Estudo verifica relação entre obesidade infantil e estado nutricional dos pais

17/10/2009 13:08

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 30,3% das crianças de até 11 anos apresentam excesso de peso e 5% são obesas. Maus hábitos na alimentação e o sedentarismo são considerados os principais fatores para a ocorrência desse alto índice. A obesidade infantil começa a ser tratada com preocupação, sendo motivo de vários estudos ao redor do mundo. Na 19° Edição do Seminário de Iniciação Científica da UFSC, que acontece nos dias 21 e 22 de outubro, o assunto será abordado no projeto ´Associação entre o estado nutricional dos pais e dos filhos: um estudo em escolares de 7 a 14 anos do município de Florianópolis, realizado pelas estudantes Kátia Pudla e Carla Bernardo, da área de Nutrição.

O estudo está vinculado a um projeto de pesquisa que tem como objetivo analisar o estado nutricional de escolares de 7 a 14 anos no município de Florianópolis. Coube às estudantes da UFSC verificar a associação entre a prevalência de sobrepeso e obesidade entre os jovens e a relação com o estado nutricional dos pais. Durante o ano de 2007, foram feitas visitas a escolas públicas e particulares da capital catarinense e alunos foram selecionados para a amostragem.

As pesquisadoras entregaram nas escolas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o questionário de dados socioeconômicos e antropométricos (estatura, peso, dobras cutâneas do tríceps, subescapular, supra-ilíaca e panturrilha medial, e circunferência do braço, quadril e da cintura) que deveriam ser respondidos pelos pais.

Segundo a estudante Carla Bernardo, mestranda em Nutrição na UFSC, os resultados obtidos comprovam que os hábitos alimentares dos pais exercem grande influência na alimentação dos filhos. Para a estudante, o fato de que a maioria dos jovens com excesso de peso ou obesidade também têm pais acima do peso ideal não é só uma questão de genética. “Há fortes evidências de que o estilo de vida familiar e a formação dos hábitos e preferências alimentares afetam o estado nutricional das crianças e adolescentes. Os fatores genéticos não são mais a única justificativa”, afirma.

Ela lembra que outras pesquisas já trabalharam o tema. Levantamentos bibliográficos indicam que a criança com pais obesos apresenta 80% de chance de se tornar obesa, enquanto que essa proporção cai para 40% quando apenas o pai ou a mãe apresenta sobrepeso. Para Carla, a preocupação com a alimentação destas crianças deve ser redobrada. “Uma criança que já tem tendência a ser obesa deve receber um tratamento especial. Ao identificarmos estas pré-disposições, é preciso tratar do problema antes que se torne algo maior”.

Há alguns anos a obesidade é considerada uma doença de difícil controle e com alto percentual de insucesso terapêutico. Sua evolução pode trazer sérias repercussões no ambiente social. Junto aos adultos, o controle da obesidade tem se mostrado pouco eficaz, indicando que os resultados podem ser mais expressivos ao identificar as crianças de risco e fazer a profilaxia do distúrbio nutricional.

Apesar de considerar que a doença ainda não é tratada com a devida preocupação, Carla acredita que a obesidade já começa a ser pensada como um sério problema de saúde, que requer atenção. Na opinião da pesquisadora, uma forma de contribuir para a prevenção seria a criação de workshops informativos e atividades junto às escolas. No entanto, a estudante ressalta que “a melhor forma de mudar os hábitos alimentares de uma criança é mudando os hábitos de seus maiores exemplos, os pais”.

Sobre o seminário

Nos dias 21 e 22 de outubro será realizado o 19º Seminário de Iniciação Científica da UFSC. Este ano mais de 700 trabalhos serão apresentados. O evento é direcionado à avaliação dos trabalhos de estudantes de graduação que possuem bolsas de iniciação científica. É também uma oportunidade para que os “jovens cientistas” universitários apresentem seus trabalhos à comunidade.

A décima nona edição do SIC está inserida na programação da oitava edição da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex), a Sepex, além de fazer parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, evento promovido em todo o Brasil.

Os seis melhores trabalhos recebem o prêmio Destaque da Iniciação Científica. Além do reconhecimento, os alunos têm todas as despesas pagas para participar da Jornada de Iniciação Científica, evento nacional realizado durante a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – um dos principais eventos científicos do país.

Mais informações: Com Carla Bernardo / carlabernardoo@gmail.com

Por Tiago Pereira / Bolsista de Jornalismo na Agecom

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