Arte e cultura na universidade
No Brasil, nos últimos anos, a economia da cultura avançou significativamente. Apesar de ainda apresentar dados longe do ideal em comparação com outros países no mesmo estágio de desenvolvimento do nosso país, sinais de mudança são visíveis. Além disso, há uma maior democratização tanto na produção artística quanto no acesso ao produto cultural, se é que podemos chamar assim. Evidências desse processo de crescimento podem ser observadas no Campus da UFSC: a dinamização do Departamento Artístico Cultural, a criação dos cursos de cinema e de teatro e a separação da área cultural da extensionista, com o surgimento da Secretaria Cultura e Arte. Os desdobramentos dessas medidas vislumbram dias melhores para a área cultural na atual administração da UFSC. A área artística administrativamente sempre foi um apêndice, muitas vezes incômodo, da área de extensão.
Presente no I Seminário Nacional de Cultura e Extensão, de 20 a 23 de maio, na bela São João Del Rei, pude constatar que a administração do professor Alvaro Prata teve uma atitude inovadora ao criar a Secretaria Cultura e Arte. Das inúmeras Universidades Federais existentes no Brasil, somente a de Santa Catarina e a de Juiz de Fora têm esse perfil. Evidentemente que, num fórum onde a prioridade é a cultura e no qual IFES enviam como representantes pró-reitores de extensão, essa medida nem sempre é bem-vinda, pois há um sentimento menor de perda de poder. Implantada com restrições de alguns, a criação da SeCArte hoje é vista como um avanço mesmo pela Pró-reitoria de Pesquisa e Extensão.
Essa pioneira reforma que deu mais autonomia para a área de cultura, pouco a pouco, será imitada por outras universidades. Não quero dizer aqui que a área de extensão não é importante, pelo contrário, é importantíssima, nem que não se faça extensão no setor cultural. Deve-se fazer cada vez mais extensão cultural-artística. É importante também esse diálogo entre as duas áreas. Só quero constatar que o crescimento da área cultural e artística na economia mundial requer maior atenção dos administradores para esse setor em ampla expansão.
Isso apenas pensando economicamente a cultura, pois a economia é um setor que todo administrador deve entender, sem falar da importância da arte na vida de qualquer ser humano, o que requer sensibilidade. E foi o que o nosso reitor demonstrou.
Zeca Nunes Pires, cineasta e diretor do Departamento Artístico Cultural da /UFSC