Palestra com o tradutor das obras do cineasta Pasolini abre II Café Filosófico & Literário da UFSC
A Secretária de Cultura e Artes da UFSC, Maria de Lourdes Borges, abriu os debates da II edição do Café Filosófico & Literário da UFSC: ´Kinema e Theoria – ação, visão e reflexão` – às 19h da terça, 3/11, no Auditório do Teatro da UFSC/DAC. Para a palestra inaugural o convidado foi Alex Sandro Calheiros de Moura, professor de Filosofia da UnB e pesquisador da história da política e do cinema italiano, com mediação da professora do Curso de Cinema da UFSC, Anelise Corseuil.
Especialista em cinema neo-realista italiano e tradutor de obras do cineasta Pierre Paolo Pasolini, o palestrante tomou como ponto de partida o filme Medéia. Da obra, dirigida por Pasolini, Moura explorou o binômio trabalhado durante todo o filme – Jasão e Medéia, conceitos de choques, oposição entre culturas. Ele identifica em Medéia o ponto alto do projeto de Pasolini, a busca por uma fisicalidade onírica, que remete as influências do pensamento de Sigmund Freud e Karl Jung e, como cinema poesia, com forte influência do pensamento de Gramsci.
O II Café Filosófico prossegue até quinta, 5/11, aberto ao público e gratuito, com exibição de filmes, palestras e mesas redondas. A proposta do encontro é reunir pessoas interessadas pelas áreas de filosofia e cinema na discussão de questões da filosofia e na sua forma de expressão na linguagem cinematográfica. A técnica idealizada pelos promotores do evento é instigar o raciocínio a partir da arte. Em todos os encontros primeiro é feita a projeção do filme e, em seguida, aberto o debate e a leitura do uso da imagem para expressar conceitos éticos, estéticos e epistemológicos, alinhando o uso da reflexão sensível do cinema com a reflexão conceitual da filosofia.
Nesta quarta-feira, dia 4, as atividades começam com a exibição do filme de ficção científica ´Gattaca` (Estados Unidos, 1997, 106 minutos), do cineasta Andrew Niccol, no Auditório da Igrejinha da UFSC. A partir do filme, o professor de Cinema da Unisul Fernando Vugman coordena a mesa redonda sobre Ética, ao lado da professora de Filosofia da UFSC Darlei Dagnoll, com moderação da cineasta catarinense Lena Bastos.
Das 18h30 às 21h30, no mesmo local, inicia uma nova mesa redonda sobre Epistemologia a partir da exibição do filme Close-up (Irã, 1990, 90 minutos), do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, cuja obra, metalingüística, se volta para a reflexão do próprio cinema. Participam da mesa o professor de Cinema Felipe Soares e o professor de Filosofia Marcos Franciotti, ambos da UFSC, com moderação do cineasta Alan Langdon.
Na quinta-feira, 5/11, das 15h às 18h, a discussão será provocada pela exibição de ´A arca russa` (2002, 96 minutos), do cineasta russo Alexander Sokúrov, obra filmada em um único plano-sequência, sem cortes e sem pausa na câmera. A mesa sobre Estética reunirá o professor Jair Fonseca, do Laboratório de Estudos Transdiciplinares e Nazareno Eduardo de Almeida, professor de Filosofia da UFSC, com moderação da cineasta catarinense Maria Emília.
´Janela da Alma`, o premiado documentário, de João Jardim e Walter Carvalho, que perfaz uma discussão poética sobre a visão, encerra o Café e serve de matéria reflexiva para o debate da noite em torno do tema Teoria da Imagem, das 18h30 às 21h30. Integram a mesa redonda a professora do Centro de Artes da Udesc Silvana Macedo e a professora de Filosofia da USP Maria Cecília Coelho, com moderação do cineasta Zeca Pires. É cinema que faz pensar sobre o fazer artístico e serve de espaço para a reflexão filosófica da vida, gratuito e aberto ao público.
A programação do Café Filosófico contou com as filósofas Maria de Lourdes Borges e Maria Cecília Coelho, a teórica e professora de cinema Anelise Corseuil e o cineasta Zeca Pires. É uma promoção da Secretaria de Cultura e Artes em parceria com o Departamento Artístico Cultural da UFSC. (SecArte e DAC) e apoio do Centro de Comunicação e Expressão (CCE).
Informações pelos fones 948) 3721-8329 e 9911-0524.
Alex Calheiros defendeu a tese de doutorado ´Viagem à Itália: ensaio sobre a formação do cinema neo-realista italiano` sob a orientação da Professora Marilena Chauí, com estágio doutoral na Università di Roma tor vergata. Publicou em colaboração com Mariarosaria Fabris, ´Rossellini do Cinema e da Televisão` (3 vol.) e com Mariarosaria Fabris e Carlos Augusto Machado Calil, ´Esplendor de Visconti`.
Atualmente é Professor de Ética e Filosofia Política da UnB e pesquisador do pensamento político italiano, especialmente Gramsci, e da teoria e historia do cinema italiano, especialmente Pasolini. Desenvolve projeto de tradução das peças teatrais de Pasolini – já traduziu ´Orgia e Pilade` (a ser encenada pelo grupo Teatro de Narradores de São Paulo em 2010). É co-organizador com o Departamento de Filosofia da USP, do ciclo ´Figuras do Filósofo` – série de palestras e exibição de filmes, que se encerrará em 2010 com uma mostra especial no CineUSP Paulo Emílio.
Por Mara Paiva/ jornalista na Agecom e Raquel Wandelli/jornalista na SecArte