IELA discute Honduras e Jornalismo de Resistência

03/03/2010 12:47

O Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da UFSC, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC) realiza na terça, 16 de março, às 9h, no Auditório do CSE, uma conferência com o jornalista hondurenho Rony Martínez, da Rádio Globo Honduras.

A proposta é discutir com professores, estudantes, lutadores sociais e sindicalistas a conjuntura de Honduras, assolada por um golpe militar em junho de 2009, e os desafios de um jornalismo que se compromete e assume postura diante da vida do país. Por isso a presença de Rony Martínez, repórter da Rádio Globo Honduras, emissora privada que, desde o dia do golpe que instaurou a ditadura em Honduras, decidiu fortalecer o jornalismo de resistência.

A Rádio Globo Honduras, desde a quartelada, abriu seus microfones para defender a Constituição e o direito legítimo do presidente Zelaya de seguir governando, entendendo que a proposta de ouvir a população sobre uma nova Constituição para o país era democrática e acertada.

Como estratégia de atuação, o grupo de jornalistas e locutores-apresentadores, comandados pelo veterano jornalista Dom David Romero, decidiu entregar a palavra ao povo hondurenho. Todos os dias, durante toda a programação, as gentes eram colocadas no ar falando da situação de sua província, sua cidade, seu bairro. Assim, a rádio acabou sendo um dos poucos veículos comerciais a garantir espaço para as informações da luta de resistência. Cada marcha organizada, cada ato de protesto, cada reunião, tudo ia ao ar, mostrando que o povo hondurenho não estava em casa aceitando a ditadura imposta pelas armas. Era o jornalismo em seu estado puro, informação contextualizada

e interpretada.

O trabalho da Rádio Globo Honduras logo começou a incomodar a ditadura que imediatamente mandou fechar as portas e lacrar o transmissor. A rádio foi invadida, apesar do cerco que a comunidade fez ao prédio. Os trabalhadores tiveram de fugir por uma janela, pendurados em uma corda, os transmissores foram levados e o povo ficou sem a rádio. Mas, no dia seguinte, de lugares não sabidos a rádio voltaria, transmitindo

via internet, jamais interrompendo o fluxo de informação sobre a luta do povo hondurenho. Mais tarde garantiria a volta ao canal aberto, sem abrir mão da defesa dos direitos constitucionais da gente de Honduras.

Por todo este trabalho de informação e dignidade a Rádio Globo Honduras ganhou o Prêmio Ondas, promovido pela Sociedade Radiofônica de Barcelona (Espanha), como a melhor rádio ibero-americana. Além da Atividade na UFSC, Rony deverá circular pelos vários Cursos de Jornalismo no Estado numa promoção do Sindicato dos Jornalistas.

Informações: 3721-9297, ramal 37 ou iela@iela.ufsc.br.