UFSC terá curso de licenciatura para indígenas em 2010

02/09/2009 18:07

A partir de julho de 2010, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) contará com o novo Curso de Licenciaturas dos Povos Indígenas do Sul da Mata Atlântica – Guarani, Kaingáng e Xokleng –. O projeto da Comissão Interinstitucional para Educação Superior Indígena (Ciesi) foi aprovado, em 6 de agosto deste ano, pelo MEC/Secad (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade) e visa a implantação e o desenvolvimento de cursos de licenciatura interculturais para a formação de professores indígenas em nível superior.

Foram selecionadas quatro instituições federais, sendo que a UFSC foi a única universidade escolhida das regiões Sul e Sudeste. As demais são a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. Serão oferecidas 120 vagas, sendo destinadas 40 para cada povo indígena que vive na parte meridional do Bioma Mata Atlântica: Guarani (ES, RJ, SP, PR, SC, RS), Kaingáng (SP, PR, SC, RS) e Xokleng (SC).

O regime será presencial, com duração de quatro anos. Porém, as aulas serão alternadas pelo Tempo Comunidade-Universidade, ou seja, uma parte do curso será ministrada na UFSC e em outro momento os professores irão até as aldeias, uma das exigências do Edital PROLIND. Por isso a importância do projeto ter sido aprovado na íntegra e receber recursos específicos (R$ 480 mil por ano). Segundo a coordenadora da Ciesi, professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold, o Tempo Comunidade-Universidade faz com que os indígenas não se afastem de suas aldeias por um período muito longo.

O graduado no Curso de Licenciaturas dos Povos Indígenas do Sul da Mata Atlântica terá habilitação para atuar como professor em comunidades indígenas e em instituições de ensino. “A importância deste curso é instrumentalizar os indígenas para que eles possam trabalhar melhor com seus alunos nas suas comunidades, e também pela convivência dos indígenas com os estudantes e professores da UFSC, para que todos cresçam juntos, no convívio, na interculturalidade. Além do reconhecimento de que há povos indígenas no Sul do Brasil, pois quando se fala em “índios” muitos só pensam na Amazônia”, relata Ana Lúcia.

A graduação está em processo de construção, de definições. Será composta por professores de diversos segmentos da universidade, como os departamentos de História, Antropologia e Direito, Museu Universitário, além de outros que estão sendo consultados e/ou e convidados. Devido às especificidades da matriz curricular haverá contratações para disciplinas específicas, como Língua e História Indígena, Gestão Educacional Indígena e Território e Territorialidades.

A partir da 5ª fase, os graduandos terão que escolher entre três habilitações: licenciatura das Linguagens; em Humanidade; do Conhecimento Ambiental. O Departamento de História da UFSC é pioneiro em abrigar esse gênero de curso. Na modalidade de curso piloto terá um vestibular diferenciado, com ingresso de turma única e avaliações constantes durante a vigência, na expectativa de que se torne uma política permanente na Universidade.

Mais informações pelo telefone (48) 3721-9642, com a professora Ana Lúcia Vulfe Nötzold.

Por Fernanda Burigo / Bolsista de Jornalismo na Agecom