Programa de Pós-Graduação em Geografia discute parques geológicos e geoturismo

30/07/2009 13:14

Geoparque Araripe. Fotos Site Oficial

Geoparque Araripe. Fotos Site Oficial

Um dos maiores especialistas da Europa em patrimônio geológico e geoparques, o professor José Bernardo Rodrigues Brilha, do Núcleo de Ciências da Terra, da Universidade do Minho (Portugal), é o principal ministrante do curso Patrimônio Geológico, Geoconservação e Geoparques, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC até esta sexta-feira, 31/7. Organizada em uma parceria da UFSC como o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e Universidade do Minho, a capacitação trouxe para Santa Catarina a discussão de uma nova visão sobre a geologia, a geodiversidade e sua importância.

“As pessoas não se apercebem do valor da geodiversidade, desconhecem como as coisas aparecem em suas casas, que o vidro de suas janelas contém minerais, assim como celulares, aparelhos de televisão e telefone. A criação de geoparques faz parte de um movimento que busca promover a compreensão sobre a história geológica da Terra”, explica o professor Brilha, membro do Comitê Científico do Programa Geoparks, criado pela Unesco em 2001. Ele ressalta que o objetivo destes novos conceitos não é isolar territórios, mas traçar estratégias para desenvolver as populações e ao mesmo tempo proteger minerais, rochas, fósseis, paisagens e outros elementos que ajudam a conservar e divulgar a trajetória de nosso planeta.

Novo no Brasil, o tema envolve o turismo qualificado e o desenvolvimento sustentável de áreas com alto valor geológico e paleontológico. O conceito de geoparque surgiu nos anos 90. Os primeiros territórios do gênero foram criados em 2000, na Alemanha, Grécia, Espanha e França. Um ano depois foi criada a Rede Européia de Geoparques.

“O objetivo de um geoparque é que as populações que habitam esse território se desenvolvam a partir do patrimônio geológico, em associação com o patrimônio vegetal e cultural”, ressalta o professor. Segundo ele, um geoparque pode auxiliar na compreensão sobre a biodiversidade de uma região e sua cultura, que estão diretamente ligadas à geografia e à geologia do território.

“O material do que as casas são feitas, a agricultura, a vegetação, tudo está relacionado à geologia, à geodiversidade. O geoturismo pode ajudar as pessoas a fazerem estas relações. É um turismo interpretativo”, defende o professor.

De acordo com Brilha, a Unesco faz o reconhecimento de geoparques desde 2004. Atualmente há mais de 50 unidades no mundo. O Brasil é o único país das Américas que tem um geoparque reconhecido, o Geoparque Araripe, no Ceará. Há propostas para criação de outros, entre eles o Geoparque Serra da Bodoquena – Pantanal, em Mato Grosso do Sul; o Geoparque Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais, e dos Campos Gerais, no Paraná.

Na opinião do professor, o Brasil, por sua dimensão, tem grande potencial para criação de geoparques, com relevância nacional e internacional. Falta inventariar esse patrimônio, para que ele seja conhecido e seja possível promover sua conservação. “Os países europeus têm seu inventário e essa não é tarefa fácil. Mas é possível, utilizando metodologias corretas. É uma opção de responsabilidade das autoridades do país”, considera o professor.

O objetivo do curso promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC é divulgar os conceitos de geoparque e de geoturismo como estratégias para conservação da natureza. Busca também sensibilizar pesquisadores, dirigentes e políticos para a necessidade de implementar estratégias de geoconservação.

Nesta sexta-feira, a partir de 14h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, local em que é realizada a capacitação, o tema em foco será ´A viabilidade de criação de geoparques em Santa Catarina`.

Mais informações sobre o curso com a professora Maria Lúcia de Paula Hermann, fone 3721-9412

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

Saiba Mais:

Geoparque da Floresta Petrificada de Lesbos

Floresta Petrificada de Lesbos

Floresta Petrificada de Lesbos

Está entre os primeiros geoparques criados no mundo. Localizado na Ilha de Lesbos, na Grécia, tem como principal patrimônio árvores petrificadas. É considerado uma janela na história geológica da região do Aegean (Mar Egeu), nos últimos 20 milhões de anos. Além de extensa área protegida, conta com estudos, pesquisas, preservação e promoção do Museu de História Natural da Floresta Petrificada de Lesbos, vinculado ao Ministério da Cultura da Grécia.

Geoparque Araripe

Localizado no Ceará, na Bacia do Araripe, é um dos principais sítios do Período Cretáceo da Terra. No Araripe está mais de um terço de todos os registros de pterossauros descritos no mundo, mais de 20 ordens diferentes de insetos. Há similares destas espécies na África, indício de quando os continentes foram um só, na época do continente primaz Gondwanna. Além dos pterossauros, foram descritos na região pelo menos dois dinossauros, o Santanaraptor e o Irritator.

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