Laboratório de Mamíferos Aquáticos da UFSC estudará baleia encontrada morta na Galheta

18/08/2009 16:41

A baleia encontrada morta na Praia da Galheta, em Florianópolis, no dia 12 de agosto, será estudada pelo Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LAMAQ) da UFSC.

No dia 13, alunos do Curso de Biologia, técnicos e professores da UFSC e voluntários da ONG R3 Animal dissecaram e tomaram medidas do animal e realizaram a coleta de algumas amostras. O esqueleto foi removido para o laboratório por técnicos do LAMAQ e agentes da Polícia Ambiental, trabalho que durou cerca de seis horas. Os órgãos internos, a gordura e a musculatura foram enterrados na praia.

O animal era um macho adulto da espécie Minke anã – uma das menores espécies de baleia do mundo – e tinha cerca de 6,5 metros e quase cinco toneladas. Segundo a bióloga Carolina Loch Santos da Silva, colaboradora do grupo de pesquisa do LAMAQ, análises preliminares mostram que o crânio e outros ossos do animal estavam fraturados, o que indica que ele possa ter se chocado com alguma embarcação e chegou já sem vida à Praia da Galheta.

O material coletado pelo LAMAQ vai passar por um processo de maceração e preparação que levará de três a quatro meses, e então estará pronto para ser analisado. “Não há previsão de duração dos estudos com o material, vai depender da demanda e dos trabalhos que estiverem sendo desenvolvidos pelos pesquisadores”, disse a bióloga. O esqueleto ficará nas dependências do LAMAQ, mas partes dele poderão ser expostas em eventos de divulgação, como a Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPEX).

São as baleias Francas as que costumam se aproximar mais e que visitam os litorais catarinenses nos meses de inverno. Essas podem medir até 17 metros e pesam de 40 a 80 toneladas. As da espécie encontrada têm em média tamanho de sete metros e peso de seis toneladas. As Minke anãs costumam nadar apenas pelo oceano, longe das costas.

“Esta é uma das espécies de baleia que menos se conhece sobre sua ecologia, reprodução, biologia, alimentação e outros aspectos. Assim, o estudo de carcaças desses animais mortos é uma excelente oportunidade para o desenvolvimento de pesquisas básicas sobre a espécie. Como não é uma espécie costeira, é difícil estudá-las na natureza, assim o estudo de animais mortos é fundamental para começarmos a desvendar esse quebra-cabeça sobre a biologia dos cetáceos”, afirmou Carolina.

Saiba mais LAMAQ

O LAMAQ integra o Departamento de Ecologia e Zoologia do Centro de Ciências Biológicas (CCB) e é coordenado pelo professor Paulo César Simões-Lopes. Foi inaugurado em 1988 e sua coleção científica engloba hoje mais de 3 mil peças preservadas, 300 delas referentes aos mamíferos aquáticos. Também fazem parte dessa coleção alguns mamíferos terrestres do Estado. O laboratório organiza diversas exposições, cursos e palestras e atualmente é referência internacional de pesquisa na área.

Por Natália Izidoro / Bolsista de Jornalismo da Agecom