UFSC inaugura centro de referência para estudo de doenças relacionadas à aquicultura

16/11/2009 05:53

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

Desde que o vírus da mancha branca surgiu em Santa Catarina, em 2005, uma das vertentes mais produtivas da aquicultura, a carcinicultura, entrou em crise. Diversas fazendas foram fechadas, a geração de renda a partir dessa atividade despencou, trabalhadores ficaram sem emprego.

Com apoio do Ministério da Aquicultura e Pesca, da FINEP e da Petrobras, entre outros setores, a UFSC inaugurou na sexta-feira, 13/11, laboratórios que terão papel estratégico na busca de soluções para esse cenário, para o desenvolvimento da aquicultura e o controle ambiental.

Três destes laboratórios compõem o Núcleo de Estudos em Patologia Aquícola: Laboratório de Sanidade de Organismos Aquáticos; Laboratório de Malacologia Experimental e Laboratório de Biomarcadores de Contaminação Aquática e Imunoquímica.

O objetivo do Núcleo é desenvolver projetos de pesquisa, formar recursos humanos e realizar extensão, por meio de diagnósticos a partir de metodologias aceitas internacionalmente na área de enfermidades em organismos aquáticos. Sua equipe vai trabalhar também na prevenção e controle das doenças relacionadas ao cultivo do mar.

Localizado na Estação Experimental de Aquicultura da UFSC, no bairro Itacorubi, em Florianópolis, o Núcleo nasce interdisciplinar, integrando engenheiros de aquicultura e de pesca, veterinários, agrônomos, biólogos e oceanólogos. Reúne pesquisadores do Departamento de Aquicultura, do Centro de Ciências Agrárias, e do Departamento de Bioquímica, do Centro de Ciências Biológicas da universidade.

“As enfermidades representam um dos principais entraves ao desenvolvimento da aquicultura mundial e no Brasil não é diferente, sendo causa de significativas perdas econômicas e inestimáveis danos sociais. Ainda sangram em nós os fortíssimos impactos sofridos pelo vírus da mancha branca na carcinicultura”, lembrou na cerimônia de inauguração a coordenadora do Núcleo de Estudos em Patologia Aquícola, professora Aime Rachel Magenta Magalhães, do Departamento de Aquicultura da UFSC.

Segundo ela, o Núcleo poderá contribuir com um programa de controle sanitário na maricultura. Esse processo requer o conhecimento do estado sanitário dos animais que fazem parte dos cultivos, a partir de inspeções e padronização de procedimentos de amostragem. Exige também a realização de diagnósticos laboratoriais conduzidos de acordo com normas internacionais. O controle sanitário depende ainda da formação de recursos humanos e estudo de soluções para as enfermidades, de sistemas de prevenção, de cura e de manejo – ações que estão entre as missões do Núcleo.

Presente na inauguração, o ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, destacou o grande potencial da aquicultura para o Brasil, país com 8 mil quilômetros de costa marítima. Ressaltou que o investimento de cerca de R$ 3 milhões na implantação do novo Núcleo é estratégico, já que a sanidade é aspecto essencial no desenvolvimento da aquicultura. “O Brasil tem condições de estar ao lado dos grandes produtores mundiais, mas precisamos estar atentos e preparados para as vulnerabilidades dessa atividade, para dar segurança a quem trabalha na área”.

O professor Alvaro Toubes Prata, reitor da UFSC, lembrou que em 2010 a instituição completa 50 anos e a área de aquicultura reflete muito bem a visão da universidade. “Acreditamos na transformação do mundo pela transformação das pessoas. Acreditamos no ensino a partir do avanço da pesquisa”, disse, ressaltando a importância da formação de recursos humanos para desenvolvimento e qualificação da aquicultura. A UFSC foi pioneira nesta área, com a implantação do mestrado em aquicultura em 1988, do curso de graduação em Engenharia de Aquicultura em 1998, e do curso de doutorado, em 2005.

Novas alternativas de cultivo

No final da tarde de sexta-feira a UFSC inaugurou também mais um laboratório que investe na busca de alternativas para a aquicultura. Foram apresentadas as novas instalações do Laboratório de Piscicultura Marinha, na Estação de Maricultura da Barra da Lagoa.

A principal espécie estudada pela equipe é o robalo, peixe nativo valorizado no mercado brasileiro e internacional. De hábitos costeiros, essa espécie se adapta também a águas salobras e doces, apresentando potencial tanto para programas de repovoamento de ambientes naturais como para cultivo.

De acordo com o professor Vinicius Ronzani Cerqueira, coordenador do laboratório, as novas instalações dão força aos estudos em um momento em que é necessário compensar as perdas da carcinicultura. O objetivo é gerar conhecimentos sobre as técnicas de reprodução e engorda de espécies nativas de peixes marinhos da costa catarinense, para suporte à piscicultura.

Mais informações:

Núcleo de Estudos em Patologia Aquicola / Professora Aime Rachel Magenta Magalhães / rachel@cca.ufsc.br / (48) 37219358

Laboratório de Piscicultura Marinha / Professor Vinicius Ronzani Cerqueira / vrcerqueira@cca.ufsc.br / (48) 3232-7532

Saiba Mais:

– Laboratório AQUOS – Sanidade de Organismos Aquáticos

Linhas de pesquisa: Imunoprofilaxia, ictioparasitologia e ictiopatologia, hematologia, diagnóstico de enfermidades em peixes, relação parasito/hospedeiro/ambiente

– LAMEX – Laboratório de Malacologia Experimental

Linhas de pesquisa: Patologia de moluscos marinhos; diagnóstico de enfermidades em moluscos marinhos; histopatologia de organismos aquáticos; relação parasito/hospedeiro/ambiente; reprodução e desenvolvimento de moluscos marinhos; controle sanitário de moluscos

– Laboratório de Biomarcadores de Contaminação Aquática e Imunoquímica

Linhas de pesquisa: Biomarcadores de contaminação aquática; antioxidante em organismos aquáticos; marcadores moluculares de contaminação aquática; toxicogenômica; toxicologia molecular em organismos aquáticos; ecotoxicologia; entresse oxidativo em organismos aquáticos; mecanismos de resistência a contaminação aquática

Por Arley Reis /Jornalista da Agecom

Fotos: Paulo Noronha / Agecom