Projeto ´Valorização dos produtos agroalimentares de qualidade`será lançado nesta terça-feira

14/12/2009 12:59

Fantini: gastronomia italiana de qualidade

Fantini: gastronomia italiana de qualidade

A Universidade Federal de Santa Catarina é parceira da Universidade dos Estudos de Teramo (Unite), da Itália, no projeto Valorização dos Produtos Agroalimentares de Qualidade (Vapraq), que investe na formação profissional de trabalhadores italianos que residem em países não-pertencentes à União Europeia. O projeto será apresentado oficialmente nesta terça-feira, 15 de dezembro, às 17h, no auditório da reitoria. As aulas – abarcando três cursos, num total de 60 vagas – terão início em março de 2010 nas instalações da UFSC, em Florianópolis. Ao final do lançamento haverá degustação com produtos típicos da região.

Após mais de um ano de espera, o projeto obteve um financiamento no valor de 600 mil euros do Ministério do Trabalho, da Saúde e das Políticas Sociais da Itália, com co-financiamento da União Europeia. Seu público são cidadãos italianos residentes nos estados do Paraná e Santa Catarina, com idades entre 18 e 64 anos, que já concluíram a escolaridade obrigatória e tenham passaporte daquele país europeu.

A intenção dos promotores é repassar a comerciantes e a outros interessados o conhecimento das comidas típicas da gastronomia italiana de qualidade, além de aspectos econômicos ou relacionados à ética que caracterizam a experiência do Slow Food, movimento em expansão que defende a produção natural e sustentável – e que vem se difundindo também no Brasil. “Queremos melhorar as condições econômicas e culturais dos italianos que vivem no exterior”, diz o professor Andrea Fantini, da Facoltá di Agraria da Universitá degli Studi di Teramo, que é responsável pelo projeto.

Busca-se também oferecer a associações de pequenos agricultores biológicos a oportunidade de obter conhecimento direto (por meio de estágio na Itália) da experiência europeia na proteção de produtos típicos e locais. Outro atrativo é a possibilidade de qualificação na área do marketing agroalimentar, a fim de explorar as oportunidades criadas pela dinâmica do mercado e aumentar a atividade das empresas que já operam nesta área.

Os cursos – Um dos cursos é “A utilização dos produtos típicos na gastronomia de qualidade”, que tem 20 vagas e integrará o conhecimento básico sobre denominações de origem com experiências na cozinha, através do preparo de pratos, com a supervisão de um chef de Slow Food. O programa prevê 450 horas/aula, sendo 250 horas de teoria e exercícios práticos e 200 horas de estágio em empresas brasileiras. Outra opção é “Valorização dos produtos agroalimentares de qualidade”, com o mesmo número de vagas, que trata da aplicação dos princípios de marketing aos diversos componentes do sistema agroalimentar. A duração é de 460 horas.

Por fim, há o curso “Desenvolvimento de orientação ao mercado para empresas agroalimentares”, que tem duração de 310 horas e aprofunda a temática da globalização do mercado de alimentos, com destaque para os produtos típicos e de qualidade. A dinâmica do mercado brasileiro e mundial será um dos assuntos tratados neste módulo. A previsão é de encerrar o projeto em outubro de 2010, incluindo viagens e visitas a vindimas e fabricantes de azeite em território italiano.

A parceira europeia da Unite é a empresa Slow Food Italia, e no Brasil, além da UFSC, estão atuando a Associação de Agricultores Biológicos de Santa Catarina (Aecit) e a Federação dos de Associações de Abruzzeses no Brasil (Feabra), com sede em São Paulo.

O mentor – O professor Andrea Fantini veio pela primeira vez ao Brasil no início dos anos 80 e permaneceu três meses no país, conhecendo o vale do rio São Francisco e a região sul. Também fez projetos para o Gabinete de Planejamento do governo de Santa Catarina (Gaplan). Depois, em 1986, voltou como turista. Hoje, por meio de acordo, está cedido ao Centro de Ciências Agrárias da UFSC. Ele é economista agrário e professor do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade de Teramo, cidade localizada na região de Abruzzo, na Itália.

Existe um acordo de mobilidade acadêmica envolvendo alunos e professores das duas universidades nas áreas de direito e ciências agrárias. A UFSC abriu, no ano passado, o curso de Ciência e Tecnologia Agroalimentar, que procura atender às demandas do mercado de trabalho nesta área, formando profissionais especializados em alimentos considerando os aspectos científicos, tecnológicos, bioquímicos, higiênico-sanitários e nutricionais no resultado final.

O professor Fantini diz que vem crescendo na Europa, e particularmente na Itália, o bom conceito da dieta mediterrânea, que se caracteriza não apenas por privilegiar alguns tipos de alimentos mais saudáveis como também por levar em conta a relação do processo produtivo com o meio ambiente. “É o equilíbrio do alimento nutritivo com um estilo de vida voltado para a sustentabilidade”, explica ele. Neste sentido, os princípios do Slow Food, movimento sem fins lucrativos, são primordiais. “As pessoas querem uma comida saudável, gostosa e que traga riqueza também para quem produz, e não só para quem comercializa”.

Contatos com o professor Andrea Fantini poder sem feitos pelo telefone (48) 9617-6106 ou pelo e-mail fantini@unite.it.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom

Foto: Paulo Roberto Noronha/Agecom