Curso de Licenciatura dos Povos Indígenas está em fase de implantação
Uma reunião no Gabinete do Reitor para discutir a implantação, na UFSC, do Curso de Licenciatura dos Povos Indígenas do Sul da Mata Atlântica – Guarani, Kaingáng e Xokleng – foi realizada dia 17 de março.
Estavam presentes o reitor Alvaro Toubes Prata, a professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold, do Departamento de História, futura coordenadora do curso; representantes da Comissão Interinstitucional de Educação Superior Indígena (CIESI); o professor Getúlio Narciso e o cacique José Valmir dos Santos, da etnia Kaingáng e o professor José Nidilli, da etnia Xokleng. Nenhum representante dos Guarani se fez presente.
O Curso de Licenciatura dos Povos Indígenas já existe em 27 universidades federais e estaduais nas regiões norte, centro-oeste e sudeste. O curso da UFSC será o primeiro da região sul.
Eles seguem o edital do Programa de Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (PROLIND), do Ministério da Educação (MEC). Criado em 2005, o PROLIND apoia universidades públicas a desenvolver projetos de cursos de licenciatura para formação de professores que atuem em escolas indígenas de educação básica, integrando ensino, pesquisa e extensão.
O curso obedecerá à pedagogia da alternância, que consiste em aulas presenciais na universidade e aulas na comunidade de origem. Esse sistema atende às peculiaridades das comunidades indígenas, que seguem calendários próprios, baseados na subsistência – caça plantio, pesca – e influenciados por fatores climáticos como cheias e secas dos rios. Nas aulas em aldeias, os alunos são avaliados em atividades práticas e de interação com a comunidade.
O ingresso dos estudantes será feito através do vestibular suplementar da Universidade Federal de Santa Catarina, na metade do ano. O início do curso está previsto para outubro de 2010, diferentemente dos demais cursos que iniciam em agosto. Serão 120 vagas para indígenas – 40 para cada etnia – e como o vestibular da UFSC, é necessário ensino médio completo ou equivalente. No ato da inscrição, o candidato deverá identificar o povo pelo qual concorre à vaga.
Ao final do curso, os professores estarão capacitados a elaborar currículos e programas específicos para as escolas indígenas, para o ensino bilíngue e no desenvolvimento de metodologias que propiciem a manutenção da cultura e dos valores tradicionais e a integração ao mundo moderno.
O primeiro curso de Licenciatura dos Povos Indígenas foi criado em 1999, na Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat). Na UFSC, o curso foi aprovado pelo Departamento de História em maio de 2009, e no Conselho de Unidade do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). O objetivo do MEC é formar 4 mil professores até 2010 e consolidar as iniciativas de capacitação de professores indígenas em políticas públicas para ampliar a qualidade da educação básica em escolas de aldeia.
Mais informações: Ana Lúcia Vulfe Nötzold: (48) 3721-9642
ou anotzold@hotmail.com
Por Gabriella Bridi/bolsista de Jornalismo da Agecom