Projeto ´Valorização dos produtos agroalimentares de qualidade`será lançado nesta terça-feira

Fantini: gastronomia italiana de qualidade
Após mais de um ano de espera, o projeto obteve um financiamento no valor de 600 mil euros do Ministério do Trabalho, da Saúde e das Políticas Sociais da Itália, com co-financiamento da União Europeia. Seu público são cidadãos italianos residentes nos estados do Paraná e Santa Catarina, com idades entre 18 e 64 anos, que já concluíram a escolaridade obrigatória e tenham passaporte daquele país europeu.
A intenção dos promotores é repassar a comerciantes e a outros interessados o conhecimento das comidas típicas da gastronomia italiana de qualidade, além de aspectos econômicos ou relacionados à ética que caracterizam a experiência do Slow Food, movimento em expansão que defende a produção natural e sustentável – e que vem se difundindo também no Brasil. “Queremos melhorar as condições econômicas e culturais dos italianos que vivem no exterior”, diz o professor Andrea Fantini, da Facoltá di Agraria da Universitá degli Studi di Teramo, que é responsável pelo projeto.
Busca-se também oferecer a associações de pequenos agricultores biológicos a oportunidade de obter conhecimento direto (por meio de estágio na Itália) da experiência europeia na proteção de produtos típicos e locais. Outro atrativo é a possibilidade de qualificação na área do marketing agroalimentar, a fim de explorar as oportunidades criadas pela dinâmica do mercado e aumentar a atividade das empresas que já operam nesta área.
Os cursos – Um dos cursos é “A utilização dos produtos típicos na gastronomia de qualidade”, que tem 20 vagas e integrará o conhecimento básico sobre denominações de origem com experiências na cozinha, através do preparo de pratos, com a supervisão de um chef de Slow Food. O programa prevê 450 horas/aula, sendo 250 horas de teoria e exercícios práticos e 200 horas de estágio em empresas brasileiras. Outra opção é “Valorização dos produtos agroalimentares de qualidade”, com o mesmo número de vagas, que trata da aplicação dos princípios de marketing aos diversos componentes do sistema agroalimentar. A duração é de 460 horas.
Por fim, há o curso “Desenvolvimento de orientação ao mercado para empresas agroalimentares”, que tem duração de 310 horas e aprofunda a temática da globalização do mercado de alimentos, com destaque para os produtos típicos e de qualidade. A dinâmica do mercado brasileiro e mundial será um dos assuntos tratados neste módulo. A previsão é de encerrar o projeto em outubro de 2010, incluindo viagens e visitas a vindimas e fabricantes de azeite em território italiano.
A parceira europeia da Unite é a empresa Slow Food Italia, e no Brasil, além da UFSC, estão atuando a Associação de Agricultores Biológicos de Santa Catarina (Aecit) e a Federação dos de Associações de Abruzzeses no Brasil (Feabra), com sede em São Paulo.
O mentor – O professor Andrea Fantini veio pela primeira vez ao Brasil no início dos anos 80 e permaneceu três meses no país, conhecendo o vale do rio São Francisco e a região sul. Também fez projetos para o Gabinete de Planejamento do governo de Santa Catarina (Gaplan). Depois, em 1986, voltou como turista. Hoje, por meio de acordo, está cedido ao Centro de Ciências Agrárias da UFSC. Ele é economista agrário e professor do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade de Teramo, cidade localizada na região de Abruzzo, na Itália.
Existe um acordo de mobilidade acadêmica envolvendo alunos e professores das duas universidades nas áreas de direito e ciências agrárias. A UFSC abriu, no ano passado, o curso de Ciência e Tecnologia Agroalimentar, que procura atender às demandas do mercado de trabalho nesta área, formando profissionais especializados em alimentos considerando os aspectos científicos, tecnológicos, bioquímicos, higiênico-sanitários e nutricionais no resultado final.
O professor Fantini diz que vem crescendo na Europa, e particularmente na Itália, o bom conceito da dieta mediterrânea, que se caracteriza não apenas por privilegiar alguns tipos de alimentos mais saudáveis como também por levar em conta a relação do processo produtivo com o meio ambiente. “É o equilíbrio do alimento nutritivo com um estilo de vida voltado para a sustentabilidade”, explica ele. Neste sentido, os princípios do Slow Food, movimento sem fins lucrativos, são primordiais. “As pessoas querem uma comida saudável, gostosa e que traga riqueza também para quem produz, e não só para quem comercializa”.
Contatos com o professor Andrea Fantini poder sem feitos pelo telefone (48) 9617-6106 ou pelo e-mail fantini@unite.it.
Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom
Foto: Paulo Roberto Noronha/Agecom