´O lado escuro do Universo` é tema da penúltima palestra da UFSC na agenda do Ano Internacional da Astronomia
O Universo é formado por estrelas jovens e que estão morrendo, por planetas, cometas, galáxias, buracos negros – e matéria escura. “Durante os anos 30 o estudo dos aglomerados de galáxias revelou que no Universo existe muito mais matéria do que podemos ver. Estudos posteriores mostraram que essa matéria é muito diferente daquela que conhecemos.
Essa entidade misteriosa é denominada matéria escura”, explica o professor Laerte Sodré Jr, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), convidado para a próxima palestra da UFSC na agenda de comemoração do Ano Internacional da Astronomia. O encontro será realizado no dia 16 de novembro, a partir das 19h, no auditório da Reitoria. A entrada é aberta é não há necessidade de inscrição.
Estudioso de aglomerados de galáxias e classificação destes corpos celestes, entre outros temas, o professor Laerte Sodré Jr lembra que somente nos anos 90 ocorreu a descoberta de que, ao contrário do que se esperava, a expansão do universo está se acelerando. Já se sabia desde 1929 que o Cosmos estava em um movimento de expansão, iniciado com o impulso do Big Bang, a explosão que o originou. Os pesquisadores achavam, porém, que a força da gravidade de toda a massa que existe deveria pelo menos diminuir a velocidade dessa expansão.
No entanto, na década de 90 um grande mapeamento do Universo mostrou que as galáxias mais distantes estão se afastando cada vez mais rápido. Uma das hipóteses para esse movimento está em um dos mais instigantes assuntos da astronomia atual – a matéria escura.
A idéia de matéria escura foi lançada em 1933 pelo astrofísico búlgaro Fritz Zwicky. Estudioso de conjuntos de galáxias, Zwicky afirmou que apenas a matéria comum (formada por prótons, nêutrons e elétrons) era insuficiente para explicar como as galáxias permaneciam unidas pela gravidade, a única força capaz de agir em espaços tão vastos. A coesão só seria possível se existisse cem vezes mais matéria do que era possível observar. Zwicky chamou o que não pôde ver de matéria escura, por não absorver nem emitir luz.
Sua presença é estudada a partir de efeitos gravitacionais sobre estrelas e galáxias. Já a energia escura é uma forma hipotética de força que estaria distribuída por todo espaço e tende a acelerar a expansão do Universo. A principal característica da energia escura é ter uma forte pressão negativa, que age em larga escala em oposição à gravidade, afastando as galáxias umas das outras. É a hipótese de que o vácuo tem energia e pressão, e impulsiona o Universo de dentro para fora.
“Na palestra apresentarei um histórico dessas descobertas e as tentativas de se entender a natureza desses dois grandes mistérios da ciência atual”, adianta o professor.
O palestrante:
Laerte Sodré Junior é graduado em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo, mestre e doutor em Astronomia pela Universidade de São Paulo. Fez seu pós-doutoramento no Royal
Greenwich Observatory, em Cambridge, Inglaterra.
Atualmente é professor associado do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Astronomia, com ênfase em Astrofísica Extragaláctica. Atua principalmente em temas como aglomerados de galáxias, cosmologia observacional, classificação de galáxias e lentes gravitacionais.
É também o coordenador geral do projeto Telescópios na Escola, que permite a estudantes e professores de ensino fundamental e médio desenvolverem projetos científicos usando telescópios que podem ser controlados em tempo real via internet.
As palestras:
O ciclo ´Grandes temas da astronomia moderna` trouxe para a UFSC em 2009 (Ano Internacional da Astronomia) o físico Jorge Quilffeldt (Instituto de > Biociências da UFRGS) e os astrônomos João Steiner (Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo; José Renan Medeiros (Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN); Carlos Wuensche (da Divisão de Astrofísica do INPE); Grazyna Stasinska (Observatório de Paris); Augusto Damineli (Departamento de Astronomia do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo) e Kepler de Oliveira (Instituto de Física da UFRGS). A organização é do professor Antônio Kanaan, do Grupo de Astrofísica, ligado ao Departamento de Física da UFSC.
Mais informações:
Sobre o ciclo de palestras: (48) 3721-8238 / e-mail: astro@astro.ufsc.br
Com o palestrante: laerte@astro.iag.usp.br / Fone: (11) 3091-2704
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom