Professor Sérgio Medeiros assume direção da Editora da UFSC
O professor Sérgio Luiz Medeiros, do Centro de Comunicação e Expressão, assumiu nesta segunda-feira, dia 1º, a direção executiva da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUFSC), em substituição a Luiz Henrique de Araújo Dutra. Com mestrado e doutorado em Letras (Teoria Literária e Comunicação Comparada) na Universidade de São Paulo (USP) e estágios na França (Sorbonne) e nos Estados Unidos (Stanford University), Medeiros está disposto a dar um tom mais cosmopolita e universal ao catálogo da editora, da qual já fazia parte como conselheiro editorial. “Queremos publicar grandes nomes da cultura e da pesquisa do Brasil e do exterior, permitindo que a tradição local dialogue com o nacional e o internacional”, diz.
Para dar à linha de trabalho da editora um foco predominantemente contemporâneo, Medeiros pretende aproveitar os contatos que mantém com autores e editoras de outros estados e países. Ele possui um trânsito muito intenso nos Estados Unidos, por exemplo, onde colabora com revistas de literatura e onde pretende publicar um livro de poemas ainda este ano. Como professor e pesquisador, também costuma publicar artigos e ensaios em veículos da grande imprensa brasileira. E, na condição de autor, tem proximidade com editoras como a Cia. das Letras, Iluminuras e Edusp.
Um de seus objetivos é publicar grandes autores e traduções que satisfaçam não apenas aos professores, mas aos estudantes da UFSC, que estão cada vez mais conectados com o que acontece na cultura e na pesquisa em todo o mundo. Em segundo lugar, pretende investir na diversidade de abordagens – daí a motivação de voltar a editora para os temas da contemporaneidade.
“A EdUFSC não decaiu, apenas vem se fazendo ao longo do tempo”, afirma o professor, que conhece bem os objetivos da editora e os atuais membros do conselho editorial. “A estrutura atual, mesmo não sendo a ideal, permite otimizar o trabalho, pois as necessidades são pontuais e nós vamos tentar obter outras fontes de recursos”. Por isso, as co-edições são vistas como uma boa alternativa, envolvendo grandes editoras brasileiras – o que permitirá, entre outras coisas, colocar obras e o nome da EdUFSC nas feiras internacionais. Outra opção é o envio de projetos para a Capes, CNPq e outros órgãos de fomento, de acordo com as características de cada obra.
Sérgio Medeiros tem interesse em literatura de vanguarda, na mitologia dos povos ameríndios e nos códices indígenas do tempo da conquista das Américas, por isso pensa em criar uma coleção de pesquisas de estudos sobre a América Latina. Em relação à literatura catarinense, afirma que “as editoras universitárias não devem privilegiar a publicação de novos autores”, mas sim a divulgação e a reflexão sobre a cultura literária e a pesquisa científica. “O conselho não vai abrir mão do máximo de rigor e qualidade”, promete. “No futuro, vamos ver como a literatura possa fazer parte das nossas coleções”.
Para dar conta dessa demanda, a EdUFSC criou em 2009 um concurso literário, que está em andamento e cujo prêmio é a publicação do livro vencedor.
Mais visibilidade – A secretária de Cultura e Arte da UFSC, Maria de Lourdes Alves Borges, considerou bom o trabalho feito pelo ex-diretor Luiz Henrique de Araújo Dutra, mas disse que começa agora uma nova etapa, que busca dar maior visibilidade à editora, por meio da publicação de títulos de impacto que ganhem espaço no mercado editorial brasileiro. Neste sentido, a presença de Sérgio Medeiros é importante, porque ele participa de vários grupos literários, toma parte de fóruns de discussão com a participação de intelectuais respeitados e publica livros que repercutem nos principais centros culturais do país.
“Não existe qualquer ruptura, e sim a intenção de levar a editora a participar mais da cena intelectual brasileira”, diz a diretora da SecArte, à qual a EdUFSC está vinculada. Segundo Maria de Lourdes, a estrutura precisa ser melhorada, mas com as condições atuais é possível perseguir as novas metas da editora. “Queremos conquistar um mercado maior e mostrar o nosso trabalho para o país”, afirmou.
Bons resultados – Luiz Henrique Dutra diz que está deixando a EdUFSC por razões pessoais, embora também ligadas ao trabalho, “mais exatamente à minha carreira de docente e pesquisador”. Por e-mail, ele explicou a sua decisão: “Esta mudança já estava planejada com a secretária de Cultura e Arte e o reitor desde meados do ano passado. Como sou pesquisador do CNPq e membro do comitê assessor para filosofia desse órgão até julho de 2011, sendo estas atividades acadêmicas muito relevantes também, achei que era o momento de me dedicar mais a elas e de voltar à atividade de ensino plenamente, sendo que já tinha cumprido uma missão importante na administração da EdUFSC. Eu me dediquei muito à editora nos quase dois anos em que ocupei a direção, e acredito ter conseguido fazer coisas muito boas, como, por exemplo, melhorar os pontos de venda, equilibrar as contas e a mudar significativamente o aspecto gráfico dos livros, com capas mais modernas e mais bem elaboradas. Também trabalhei junto com o conselho editorial no sentido de criar novas coleções e revitalizar as antigas, de forma a dar um perfil mais acadêmico e relevante às publicações de nossa editora. Estamos num momento muito bom da EdUFSC e o professor Sérgio Medeiros poderá prosseguir nesse trabalho de modernização e fortalecimento de nossa editora com toda competência, agora que já temos uma boa base administrativa e financeira assegurada.”
Estudos e pesquisas – Professor de literatura na UFSC, Sérgio Medeiros é conhecido dentro e fora do Estado como poeta, tradutor e pesquisador das cosmogonias ameríndias, além de estudioso de personalidades de criação literária pouco difundida, como o Visconde de Taunay. No Brasil, publicou os livros de poesia Mais ou Menos do que Dois (Iluminuras, 2001), Alongamento (Ateliê, 2004) e O sexo vegetal (Iluminuras, 2009). Em Assunção, no Paraguai, onde fez pesquisas sobre a língua guarani, editou Totem & Sacrifício (Jakembó, 2007), edição bilíngüe português-espanhol. Também tem poemas publicados no México e nos Estados Unidos e planeja lançar este ano Figurantes, volume de poesia em prosa que tem Florianópolis como referência.
Como tradutor, Sérgio Medeiros é responsável pela edição brasileira do poema maia Popol Vuh (Iluminuras, 2007), trabalho realizado como pesquisa de pós-doutorado na Stanford University, Califórnia, sob a supervisão do especialista em literatura mesoamericana Gordon Brotherston. Também traduziu para o português obras de Lewis Carroll e Gustave Flaubert, é um dos editores do site de arte e cultura www.centopeia.net e colabora com diversos sites de literatura.
Atualmente, também pesquisa o papel dos animais na Guerra do Paraguai, com base nas Memórias do Visconde da Taunay. Em 2005, Medeiros coordenou a edição desta obra, publicada pela Iluminuras.
Contatos com Sérgio Medeiros podem ser feitos pelos fones (48) 3284-8903, 3721-9408 e 9962-2629, além do e-mail panambi@matrix.com.br.
Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom