Inscrições para Olimpíada Regional de Matemática devem ser feitas até 4 de maio
“Esmeralda escreve 20.092 números inteiros em uma tabela com 2009 linhas e 2009 colunas, colocando um número em cada casa da tabela. Ela soma corretamente os números em cada linha e em cada coluna, obtendo 4018 resultados. Ela percebeu que os resultados são todos distintos. É possível que esses resultados sejam todos quadrados perfeitos?”. Para quem há tempos não se depara com um problema de matemática, a questão acima parece sem solução. Mas ela foi uma das perguntas que alunos de ensino médio, participantes da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), tiveram que solucionar ano passado. Aqueles que atingiram ou acertaram mais questões do que a nota de corte passaram para a etapa estadual, a Olimpíada Regional de Matemática (ORM).
As escolas públicas e privadas de Santa Catarina têm até o dia 4 de maio para inscrições. Várias instituições já começaram seus preparativos para a primeira etapa da prova, marcada para o dia 12 de junho. Muito antes disso, já no mês de fevereiro, os participantes do grupo PET de Matemática da UFSC se organizaram para as atividades relacionadas à olimpíada, como o encontro de professores das escolas participantes, em que são oferecidas oficinas de resolução de problemas e treinamentos gratuitos para alunos interessados em praticar questões da disciplina, duas vezes ao mês.
Tradicionalmente, seis professores do Departamento de Matemática da UFSC realizam as questões da segunda etapa da Olimpíada Regional, e são os bolsistas os responsáveis pela correção dessas questões. No ano passado, 446 alunos fizeram a prova, todas corrigidas pelos integrantes do PET.
Parece que este ano o 12 é o número da Olimpíada. Primeiro, por ser o dia que marca a primeira etapa. Isso porque o evento utiliza a primeira prova da Olimpíada Brasileira de Matemática para a seleção dos classificados para a segunda fase, essa sim produzida pelo PET da UFSC. Segundo, porque são 12 os participantes do PET, que colaboraram para 12 olimpíadas já concluídas ou que pela primeira vez estão programando a décima terceira, deste ano. E nesses 12 anos de caminhada, o evento só tem crescido. Se no primeiro ano, apenas sete escolas participaram da Olimpíada Regional, em 2009 foram oito pólos distribuídos pelas regiões com maior participação do Estado – um total de 185 escolas em 58 municípios catarinenses.
Mas não é só de números que a produção da olimpíada é feita. O professor José Pinho que o diga. Coordenador do PET-Matemática, formado em Física, exibe a última edição da Revista da Olimpíada Regional de Matemática e comenta a evolução do profissional e do aluno que trabalham a disciplina. “Já tivemos 100, 200 alunos que vinham com os professores até o curso de Matemática para o treinamento oferecido pelos bolsistas. Agora a procura diminuiu, porque muitos treinamentos estão sendo feitos nas próprias escolas”. Essa mudança é incentivada na revista, que reúne problemas e suas soluções, artigos, curiosidades, dados do evento e mais: pelas 102 páginas da publicação, são mostradas boas soluções dadas pelos alunos para os problemas da olimpíada; diferentes caminhos que não haviam sido pensados pela própria organização do evento. “O objetivo da Olimpíada é fazer o aluno parar para pensar”, sintetiza Pinho.
A ORM também ajudou muitos estudantes catarinenses que se destacaram ao longo das participações. Alunos como Gustavo Empinotti e Renan Henrique Finder provavelmente não esquecem das pontuações que despertaram o interesse do colégio Etapa, de São Paulo. José Pinho, ao menos, lembra bem dos participantes e de suas conquistas. O primeiro começou a participar das olimpíadas Regional e Brasileira de Matemática em 2005, quando ainda estava no nível 1, destinado a alunos de 5ª e 6ª série. No primeiro ano, já ganhou medalha de prata na etapa brasileira e medalha de ouro na regional. Agora, no terceiro ano do ensino médio, o estudante de Florianópolis tem na bagagem uma medalha de bronze na Olimpíada de Matemática do Cone Sul, realizada em 2008, no Chile, além de um prêmio na Romênia pelos acertos. Tudo isso lhe rendeu a oportunidade de assistir a disciplinas de cálculo na UFSC, além de lhe proporcionar uma bolsa de estudos no colégio Etapa.
Para Finder, florianopolitano que se mudou para Joinville, a história foi parecida. “O mesmo colégio o roubou”, brinca Pinho. Na primeira participação em uma das olimpíadas regionais, em 2002, o aluno foi premiado com uma medalha de ouro, a primeira de uma série de cinco de mesmo peso até ano passado, conquistadas na Olimpíada Brasileira e na do Cone Sul (no Uruguai). Mas não parou por aí. As medalhas de prata também fazem parte das conquistas. Elas foram adquiridas na Olimpíada Iberoamericana de Matemática, no Brasil e México, e na Olimpíada Internacional de Matemática, na Espanha e Alemanha.
Quem já acompanhava os treinamentos da Olimpíada Regional pelo site do evento percebeu uma novidade para este ano: agora eles foram gravados e podem ser acessados via internet. Oito questões dos três níveis (5ª e 6ª séries, 7ª e 8ª séries e ensino médio) fazem parte da primeira vídeo-aula produzida pelo PET. Os vídeos são mais uma alternativa para que o evento se popularize e motive outras escolas a se inscreverem na competição. José Pinho acredita que o desafio é estimulante e, o evento, uma chance para mudar a visão dos alunos que temem a disciplina presente em todo o ensino fundamental e médio.
Outras informações pelo telefone (48) 3721-6809 ou pelo site www.pet.mtm.ufsc.br.
Por Claudia Mebs Nunes / Bolsista de Jornalismo na Agecom