Mesa-redonda discute problemas e perspectivas de afrodescendentes

21/08/2009 13:18

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

Fotos: Paulo Noronha / Agecom

“África no Brasil: problemas e perspectivas” foi o tema da mesa que aconteceu nesta quarta-feira (19), no auditório do Centro de Comunicação e Expressão (CCE). O encontro fez parte do seminário internacional “Um outro olhar sobre África: história e perspectivas”. A coordenadora foi Juliana Regazoli, integrante do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da UFSC. Participaram a professora Fabiane Popinigis, o professor Marcos Rodrigues da Silva e o professor Marcelo Tragtemberg.

Fabiane Popinigis, que é pós-doutoranda no Departamento de História da UFSC, onde ministrou por dois anos a disciplina História da Africa, falou sobre a História da África e da diáspora no Brasil, apontando a importância do ensino e pesquisa sobre o continente africano como forma de modificar as concepções europocêntricas aprendidas tanto no ensino médio quanto no meio universitário. Popinigis afirmou que a aprovação da lei 10.639 é um ganho importantíssimo, fruto de demandas dos movimentos sociais, e que é preciso fazer valer a lei, instrumentalizando profissionais do ensino para ministrar os cursos de História da África e cultura afro-descendente. Além disso, as temáticas referentes ao continente africano devem estar presentes em outras matérias e disciplinas também.

O professor Marcos Rodrigues da Silva, do Departamento de História da Universidade Regional de Blumenau (FURB), debateu principalmente sobre elementos que unem os afrodescendentes. Silva acredita que esses aspectos sejam o legado de identidade, a herança simbólica, a memória e as tradições religiosas. O professor falou da grande empatia que os afro-brasileiros sentem um pelos os outros, apesar da falta de parentesco. “Para aprender a tradição africana é preciso ouvir muito e falar pouco, ter uma tradição oral” diz Silva.

O último participante, o professor Marcelo Tragtemberg, do Departamento de Física da UFSC, integrante da Comissão de Acompanhamento de Ações Afirmativas, falou sobre escravidão negra, esmagamento cultural e política de branqueamento. Também apresentou diversas estatísticas sobre educação, comparando brancos e negros. Para Tragtemberg, só a educação não basta, é preciso interferir em outros campos. O professor levantou questões como “o que acontece depois deles se formarem?” e “como dissolver o preconceito?”. Também mostrou benefícios das ações afirmativas.

O seminário internacional “Um outro olhar sobre África: história e perspectivas” foi uma iniciativa do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros da UFSC, formado por professores e estudantes africanos, brasileiros da universidade e de outras instituições, que propõem uma abordagem contemporânea sobre seu continente.

Por Fernanda Burigo / Bolsista de Jornalismo na Agecom