Boa gestão pode ampliar conhecimento e dar mais visibilidade às fortalezas

31/03/2010 14:43

As transformações e a situação atual do belo Forte São Marcelo, que fica na frente do Elevador Lacerda e defendeu Salvador, capital da Bahia, dos piratas e corsários a partir do século XVII, foram o tema da palestra dada na manhã desta quarta-feira, dia 31, pelo coronel aposentado Anésio Ferreira Leite no auditório da Reitoria da UFSC, logo após a abertura do VI Seminário Regional de Cidades Fortificadas e do I Encontro Técnico de Gestores de Fortificações.

Administrador do espaço e identificado com o estudo das fortificações militares, o palestrante falou do abandono a que estava relegado o forte e da iniciativa da prefeitura de Salvador, em 1999, de recuperar o prédio e torná-lo mais uma das atrações turísticas da cidade. A inauguração da reforma se deu em 2006, e de lá para cá ele recebe milhares de turistas e estudantes de escolas públicas, desenvolve projetos culturais e sedia eventos no auditório e nos salões de exposições temporárias.

O administrador ressaltou que o forte São Marcelo, conhecido como “umbigo da Bahia”, também “tem pernas”, ou seja, circula pela cidade por meio de eventos e exposições. Uma das atividades mais conhecidas – apresentada em forma de esquete durante o intervalo para o café, nesta manhã – é a encenação de um passeio de D. João VI e da imperatriz Carlota Joaquina, que aumenta o interesse da população e dos turistas que visitam Salvador pelo forte. No final de sua explanação, Anésio Leite defendeu uma mobilização nacional pela criação do Dia Nacional das Fortificações.

Gestão compartilhada – Na conferência seguinte, os arquitetos José La Pastina Filho e Liliane Monfardini de Lucena falaram sobre as atividades realizadas na fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, localizada na ilha do Mel, no litoral paranaense. La Pastina, que começou sua carreira profissional participando da reforma da fortaleza de Anhatomirim, na baía norte, entre Governador Celso Ramos e Florianópolis, fez uma homenagem a Armando Gonzaga, responsável pela secretaria municipal de Turismo da Capital nos anos 70, quando começaram as grandes restaurações das fortalezas da Ilha de Santa Catarina.

Na sua fala, Liliane de Lucena ressaltou que o Iphan, que assumiu a gestão do forte da ilha do Mel em 2005, vem conseguindo aumentar a visitação por conta de uma parceria com a prefeitura de Paranaguá, com quem divide a operação e os custos operacionais. Hoje, o Iphan responde pela manutenção e compra de materiais de limpeza, cabendo ao município as despesas com profissionais de administração, segurança e orientação turística. Outros membros que participam da gestão compartilhada são o governo do Estado e a Polícia Ambiental do Paraná. “Além da conservação permanente, realizamos exposições e shows sobre temas folclóricos da região”, diz a arquiteta.

Forte com identidade – Na última apresentação da manhã, a arquiteta Eliane Veras da Veiga mostrou a recuperação e os usos dados ao forte de Santa Bárbara, onde funciona atualmente a sede da Fundação Franklin Cascaes, braço cultural da prefeitura de Florianópolis. Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisul, ela diz que a FFC vem realizando um trabalho intenso para tornar a edificação mais conhecida, porque a maioria das pessoas ainda a identifica como sede da Capitania dos Portos – função que perdeu há 13 anos, em 1997.

“Queremos recuperar a identidade do prédio”, afirma Elaine, que também destacou a existência de cinco fortins da Ilha que não tiveram o mesmo tratamento das fortalezas restauradas a partir da década de 70. Neste sentido, a Fundação Franklin Cascaes editou fôlderes e criou projeto Fortes da Cidade, que mostra esse conjunto de fortificações que não sobreviveram ao tempo ou, nos casos em permanecem intactas, são menos conhecidas que as grandes construções na Ilha e no seu entorno.

No caso do forte Santa Bárbara, a recuperação realizada pela Fundação, com a supervisão do Iphan, contemplou as alvenarias externas e permitiu adaptações internas pontuais importantes para estender o tempo de vida do prédio. Tombado em 1994, ele hoje está bem conservado e em condições de ser conhecido por toda a população de Florianópolis.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom