Ano Internacional da Astronomia: pesquisadora do Observatório de Paris fala na UFSC sobre vida e morte das estrelas
Nascimento, vida e morte das estrelas são temas de uma nova palestra na UFSC em comemoração ao Ano Internacional da Astronomia . O encontro será realizado na terça-feira, 25 de agosto, a partir de 19h, no auditório da Reitoria.
A convidada é a pesquisadora francesa Grazyna Stasinska, do Observatório de Paris. Especialista em nebulosas, Grazyna fará uma palestra com o título ´Porque as estrelas são importantes para nós`.
“Vou explicar que é dentro das estrelas que se formam os elementos químicos. Também vou abordar a possibilidade de vida em outros planetas”, adianta a especialista em nebulosas, regiões de formação de estrelas e de galáxias.
Grazyna está no Brasil para participar da 27ª Assembleia Geral da União Astronômica Internacional, que acontece no Rio de Janeiro até 14 de agosto. Ministra a palestra na UFSC a convite do Grupo de Astrofísica, equipe ligada ao Departamento de Física com quem desenvolve pesquisas.
A professora nasceu e se formou na França. Desenvolveu sua tese de doutorado no Observatório de Paris, em 1978. No início dos anos 70 passou 18 meses no Instituto Astronômico e Geofísico de São Paulo. “Foi naquele tempo que aprendi o português”, conta a estudiosa que tem colaboradores em vários paises, especialmente no Brasil, México, Polônia e Ucrânia. Também é responsável por uma pesquisa envolvendo cerca de 80 participantes da França e da Polônia, país de suas raízes.
Grazyna colabora desde o ano 2004 com o grupo do professor Roberto Cid Fernandes, do Departamento de Física da UFSC, estudando o conteúdo de centenas de milhares de galáxias, para entender sua formação e evolução. Um dos resultados de maior destaque foi a identificação de um grupo de galáxias que ela chamou de “aposentadas”, porque pararam de formar estrelas há muito tempo. O trabalho foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (jornal da Royal Astronomical Society) e, no Brasil, foi destacado na Folha de São Paulo.
O ciclo ´Grandes temas da astronomia moderna` já trouxe para a UFSC os astrônomos Jorge Quilffeldt (do Instituto de Biociências da UFRGS, que falou sobre astrobiologia, água e vida no sistema solar e além; João Steiner (do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo, que ministrou palestra com o tema Buracos negros, cemitérios cósmicos; Renan Medeiros (do Departamento de Física Teórica e Experimental da UFRN, que abordou o tema Os Novos Mundos do Cosmos e Carlos Wuensche (da Divisão de Astrofísica do INPE, que trouxe para a UFSC palestra sobre a radiação cósmica de fundo.
Os encontros são realizados no auditório da Reitora, a partir de 19h. Após as palestras há sessão de observação do céu com telescópios, no Observatório Astronômico da universidade.
Mais informações: astro@astro.ufsc.br / fone 3721-8238
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Saiba Mais:
“Galáxias Aposentadas”
Alguns resultados do estudo realizado pela pesquisadora francesa Grazyna Stasinska com participação da UFSC:
– Os astrônomos são capazes de analisar a luz emitida pelo gás quente galáctico e distinguir as galáxias onde o gás é aquecido predominantemente por estrelas recém-nascidas.
– Uma galáxia que trabalha de verdade possui um suprimento grande de gás que pode ou se condensar, formando novas estrelas, ou espiralar, como água pelo ralo, para dentro dos buracos negros com massas milhões de vezes maiores que a do Sol que a maioria das galáxias têm em seus núcleos.
– Existe um tipo duvidoso de galáxia, chamado de Liners, sigla em inglês para regiões de emissão nuclear de baixa ionização.
– O estudo de Grazyna em colaboração com a UFSC propõe uma explicação para a origem de parte das Liners. De acordo com essa pesquisa, algumas Liners podem ser galáxias “aposentadas”, que não têm mais gás para trabalhar e só têm estrelas velhas.
– Nos estudos foi usado um programa de computador desenvolvido pelo professor da UFSC Roberto Cid Fernandes em 2005 para analisar a luz de mais de meio milhão de galáxias obtidas pelo SDSS (Sloan Digital Sky Survey), um grande esforço de mapeamento do céu que usa um telescópio de 2,5 metros de diâmetro no sul dos EUA.
– O software, chamado de Starlight, analisou a luz de cada galáxia, separando a contribuição de suas estrelas por “faixa etária”.
Fonte: Brasileiros descobrem que galáxias “aposentadas” se disfarçam de ativas
Reportagem de Igor Zonerkevic / colaboração para a Folha de S.Paulo / publicada em 22/09/2008