Centros de Informação e Assistência Toxicológica discutem inserção no SUS
Criar uma política nacional de informação e assistência tóxico-farmacológica, com diretrizes claras de participação dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CITs) no Sistema Único de Saúde. Este é o principal foco de um evento aberto na manhã desta quarta-feira (08/07) no hotel Castelmar, em Florianópolis, com a presença do vice-reitor da UFSC, Carlos Alberto Justo da Silva, de representantes de 29 centros de todo o país e do Ministério da Saúde. Até sexta-feira, a Reunião Técnica Nacional dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica discutirá ainda temas como a harmonização do sistema, a certificação dos centros e a incorporação da telemedicina à rotina dos CITs.
A promoção da reunião técnica é do Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC), criado em 1984 e que já realizou mais de 130 mil atendimentos nesses 25 anos de atuação. As intoxicações por uso inadequado de medicamentos lideram o ranking dos casos atendidos, seguidas pela ingestão de produtos de uso doméstico (água sanitária, por exemplo), pelo efeito de agrotóxicos e por mordidas de animais peçonhentos. A supervisora do CIT é a professora Marlene Zannin, do Centro de Ciências da Saúde da UFSC, que também preside a Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica e Toxicologistas Clínicos (Abracit).
Atendendo 24 horas por dia, o CIT/SC recebeu 11 mil consultas no ano passado e, além de providenciar socorro em situações de emergência, tira dúvidas da população acerca de procedimentos em casos de intoxicações e mordidas de cobras e aranhas, entre outros. “Hoje, é comum o uso equivocado de pesticidas também no meio urbano”, diz a professora Marlene. Tem crescido, igualmente, os casos de mães que utilizam produtos inadequados para combater piolhos nos filhos e as ocorrências envolvendo produtores rurais que desconhecem o manejo correto de defensivos agrícolas. O CIT/SC atende pelo fone 0800 643 5252.
Melhorias – O CIT/SC trabalha em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, seguindo um modelo adotado em vários estados. Segundo Marlene Zannin, é fundamental que os centros sejam inseridos no processo de gestão do SUS, ganhando maior visibilidade, eficiência, estrutura e recursos. Hoje, afirma ela, 60% da mão-de-obra do CIT é absorvida por estudantes, em vista da falta de profissionais para garantir o atendimento 24 horas. “Em nível nacional, enfrentamos a falta de homogeneidade e de padronização de condutas”, diz Marlene.
O vice-reitor da UFSC, Carlos Alberto Justo da Silva, que já foi diretor do HU, elogiou o modelo de parceria entre a Universidade e o Estado para tratar da informação e assistência toxicológica. Para ele, a população tem a ganhar com isso, porque o trabalho conjunto aumenta a abrangência do atendimento. De sua parte, a Universidade aprimora sua atuação nas áreas do ensino, pesquisa e extensão, preparando melhor os estudantes dos cursos da área médica para o exercício da profissão, no futuro.
A representante do Ministério da Saúde, Maria Inez Gadelha, fez uma exposição sobre o funcionamento da Secretaria de Atenção à Saúde e sobre como os centros de informação e assistência toxicológica podem ter seu trabalho incluído no sistema administrado pelo SUS. Ela levará as proposições do encontro técnico de Florianópolis a uma reunião marcada para o dia 16 deste mês em Brasília, com a participação de diferentes instâncias do Ministério.
Mais informações podem ser obtidas com a presidente da Abracit, Marlene Zannin, pelos fones (48) 3721-8085 e 9982-9534 ou pelo e-mail cit@reitoria.ufsc.br.
Por Paulo Clovis Schmitz/ jornalista na Agecom