Professores do Departamento de Genética da UFSC lançam livro de poesias

08/12/2009 08:55

A Fundação Cultural BADESC promove em sua sede, nesta quarta-feira, dia 9, às 19h30, o lançamento do livro O Anjo ao Contrário, de André Ramos e Nadir Ferrari. A obra com selo da editora Officio reúne em 60 páginas os poemas cosmopolitas de André com as pinturas nascidas da tradição japonesa do sumi-ê, de Nadir. Para completar essa mistura de poesia e pintura, a cerimônia contará com apresentação musical de Thomas Pessoa e Felipe Schneider.

Os autores de O Anjo ao Contrário são professores do Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética da UFSC. A poesia de André e a pintura de Nadir foram produzidas de forma independente, sem compromisso. Mas descobriram afinidades entre si que levaram a composição desta obra. De um lado versos nascidos em andanças pelo mundo, falando do cotidiano de forma coloquial e rimada e, do outro, a assimetria, a simplicidade, o desapego e a quietude dos traços influenciados pela pintura milenar do sumi-ê.

André Ramos é graduado em Agronomia pela UFSC e desde 1992 atua como pesquisador e professor na instituição. Natural de Lages, SC, reside em Florianópolis desde criança. Tem dois livros publicados: Lata de Banha, pela Prefeitura de Lages; e De Nariz na Vidraça, pela Editora da UFSC.

Nadir Ferrari é natural de Arapongas, no Paraná. Graduada pela Universidade Estadual de Londrina, com mestrado na UFPR e doutorado em Oxford. Fez sua carreira como geneticista na UFSC. A literatura e as artes plásticas sempre estiveram presentes em sua vida, e após a aposentadoria, de uma forma bem mais intensa.

A Fundação Cultural BADESC fica na Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis. Fone: (48) 3224-8846. O livro custa R$ 40 e a entrada é gratuita. Mais informações com Nadir Ferrari (48) 3232-6327, 9960-5470; André Ramos

(48) 3721-5153, 8811-1861 e Eduardo Faria, editor, (48) 3237-2477, 9948-9029.

ANDANÇAS

parti de canoa

de uma terra boa,

com o vento fraco

da praia do forte:

paulo lopes ou polo norte?

…o mar balança,

uma aeromoça joga sua trança…

– ‘rapunzel

américa ou frança?’

eu podia ter sido criança

nas pedras da aquitânia,

rancho queimado, barracão, betânia.

venho do porto

de bordeaux ,

do arroio do porco morto,

troglodita de lascaux.

no aeroporto,

onde pouso

pra pousada no raposo,

cochilo coxilha rica.

velha igreja dos morrinhos,

santa ana da mão quebrada

da catedral do santo andré,

costeira

do pirajubaé,

vila seca, lava pé,

sacré coeur

ou saco grande.

não importa onde eu ande

guardo na boca o sotaque

do mesmo poeta de araque

que pra porre de cachaça

tem ressaca de conhaque.

André Ramos

Por Mara Paiva/jornalista na Agecom