Instituto Nacional de Pesquisa Brasil Plural apoia lançamento de livro sobre a etnografia da música Guarani

Área Indígena Pirajuy, Paranhos (MS).
O livro ´Através do Mbaraka – Música, dança e xamanismo Guarani` é fruto da tese de doutorado de Deise e traz resultados de pesquisa de campo realizada durante oito meses. Nesse período a professora morou na casa de índios guarani kaiová, nhandeva e mbyá, nas áreas Amambai e Pirajuy, no Estado do Mato Grosso do Sul, e Mbiguaçu e Morro dos Cavalos, em Santa Catarina.
“O estudo revela a importância da música nas culturas ameríndias tropicais, especialmente no plano ritual, somando-se ao conjunto ainda pequeno de estudos sobre esse assunto”, informa a professora, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), integrante do Comitê Gestor do Instituto Brasil Plural.
“Apresento a narrativa da história de vida e da iniciação ao xamanismo da mulher que foi minha principal informante, Odúlia Mendes, chamando a atenção para como, tanto em sua vida, como nos mitos de criação guarani, os cantos e as danças são o caminho através do qual ocorre a comunicação e o encontro com as divindades e com os criadores ancestrais, e se viabiliza a continuidade da sobrevivência da Terra.”, explica a professora.
Segundo ela, com a análise do material musical, das letras das canções e das coreografias do ritual, são explorados diversos aspectos da teoria musical nativa e identificados dois gêneros: um relacionado à prece e outro à guerra. No gênero que a pesquisadora identificou estar relacionado à prece a ao sentimento de saudade, a xamã exorta os participantes a ouvir. “Enquanto ouvem, cantam e dançam há uma polifonia de vozes, da xamã, dos deuses, dos participantes, que vão se alternando enquanto é percorrido o caminho”, descreve a professora.
O outro gênero, relacionado à guerra, é acompanhado por coreografias de luta, movimentos de ataque e defesa descritos pelos informantes como um treino de habilidade para formação de guerreiros. “Os Guarani têm quinhentos anos de contato com o Ocidente, e neste trabalho, através do estudo da música nos seus rituais cotidianos e comparando com dados de outros grupos indígenas e de outros continentes, verifica-se como as práticas rituais são constitutivas da sua cultura”, avalia a professora.
Instituto Brasil Plural
O assunto abordado pelo livro está diretamente relacionado aos temas e linhas de pesquisa propostos pelo Instituto Brasil Plural, um esforço conjunto de pesquisadores de diferentes instituições, campos e especialidades da antropologia. A proposta do grupo é refletir sobre uma outra imagem sociocultural do Brasil, a partir de uma comparação entre a Amazônia e o Sul do Brasil. A coordenação é da professora Esther Jean Langdon, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSC.
Povos indígenas, populações rurais, comunidades afro-descendentes, caboclos e agrupamentos religiosos estão entre os focos da entidade que receberá, nos próximos três anos, R$ 2,4 milhões para colaborar com a realização de estudos sobre a Amazônia e o Sul do Brasil. Os recursos são provenientes da CNPq, da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). De acordo com a professora Esther, a proposta contempla um amplo campo de pesquisas, de formação, de extensão e de intervenção, prevendo estudos comparativos entre as duas realidades.
“O objetivo maior do instituto é desenvolver, em ambas as regiões, um programa comparativo de pesquisas que permita sustentar, por um lado, atividades de formação avançada de cientistas sociais com uma visão mais ampla e articulada das várias realidades brasileiras, e por outro lado um conjunto de ações de divulgação e extensão e de subsídios para ações de intervenção e de políticas públicas”, detalha a professora.
Mesa-redonda
Antes do lançamento do livro haverá uma mesa-redonda com os professores Rafael José de Menezes Bastos (Núcleo de Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e no Caribe), Sônia Weidner Maluf (Núcleo Estudos de Modos de Subjetivação e Movimentos Contemporâneos) e Esther Jean Langdon (Instituto Brasil Plural).
Mais informações sobre o livro com a professora Deise Lucy Oliveira Montardo, e-mail: deiselucy@ufam.edu.br / deiselucy@gmail.com
Mais informações sobre as propostas e formas de atuação do
Instituto com a professora Esther Jean Langdon, e-mail: jean@cfh.ufsc.br, Telefone: 48 3721-9714 – ramal 26 / secretariaibp@brasilplural.ufsc.br
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