes ressalta a maturidade do trabalho do autor, aprimorado por incontáveis reescrituras. “Estes poemas de Laffin, embora ainda estivessem retidos pela malha fina da consciência crítica do poeta, seguramente nada mais contêm de experimentalismo iniciatório”, escreve ele.

O crítico reforça sua convicção ao dizer que o próprio título do livro “denuncia a exiguidade sempre insatisfatória do tempo de escritura, do tempo de gestação e maturação do poema, tempo este que pode ser vislumbrado dentro do tempo”. No poema “Negação”, o autor escreve que “o tempo atento / empurra as madrugadas”. Em “Engenhos”, ele diz: “na margem à direita / águas de tempo e de ventos / curvam em dores” e “em outra margem / vaza um tempo amarelo / deitado em águas iguais”.

Lauro Junkes ressalta a vitalidade da linguagem poética em Marcos Laffin. “Embora se apresente a ‘palavra reclusa’, ela não deixa de ser ‘testemunho’, porque a palavra poética, por mais reclusa que seja, por mais disparidades que se interponham nas suas conexões e relacionamentos, por mais que ela se esquive de qualquer apreensão denotativo-racional, essa palavra nunca abdica da sua soberania mágica, do seu metamorfoseante poder transfigurador, da insubmissão a significados definidos ou a roteiros preestabelecidos”.

Serviço:

Lançamento: Tempo dentro do tempo

Marcos Laffin

Editora da UFSC – Coleção Ipsis Litteris

Mais informações com Marcos Laffin pelos fones (48) 3234-1020 e 9911-3355.

Leia mais nas palavras do autor:

Neste livro, o eixo que constitui – e ao mesmo tempo desequilibra espaços, palavras e significados – é o tempo. Segurar o tempo, na busca incerta de apreendê-lo, confrontou-me com diversos temas: a infância, o amor, o abandono, a fome, a guerra, o corpo, o riso, a dor, o amargo, o doce entre outras tantas entranhas que estão no mundo e que eu habitei.

Os poemas resultam de construções mediadas por palavras não domesticadas pelo tempo, por palavras resultantes das experiências humanas, experiências essas que se alteram no tempo e dialogam em movimentos plurais. Nesse entendimento, a leitura do mundo, das experiências humanas, é um trabalho que pode resultar em um leitor historicizado e que dinamiza no ato de ler outras experiências constituídas e constituintes da própria condição humana.

Desta forma, a poesia que emerge do poema, ao mesmo tempo em que se expõe se coloca em cavernas, para que o leitor as escave em descobertas no seu cotidiano.

Ao elaborar um poema considero a condição de percebê-lo como um lugar antes ainda não habitado, um terreno baldio; portanto, a leitura e a construção do poema lhe permitem um atributo essencial e indivisível: de terra fértil e de mistério. Para construir este livro, tempo dentro do tempo, enfrentei vários terrenos baldios, escavei as entranhas de suas possibilidades, e assim fui atribuindo significados àquilo que geralmente permanece encoberto, mas não invisível.

Nesse eterno trabalho de recomeçar, busquei domesticar as coisas que estão no mundo: uma palavra, um verso, e às vezes o poema inteiro, sabendo que um simples vendaval poderia destituir toda essa percepção. Assim fui trabalhando os poemas pela apreensão do momento, negaceando e negociando com o tempo e, com isso o tempo se fez sempre presente.

A condição humana enfrenta e constrói diálogos, há ambiguidades, há cruezas, pluralidades, simplicidades, certezas que assumem jeitos de se refazer. Com isso produzem-se novas possibilidades; com isso engendram-se novos mistérios. O que resulta é local nunca habitado e, depois de desvelado, incorpora e assume sua própria fênix.

Assim, o poema, por sua condição, vai forjando a poesia, que resulta em parte, da dialogia que faz com o leitor. Mesmo assim, há de existir o tempo.

Por Marcos Lafin

Publicações:

Participação em Antologias:

* Antologia SHOW DAS DEZ em Tempo de Poesia Ano II – 1984.

* Antologia POETAS BRASILEIROS DE HOJE – 1986

* Antologia FLORAÇÕES POÉTICAS – 1986

* Antologia UM TOQUE DE POESIA – 1986

* Indicador Catarinense de Escritores – 1993

Sanfonas das Edições Ipê:

* Seis Pedaços de Dois – 1986

* Seis Luas de Solstício – 1989

* Seis Marés de Água Viva – 1991

Livros:

• Estivador – Poesia, 1990. Ed. Ipê.

• De Contador a Professor: a trajetória da docência no ensino superior de contabilidade, 2005 Ed. IU/UFSC.

Leia também:

Análise de Rita de Cássia Alves, poeta escritora do Grupo Zaragata de Joinville:

Dentro do pouso, as asas do poeta!

Ler “tempo dentro do tempo”, de Marcos Laffin, é constatar que o tempo fora do poeta é o descanso das palavras. Laffin interioriza seus guardados poéticos no assento de versos e seus temporais.

Mas o homem sabe da impermanência dos bancos de jardim.

Estes perfilam-se como estrofes de uma solidão na qual o leitor se surpreende. Os poemas dentro do tempo agitam-se. Sem repouso, criador e criatura “carregam um porto nos braços”. Resistem porque o “corpo pássaro é pouso”.

As letras evocam águas, águias e leopardos: Laffin sabe-se interior nessas páginas urbanas. Seus escritos margeiam o cais e nos atropelam. Denunciam terrenos baldios nos quais o homem preenche o menino. A poesia do tempo de Laffin é imprevisível: seu mundo torna-se quando, apesar de. Em seu livro, a força lírica se sobrepõe aos vulcões e à indiferença dos lábios.

As estrofes sustentam as surpresas. Em cada poema, sons e sentidos nos aguçam a querer um porto seguro. Desejamos sentar e nos responder em pura contemplação. A obra de Marcos Laffin traduz o espanto carregado do belo, que nos atemporiza.