Grupo de Desastres Naturais da UFSC faz balanço das ações
Professores do Departamento de Geociência e alunos da Pós-Graduação em Geografia reuniram-se com o reitor da UFSC, professor Alvaro Toubes Prata, no fim de fevereiro, com o obejtivo de dar impulso às atividades já em andamento junto às áreas atingidas pelas chuvas de novembro de 2005 e também estimular ações do Grupo de Desastres Naturais da UFSC.
Propuseram um projeto acadêmico envolvendo professores e alunos da pós-graduação para estudar tipos e causas de deslizamentos e confeccionar mapas de áreas de risco e suscetibilidade a deslizamento para o Estado.
O grupo está trabalhando a partir da experiência das últimas enchentes que resultaram numa tragédia para Santa Catarina. A proposta é fazer um projeto simples, enxuto, que embora não cubra todo o Vale do Itajaí eleja, como primeiro passo, um município com poucos recursos, como Ilhota, para mapeamento de áreas de risco, o que deveria, posteriormente, ser feito para todo o Vale.
Também foi realizado um seminário interno (abril) congregando os profissionais que já estão envolvidos, para partilhar as experiências e apresentação de resultados dos trabalhos realizados desde dezembro 2008. Durante todo esse período têm sido realizadas vistorias às áreas atingidas.
Foi discutida a falta de um curso de graduação em Geologia e Engenharia de Minas na UFSC. O professor Prata sugeriu que se fizesse trabalho conjunto com a área de hidrologia da FURB (Blumenau).
Fazendo geografia na tragédia
A professora Ângela da Veiga Beltrame conversou com a Agecom sobre o trabalho realizado desde dezembro, iniciado assim que se sucederam as cheias e deslizamentos no Estado, que se deram principalmente nas datas de 22 e 23 de novembro, ocorreram deslizamentos muito graves. Na primeira semana de dezembro a defesa civil ligou para o departamento pedindo ajuda, quando então professores do Departamento de Geociências se mobilizaram para atuar nesta situação de forma emergencial uma vez que, conforme professora Angela, o curso da universidade que mais se adequava à tarefa é o de Geografia que trabalha o físico com o humano, simultaneamente.
Neste primeiro momento, também estavam engajados o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), a Defesa Civil de Minas Gerais e de outros estados.
Muitos lugares estavam sem acesso, além de trágicos acontecimentos concentrados como no município de Ilhota. Numa das comunidades que a professora visitou ocorreram 13 mortes, além da destruição total ou parcial de dezenas de residências.
Muitos locais só eram atingidos com helicóptero. Nas primeiras duas semanas das operações 22 helicópteros participaram. Quando os acessos se abriram, professores e pós-graduandos passaram a ir por terra até as comunidades atingidas.
O trabalho inicial foi todo voluntário, sem estrutura organizada. Um dos objetivos das ações deste primeiro mês era a retirada dos corpos, feita com apoio de geólogos, que orientavam os bombeiros. Paralelamente se desenvolviam os relatórios geotécnicos e vistorias para avaliar os terrenos e recomendações de monitoramento com classificação do grau de risco das áreas atingidas. Os relatórios classificam os terrenos e residências segundo três critérios:
a) Residência liberada
b) Liberada com restrições
c) Interditada
A partir de janeiro, essas ações passaram a ser organizadas pelo Centro Universitário de Pesquisas sobre Desastres (CEPED), que existe na UFSC desde 2000 e que trabalha junto à Secretaria de Defesa Civil Nacional (SEDEC). Na segunda etapa os relatórios foram padronizados, impressos e encaminhaodos às prefeituras pelo CEPED, contedo laudo geotécnico, laudo de danos nas edificações e registro fotográfico. As equipes passaram a utilizar uma estrutura de apoio fornecida pela CEPED e Defesa Civil, como veículo, material de campo, camisetas que identificava os componentes, dentre outros.
No momento os trabalhos estão concentrados principalmente no município de Blumenau, mas já foram atendidos Pomerode, Ilhota, Gaspar, Benedito Novo, Luiz Alves, Camboriú, Nova Trento, Indaial dentre outros.
Por Alita Diana/Jornalista da Agecom
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