Pesquisador brasileiro que participa de projeto da Nasa ministra palestra na UFSC sobre ´Arqueologia Cósmica`
Em janeiro desse ano foi anunciada durante a 213ª Reunião da Sociedade Astronômica Americana, em Long Beach, Califórnia (EUA), a detecção de um sinal cósmico misterioso, em frequências de rádio. A equipe de pesquisadores chegou ao sinal quando realizava medidas do céu em micro-ondas, à procura da energia emitida pelas primeiras estrelas que se formaram o Universo, a Radiação Cósmica de Fundo.
Carlos Alexandre Wuensche, da Divisão de Astrofísica do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), um dos pesquisadores brasileiros que participou do experimento da Nasa, estará na UFSC no dia 15 de junho, para uma palestra integrada às comemorações do Ano Internacional da Astronomia. ´Arqueologia cósmica com a Radiação Cósmica de Fundo em Micro-ondas` é o tema do encontro que será realizado a partir de 19h, no auditório da Reitoria da UFSC.
“A Radiação Cósmica de Fundo é a mais antiga fonte de observação direta do Universo de que dispomos e uma evidência sólida de que o modelo do Big Bang é a melhor descrição do processo de criação do Universo”, adianta Carlos, que há vários anos estuda os “ruídos” do universo.
Segundo ele, a partir das propriedades medidas da Radiação Cósmica de Fundo (sua temperatura, distribuição angular no céu e grau de polarização) é possível extrair informações sobre as características do Universo muito jovem.
“De forma semelhante a um arqueólogo que coleta fósseis e relíquias para construir uma imagem do passado à luz do que se conhece no presente, cosmólogos estudam as propriedades da Radiação Cósmica de Fundo como um um fóssil do Big Bang, para tentar entender como o Universo evoluiu para o que hoje observamos”, explica Carlos, que vai discutir em sua palestra desafios enfrentados pela cosmologia moderna para descrever o Universo e como as observações da Radiação Cósmica de Fundo podem auxiliar a compreensão de uma série de questões a respeito do Cosmos. Entre elas, como galáxias e aglomerados se formaram; o que é a matéria e a energia escura; qual é a idade do Universo e se o Universo é realmente infinito.
Graduado em Física, com mestrado em Astrogeofísica e doutorado em Cosmologia Experimental, Carlos Alexandre Wuensche mantém colaborações com a Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA), com universidades de Roma e Milão (Itália). Tem experiência na área de Astronomia, com ênfase em Cosmologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Radiação Cósmica de Fundo, Cosmologia, Emissão Galáctica em Microondas, e Instrumentação em Radioastronomia
Atualmente está envolvido em três projetos principais: GEM (Galaxy Emission Mapping), concebido para mapear a emissão sincrotron da nossa Galáxia, em colaboração com a Universidade da Califórnia, Berkeley; COFE (Cosmic Foreground Explorer), concebido para estudar a polarização da Radiação Cósmica de Fundo e contaminantes galácticos que perturbam suas medidas, em colaboração com a Universidade da Califórnia, Santa Bárbara; e ARCADE ( Absolute Radiometer for Cosmology, Astrophysics, and Diffuse Emission), concebido para medir o espectro da Radiação Cósmica de Fundo.
Sua palestra, com entrada franca, sem necessidade de inscrição prévia, será realizada no auditório da Reitoria, a partir de 19h. Na sequencia o público será convidado a contemplar o céu no Observatório Astronômico da UFSC.
Por Arley Reis / Jornalsita da Agecom
Mais informações: astro@astro.ufsc.br / fone 3721-8238
Saiba Mais:
A descoberta anunciada na 213ª Reunião da Sociedade Astronômica Americana
Ao invés do sinal fraco da Radiação Cósmica de Fundo, que esperavam medir, os pesquisadores detectamos um ruído seis vezes mais intenso do que o que havia sido previsto.
Dois pesquisadores brasileiros participaram do projeto: Thyrso Villela, diretor de Satélites e Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB), e Alexandre Wuensche, do grupo de Cosmologia Observacional da Divisão de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Quatro artigos descrevendo o experimento e os resultados já foram submetidos para publicação no periódico The Astrophysical Journal.
(Fonte: – Jornal da Ciência)
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
O ciclo ´Grandes temas da astronomia moderna`
30 Março Jorge Quilffeldt – Instituto de Biociências / Universidade Federal do Rio Grande do Sul – “Astrobiologia : Água e Vida no Sistema Solar e além”
13 Abril João Steiner – Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP) – “Buracos negros, cemitérios cósmicos”
13 Maio Renan Medeiros – Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DFTE/UFRN) – “Os Novos Mundos do Cosmos”
15 Junho Carlos Wuensche – Divisão de Astrofísica / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Agosto Guillermo Tenorio-Tagle / Instituto Nacional de Astrofísica Óptica y Electrónica (México)
Setembro Augusto Damineli – Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP)
Outubro Kepler Oliveira – Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IF/UFRGS)
Novembro Laerte Sodré – Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP)
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