Adoção do ENEM será feita passo a passo, diz vice-reitor da UFSC

Foto: Jones João Bastos
“Nós reconhecemos o valor do ENEM, mas vamos dar um passo de cada vez, a mudança tem que ser gradual para que não haja tumultos e para que estudantes que já vêm se preparando para o vestibular não se sintam prejudicados. Esta tem que ser uma mudança responsável e dialogada e a partir da experiência nada impede que escolhamos uma opção mais ou menos ampla.”
É a segunda vez que o assunto ENEM entra em pauta no Conselho. Mesmo assim, o professor Carlos Alberto ressalta a importância de se discutir de forma mais abrangente a questão, algo que já está sendo feito, por exemplo, pelos diretores de centro. Foi solicitado também um parecer à procuradoria para verificar as questões legais e o tema deve voltar a ser abordado na próxima reunião.
A UFSC estuda a possibilidade de adotar o exame como percentual da nota final (20%) e nas vagas remanescentes. Segundo o vice-reitor, a adesão facultativa do Enem por parte dos alunos e a escolha da opção percentual da nota foram consideradas, pelas outras universidades, medidas conservadoras.
A possibilidade de agregar a nota do ENEM à pontuação final do concurso só entrará em vigor no final do ano, no vestibular 2010. “Essa mudança está sendo vista de uma forma muito equivocada. Estão discutindo o ENEM com foco no acesso, sendo que a proposta vai além da seleção. Ele valoriza mais a habilidade que a memorização. A UFSC entende que é importante adotar uma medida como essa para sinalizar que está interessada no ensino médio, colaborando para apontar mudanças no ensino”, explica o vice-reitor.
Carlos Alberto ainda acrescenta que o ENEM é um processo mais humanizado “sem aquela pressão de ter que ir bem no vestibular. Serão duas provas por ano e além disso o aluno escolhe a sua melhor nota para a seleção.”
Participaram da reunião o reitor, professor Alvaro Toubes Prata, o vice-reitor, professor Carlos Alberto Justo Silva, representantes das pró-reitorias, dos centros de educação, das câmaras, do corpo docente e discente e do corpo técnico-administrativo.
Mais informações na Pró-Reitoria de Ensino: (48) 3721-8309. Informações junto à vice-reitoria pelo fone 3721-9596.
Por Maria Luiza Gil/Bolsista de Jornalismo da Agecom.
Saiba mais
O parecer aprovado na Câmara de Ensino da UFSC leva em conta como contribuições do Enem para a melhoria do processo de ingresso à universidade:
– O Enem trata-se de um exame claramente mais qualitativo em seu processo de avaliação, privilegiando a capacidade de compreensão de texto e o raciocínio lógico, em lugar da memorização e acumulação temporária e descontextualizada de vários conteúdos.
– Sendo o Enem uma prova menos exaustiva, a ser aplicada mais vezes ao ano, o aspecto da pressão psicológica sobre os estudantes, efeito típico do vestibular, é fortemente reduzido.
– Numa sociedade em que a informação torna-se cada vez mais acessível, o diferencial do cidadão deixa de estar no saber de caráter mais enciclopédico, típico do vestibular tradicional, e passa a ser o desafio de processar a informação transformando-a em conhecimento útil à solução de problemas.
– Sendo o Enem um exame padronizado, em tese, será possível comparar notas de alunos que realizaram as provas em anos diferentes.
– A possibilidade futura de favorecer uma mobilidade nacional é considerada válida, e pode inclusive servir para reduzir as disparidades entre as regiões do país, na medida em que potencialmente favorece a diversidade cultural no ambiente acadêmico.
Sobre o ENEM
– Seguindo orientações do Ministério da Educação, as universidades tiveram quatro opções para usar o novo Enem em seu processo seletivo: 1) como único exame de seleção; 2) como primeira fase; 3) como percentual da nota final ou 4) nas vagas remanescentes.
– Este ano o exame será aplicado nos dias 3 e 4 de outubro. A primeira prova de 2010 deverá ser realizada em março ou abril, já que o exame passará a ser realizado duas vezes ao ano, para atender o calendário das universidades.
– Reestruturado, o Enem passa a ser aplicado com 200 questões (antes eram 63) e as notas não terão validade limitada: um aluno pode usar a nota de 2009 numa seleção de 2011. Se quiser prestar outro Enem, valerá a maior nota. O conteúdo e habilidades exigidos na prova se baseiam no currículo do ensino médio. De acordo com o MEC, o modelo vai priorizar capacidade de raciocínio em detrimento da memorização.
(Fonte: Cotidiano / Folha de São Paulo)