Evento sobre a Novembrada prossegue nesta terça-feira na UFSC

24/11/2009 14:53

Manifestação política ocorrida há 30 anos é debatida por diversos pesquisadores . Com a apresentação do documentário “Novembrada: um protestado esperado”, de Ana Carla Pimenta, produzido com o apoio da Agecom, seguido da mesa-redonda “Retrospectiva nacional e regional: oligarquias e política no processo de re-democratização”, teve prosseguimento na manhã desta terça (24/11), no auditório do CFH o evento “Novembrada 30 anos”, promovido pelo Curso de Ciências Sociais da UFSC.

Luis Felipe Miguel, cientista político da UnB e autor do primeiro livro publicado em Santa Catarina sobre a Novembrada, foi um dos palestrantes. Para ele é importante compreender o significado daquele ato político ocorrido em 30/11/1979 em Florianópolis. A crise do regime militar associada à impopularidade do presidente Figueiredo, que enfrentou protestos da população local foi o estopim para o término da ditadura. Mesmo com o perfil “despolitizado” da população da cidade, a insatisfação popular expressada em Florianópolis serviu para potencializar uma generalizada mobilização nacional pelo fim da ditadura militar. Para Luis Felipe, o movimento articulado pelos estudantes da UFSC acabou inflando o descontentamento popular, servindo de estímulo para outros movimentos populares: “Florianópolis foi um laboratório para desmontar o regime que estava fracassando”, conclui o pesquisador.

Para o jornalista Moacir Pereira, a academia está devendo pesquisas mais aprofundadas sobre o assunto. Criticou também as lideranças políticas da cidade que ainda não ergueram um monumento em praça pública para memorizar a importância histórica da Novembrada, quando o povo da cidade falou em nome da população brasileira. Ele que também tem um livro publicado sobre o tema a partir de seu arquivo pessoal, chama a atenção para os fatos posteriores ao dia 30/11/1979 que tiveram maior repercussão na política nacional. A mobilização de várias organizações pela libertação de sete estudantes presos no dia seguinte ampliou a repercussão dos protestos ocorridos em Florianópolis, mesmo com discreta cobertura da mídia local e nacional que ainda estavam submetidas à censura. Moacir lembra que o telejornal RBS Notícias deixou de ser veiculado naquele dia para evitar problemas da RBS TV com o regime ditatorial. O jornalista alerta que os pesquisadores devem investigar com mais profundidade outros fatos políticos importantes para a história de Santa Catarina: a guerra do Contestado e as chacinas da Ilha de Anhatomirim.

O professor Remy Fontana (UFSC) propõe a revisão do termo “Novembrada”, pois não incorporara a densidade política dos fatos subsequentes ao episódio. Para ele o evento deve fazer parte dos anais das lutas políticas que dignificam um povo, pois as estratégias de popularização da fracassada imagem do presidente Figueiredo foram esvaziadas pela Novembrada. “Foi uma ação improvisada e cheia de energia para acusar o regime militar e seus expoentes”, conclui o professor.

O evento prossegue nesta tarde, a partir das 14 horas, com uma mesa-redonda sobre o tema “Motivos para pensar a Novembrada atualmente: re-signifição do episódio e o direito à memória”. Entre os palestrantes estão as professoras Sonia Maluf (UFSC), Marlene de Fáveri (UDESC) e Mariana Joffly.

Mais informações: 37219253.