Acadêmica investiga a construção de pessoas com deficiência

19/08/2009 17:29

Anahi Guedes de Mello, aluna do Curso de Graduação em Ciências Sociais, apresentou nesta terça, 18/08, o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) “Por uma Abordagem Antropológica da Deficiência: pessoa, corpo e subjetividade”.

Com foco sobre as questões de construção da pessoa, do corpo e da subjetividade, a estudante investigou de forma qualitativa um universo de pessoas com deficiência visual e física, ligados em algum grau ao ativismo. Em sua pesquisa Anahi aborda a deficiência como um regime de subjetivação.

“Por que essa proposta de conceber a deficiência como um modo de subjetivação? Que a deficiência é parte constitutiva da identidade das pessoas com deficiência, isso eu já sabia como nativa. Mas, como pesquisadora, eu questionei se em relação às outras deficiências esse processo operava na mesma ´lógica` que eu via e já experimentara (com certo desgosto, é verdade) na surdez, a partir das oposições ou categorias acusatórias entre surdos oralizados e surdos sinalizados”, explicou Anahi.

A estudante encontrou o tom de sua experiência etnográfica no discurso das pessoas com deficiência entrevistadas através da análise da forma como dão sentido à deficiência. Observou que alguns de seus interlocutores gostam de ter deficiência, criando para si uma bioidentidade social a partir dela. Outra observação etnográfica relevante remete ao aproveitamento da deficiência como uma rica oportunidade de aprendizado, de crescimento e de amadurecimento, característica comum a todos os participantes.

Na narrativa dos entrevistados é possível identificar uma ressignificação da deficiência a partir do momento em que os sujeitos tomam consciência de si, através de um processo simbólico de auto-aceitação da realidade do corpo deficiente como um outro modo de existência corporal. A auto-aceitação também é observada através de estratégias de subjetivação, que se dá na forma de abordar a deficiência em piadas, de atribuir apelidos carinhosos às próteses, as quais são tratadas como extensão de seu corpo, e das práticas de ativismo.

A banca composta pela professora e orientadora Sônia Weidner Maluf e os professores Adriano Nuernberg, Everton Luis Pereira e Esther Jean Langdon, foi enfática em destacar a consistência do levantamento teórico realizado por Anahi. Os docentes comentaram o potencial do tema, considerado como uma proposta de grande relevância e base para muitos outros estudos na área das Ciências Sociais.

Por Mara Paiva/ Jornalista na Agecom

Fotos: Lucas Sampaio/ Bolsista de Jornalismo na Agecom