Maria Luiza Belloni retorna à UFSC e lança livro sobre infância
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSC, Maria Luiza Belloni, que se aposentou em 2005, volta a trabalhar na instituição, assumindo atividades de docência e pesquisa. No período que ficou ausente do campus, Belloni morou na França, mas continuou atuando junto ao Grupo de Pesquisa Comunic, ligado ao Laboratório de novas tecnologias do Centro de Educação, em pesquisas sobre mídia-educação, infância, aprendizagem e tecnologias da informação e comunicação, e educação a distância.
Socióloga de formação, há mais de 20 anos Belloni atua na interface das áreas de sociologia, comunicação e educação. Escreveu os livros: ‘O que é mídia-educação’, ‘A formação na sociedade do espetáculo’, junto com pesquisadoras do grupo Comunic, e ‘A dimensão política da comunicação’, em colaboração com professores da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.
Foi uma das primeiras pesquisadoras do país a discutir o papel da televisão educativa, e as dimensões políticas e educativas da imprensa e da televisão. Na década de 80 seu trabalho voltou-se para a pesquisa sobre as relações de crianças e adolescentes com as mídias. Seus estudos focam as relações que as crianças constroem e vivenciam em seus universos de socialização, nos quais as mídias/TICs desempenham papéis cada vez mais complexos e importantes
Na UFSC Belloni além da docência, desenvolveu projetos de pesquisa e extensão na área da mídia educação, com diferentes equipes e com o apoio do CNPq, apresentados em revistas acadêmicas e no livro “Crianças e mídias no Brasil: cenários de mudanças”.
Sempre à frente da sua época, Belloni traz no seu último livro, ‘O que é sociologia da infância’, que terá lançamento no dia 30 de setembro, às 16h, no Auditório do CED, sua reflexão atualizada sobre o papel das diferentes mídias na formação das novas gerações.
No livro, Belloni faz uma ressignificação do conceito de ‘socialização’ situando o ‘indivíduo plural na modernidade líquida’ diante de novos paradigmas que surgem a partir dos estudos interdisciplinares da criança. Criança? Qual criança? Pergunta-se a autora, que explica: “As transformações relativas à infância estão entre as mais significativas mudanças socioculturais ocorridas ao final do século vinte: mudaram os valores, as representações e os papéis atribuídos às crianças nas sociedades ocidentais. Doravante a criança é reconhecida como um valor em si, no presente, não mais como uma promessa para o futuro (da nação, da família): a criança é desejada, amada, protegida, consultada. Esta valorização inédita de um grupo social antes dominado e dependente provoca debates e polêmicas exigindo uma reflexão nova e inovadora nas ciências sociais e na educação, no sentido de melhor compreender a infância hoje e as implicações destas mudanças para os processos de socialização das novas gerações”.
A autora fundamenta a sua reflexão em três eixos temáticos: a infância, as mídias e a educação’. A infância, para a autora, é uma categoria teórica e construção sócio-histórica que contextualiza e enfoca a situação de crianças reais, enquanto cidadãs com direito a ter direitos. Os sistemas de mídias, ela entende como um conjunto de dispositivos complexos formados de empresas industriais e comerciais que produzem mercadorias materiais e imateriais, e que atuam em redes de difusão e troca de mensagens. E, os sistemas de educação, são descritos como um conjunto de dispositivos especializados na socialização sistemática e institucionalizada das novas gerações.
Para Belloni, a criança é a pessoa, o cidadão com direitos, e deve ser considerada como um ator social, sujeito de seu processo de socialização, um consumidor com poder, um indivíduo emancipado em formação, isto é, que está aprendendo (ou não) a exercer seus direitos. A infância é uma categoria ao mesmo tempo social e sociológica, noção construída para dar conta do fenômeno social, tanto em nível das representações sociais, quanto no âmbito das ciências humanas. Segundo a autora, no momento atual dos estudos da infância, é preciso avançar na discussão e tentar ir além da história da idéia de infância e pensar a mudança histórica para o futuro.
Incansável, a professora salienta que, com esta obra, pretende “contribuir, ainda que muito modestamente, à construção do conhecimento na área e de cenários de mudança que possibilitem à escola e às mídias cumprirem seus papeis de instâncias formadoras da cidadania e de inclusão de todas as crianças e adolescentes aos benefícios do desenvolvimento típicos da sociedade do século 21”.
Evento:
O quê: Palestra e lançamento do livro O que é sociologia da informação
Quando: 30 de setembro de 2009, às 16h
Onde: No Auditório do Centro de Educação (CED) da UFSC
Currículo resumido da autora:
Maria Luiza Belloni foi professora e pesquisadora na Universidade Federal da Bahia, na Universidade de Brasília e na Universidade Federal de Santa Catarina. Aposentada desde 2005, continuou atuando junto ao Grupo de Pesquisa Comunic, ligado ao Laboratório de novas tecnologias do Centro de Educação da UFSC, em pesquisas sobre mídia-educação, infância, aprendizagem e tecnologias da informação e comunicação e educação a distância (www.comunic.ufsc.br); e agora retoma as suas atividades docentes na instituição.
Com graduação (UFRGS) e mestrado em Sociologia (Universidade Paris III, Sorbonne Nouvelle), especialização em Metodologia de Pesquisa (FGV/RJ) e doutorado em Ciências da Educação (Universidade Paris V, Sorbonne), realizou também um pós-doutorado em Comunicação Política (CNRS, França) e um pós-doutorado em Educação a Distância (Universidade Aberta de Portugal). Publicou artigos em revistas científicas e os livros Educação a distância, O que é mídia-educação, A formação na sociedade do espetáculo (em colaboração com colegas do grupo Comunic) e A dimensão política da comunicação (em colaboração com colegas da FGV/RJ).