Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo reporta três décadas de conflito no Saara Ocidental

03/07/2009 16:08

Fotos: Laura Daudén

Fotos: Laura Daudén

“Nem Paz Nem Guerra”, esse foi o tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Laura Daudén e Giovana Suzin que elaboraram um livro-reportagem com 190 páginas sobre as três décadas de conflito no Saara Ocidental, a última colônia africana. As alunas de Jornalismo da UFSC realizaram o projeto em 40 dias de viagem entre a Espanha e o Saara Ocidental, passando pelo Marrocos e Argélia, mas antes, durante sete meses, estudaram a cultura saaraui e toda história da guerra que começou em 1975. As apresentações de TCCs começaram segunda-feira, dia 29 e vão até sexta-feira desta semana, sempre no auditório Henrique Fontes do Centro de Comunicação e Expressão (CCE).

O conflito começou quando a Espanha, até então colonizadora do Saara Ocidental, passou os poderes administrativos do país africano para os vizinhos Marrocos e Mauritânia, em outubro de 1975. A Corte Internacional de Justiça de Haia nunca aprovou essa atitude e desconsidera qualquer soberania sobre o Saara Ocidental. No mesmo mês o Marrocos e a Mauritânia invadiram o Saara Ocidental, obrigando grande parte da população saaraui a fugir. Um ano depois, em 1976, a república do Saara Ocidental foi fundada no território da Argélia, mas a guerra continuou até 1991 quando a ONU decretou o cessar-fogo. Desde então nenhum tratado de paz foi assinado e a população saaraui continua vivendo em campos de refugiados, que chegam a 200 mil habitantes, ou exilada em países vizinhos.

Foi exatamente para o centro dessa história que as alunas do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina foram desenvolver a grande reportagem que seria o seu TCC. Todo o material foi produzido por elas, que começaram as pesquisas ainda no Brasil através da internet. Depois entraram em contato com as organizações e autoridades envolvidas no conflito e providenciaram a documentação. Sem conseguir financiamento, elas bancaram toda a viagem.

Segundo as alunas o momento mais marcante foi chegar ao muro de areia. Com uma extensão de 2.200km e com 100 mil soldados vigiando, o muro separa o Saara Ocidental da parte do Saara que segue ocupada pelo Marrocos. A área possui uma enorme quantidade de minas terrestres plantadas durante a guerra, o que impede qualquer aproximação. “Ver o Muro ali, na nossa frente e sentir que ele existe é uma sensação muito estranha e marcante”, conta Laura Daudén.

Dois meses depois de voltaram da África, o projeto, que conta a história do Saara Ocidental através dos saaraui, estava concluído.

O livro está dividido em cinco capítulos, mais introdução, e tem mais de 100 imagens. As alunas obtiveram nota máxima pela banca e uma veemente sugestão para publicação do material.

Mais informações e material fotográfico com: laura.dauden@hotmail.com

Por Erich Casagrande/bolsista de jornalismo da Agecom

Sobre as fotos:

1 – O povo saaraui foi obrigado pelas circunstâncias a incorporar a paciência ao seu modo de vida. Há três décadas, essa é a maneira de resistência que esses homens e mulheres do deserto encontraram para driblar o vai-e-vem da política.

2 – Pelotão de jovens saarauis que se formam soldados passa em revista durante as celebrações militares em Tifariti.