Pós-Graduação em Ciência da Informação promove palestra sobre o processo de construção da pesquisa

A pirâmide humana remetendo à frase de Newton
Além da apresentação do curso pela coordenadora da pós, professora Lígia Café, assim como o primeiro contato com o corpo docente e futuros orientadores, os novos alunos conheceram os grupos de pesquisa, foram apresentados aos veteranos e aos trabalhos em fase de qualificação.
O destaque do seminário foi a convidada Suzana Pinheiro Machado Mueller, professora da UnB e líder do Grupo de pesquisa Comunicação Científica. Ela proferiu palestra sobre a Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil.
Suzana didaticamente dividiu sua fala em tópicos, sendo o primeiro sobre o problema seminal de se definir o que é ciência da informação. Apresentou diversas definições e como elas foram se transformando, já que há mais de 40 anos tenta-se explicar a disciplina. Qual o cerne da ciência? A interdisciplinaridade é característica inerente a todas as tentativas de explicação, parecendo ser impossível dissocia-la da definição. Árduo o caminho de se firmar e definir uma ciência, Suzana mostrou, através de transparências essa longa trajetória. Além da interdisciplinaridade a tecnologia aparece como outro termo inexoravelmente ligado às reflexões para se definir o que é a ciência da informação.
A característica interdisciplinar confere riqueza e dificuldade à comunicação e formação do profissional. Outro consenso é que é uma ciência social e isto influencia sempre a escolha do tema da pesquisa. A informação é vista como um ato criativo do intelecto e/ ou como uma “commodity”, isto é tendo seu valor comercial na economia de mercado.
O segundo tópico abordado pela palestrante foi a revisão de literatura. Citou Newton (Isaac Newton, físico, matemático,astrônomo inglês – 1643-1727) que teria dito: “Se vi mais longe que os outros, foi porque subi em ombros de gigantes”
(If I have seen further than others, it is because I have stood on the shoulders of giants).
Explicou que se faz a revisão em primeiro lugar para tomar conhecimento do estado da arte em que se encontra a ciência. A segunda revisão é feita em outra etapa para se verificar onde se insere a pesquisa planejada, se há pontos de controvérsias, qual caminho se deve escolher. É necessário para iniciar definir o marco teórico que é a lente para olhar o fenômeno e interpretar os fatos, já que relatar sem interpretar é reportagem e não pesquisa, disse Suzana.
A abordagem que o pesquisador adota vai determinar a metodologia: se quantitativa, qualitativa, ou mista, que é uma tendência atual.
A professora destacou a importância do terceiro tópico: A ética na pesquisa.
Citou vários pesquisadores com destaque para a afirmação que a base da erudição humana coletiva não é a habilidade intelectual ou técnica, é simplesmente honestidade. Suzana destacou que na pesquisa deve-se ter respeito aos respondentes, já que a ciência da informação é ciência social, cuidado para não se manipular os dados e evitar, a qualquer custo, o plágio.
Destacou a diferença entre a fraude (deliberada) e o erro (não voluntário).
O tópico de encerramento foi a necessidade de divulgação .
Explicou que a verdade científica é produto de consenso. A ciência é pública e tem que passar pelo crivo dos pares. O consenso científico se dá pelo julgamento coletivo, no qual necessariamente não se precisa obter unanimidade. A divulgação se dá através da publicação que significa que se obteve a validação necessária.
Os alunos que iniciam a pós têm a obrigação de publicar os resultados das pesquisas para obter seu título. Mas a outra motivação para a publicação é a responsabilidade social, pois deve-se dar retorno das bolsas recebidas à sociedade.
Por Alita Diana/jornalista da Agecom/UFSC
Saiba mais sobre a professora Suzana
Suzana Pinheiro Machado Mueller, professora da UnB e líder do Grupo de pesquisa Comunicação Científica. Ela proferiu palestra sobre a Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil. Entre seus temas de atuação na área de Ciência da Informação se destacam: Comunicação Científica, Periódico científico, Metodologia de pesquisa em Ciência da Informação e Profissões da Informação.
É organizadora, dentre outros trabalhos, do livro Métodos de pesquisa para Ciência da Informação, publicado pela editora Thesaurus, em 2007. Foi também organizadora, em parceria, dos volumes: Profissional da informação: espaço de trabalho, publicado também pela editora Thesaurus em 2004 e Os livros são para ler: manual de treinamento e orientação para encarregados de pequenas Bibliotecas Públicas, publicado pelo Instituto Nacional do Livro em 1975.
Informações obtidas a partir do currículo lattes.