Escritor e pesquisador João Carlos Mosimann é convidado do Círculo de Leitura nesta quinta-feira

29/04/2009 15:37

Mosimann: novas mídias para informação e aquisição de obras

Mosimann: novas mídias para informação e aquisição de obras

O escritor, pesquisador e historiador João Carlos Mosimann é o convidado da 41ª edição do Círculo de Leitura, que será realizada às 17h desta quinta-feira, 30/4, na Sala Harry Laus da Biblioteca Universitária da UFSC, no campus da Trindade. Engenheiro e professor aposentado, ele dedicou os últimos anos à pesquisa, sua grande paixão, mesmo sem utilizar a rigidez da metodologia histórica em suas publicações – três volumes lançados até agora.

João Carlos Mosimann nasceu em Brusque em 1943 e veio criança para Florianópolis com seus pais. No Grupo Escolar Silveira de Souza, estudou com os filhos dos abastados da avenida Trompowsky e com os meninos e meninas humildes do Morro do Mocotó, na mesma sala. Da infância, além do contato direto com o mar da Praia de Fora (atual Beira-mar Norte), lembra das leituras envolventes proporcionadas pela enciclopédia infanto-juvenil “Tesouro da Juventude”, que também estimularam seu interesse pela pesquisa e pela investigação histórica, que viria a exercitar mais tarde.

Formado na primeira turma de Engenharia Elétrica da UFSC, Mosimann exerceu suas atividades na Celesc, na Eletrosul e no Ministério de Minas e Energia, em Brasília, além do magistério na UFSC. Bolsista do governo francês, lá esteve em 1971, 1978 e 1985. Depois de se aposentar, passou a pesquisar a história de Santa Catarina, publicando “Tragédia e mistério na Villa Renaux” (Insular, 2000, com 2ª edição em 2006), “Porto dos Patos” (Fundação Franklin Cascaes, 2002, com 2ª edição em 2004) e “A invasão espanhola” (edição do autor, 2003).

O CÍRCULO

O Círculo de Leitura é um projeto que permite ao convidado e aos presentes discutirem informalmente sobre os livros que estejam lendo, as leituras do passado e as influências de outros autores sobre o seu trabalho. Escritores e jornalistas como Oldemar Olsen Jr., Fábio Bruggemann, Inês Mafra, Mário Pereira, Maicon Tenfen, Cleber Teixeira, Dennis Radünz, Rubens da Cunha, Renato Tapado, Raimundo Caruso, Nei Duclós, Marco Vasques, Zahidé Muzart e Mário Prata foram alguns dos participantes das etapas anteriores do projeto.

BREVE ENTREVISTA

Quais foram suas experiências mais marcantes em relação à leitura? Em sua casa, na infância e na adolescência, havia um ambiente de estímulo ao contato com os livros e o conhecimento?

João Carlos Mosimann – Minhas primeiras experiências na área da leitura, na infância, giraram em torno do “Tesouro da Juventude”, a admirável enciclopédia infanto-juvenil adquirida desde cedo por meu pai. Através dela fui estimulado não apenas à leitura, mas também à pesquisa.

Que livros e autores mais o sensibilizaram? Que tipo de leitura prefere hoje e o que está lendo no momento?

Mosimann – O autor que mais me sensibilizou na juventude foi Hermann Hesse. Tenho até hoje sua obra completa. Posteriormente ingressei na era de “Eros e civilização” de Herbert Marcuse, um dos ícones de 68. Até hoje me vejo profundamente influenciado por estes autores. No momento, minhas leituras estão restritas à área de História, em função de minhas pesquisas.

Como pesquisador e historiador, por quem se considera influenciado? Que autores e títulos podem ter contribuído para “construir” seu arcabouço teórico?

Mosimann – Na História, sinto-me não propriamente influenciado, mas estimulado principalmente por Lucas Boiteux, Affonso Taunay e Oswaldo Cabral, pelos temas e pelo rigor da pesquisa. No momento de escrever não os utilizo como fonte, justamente para não ser por eles influenciado, preferindo sempre as fontes primárias. Como não tenho formação na área de História e sou avesso a escolas, dogmas e confrarias, sinto-me livre para pensar e escrever, às vezes de forma irreverente, tentando contribuir para quebrar um pouco o marasmo e a hipocrisia reinante em certos meios.

Como autor dado a estimular a polêmica sobre assuntos relacionados à história de Santa Catarina e de Florianópolis (os “episódios” de Goneville e Saint-Exupéry, por exemplo), como vê o engajamento e a convivência das novas gerações com os livros e a leitura?

Mosimann – Vejo com tristeza a falta de engajamento, não apenas das novas gerações, mas também de certas redações. Recentemente disse a um de nossos insignes jornalistas que a censura prévia morreu, mas espectros evanescentes parecem pairar sobranceiros sobre algumas redações, inspirando um clima de autocontrição. Os comentários sobre certos temas de interesse local são tímidos e velados, sem juízo crítico e sem continuidade. Evita-se (ou não convém?) a reportagem investigativa, a análise crítica, a polêmica democrática. Adolfo Zigelli e Beto Stodieck, definitivamente, fazem falta.

Como convive com as novas mídias e suportes de leitura, como a internet? E de que forma seleciona suas leituras, diante de tantas possibilidades oferecidas na web e da avalanche de edições de livros no Brasil?

Mosimann – As novas mídias são fantásticas e democratizaram o acesso ao conhecimento. Utilizo-as ao máximo, não apenas para informação, mas também na aquisição de obras antes inacessíveis. Compro livros e garimpo documentos na Espanha, na França, nos Estados Unidos, na Austrália, sem sair de casa. Os discursos e relatórios de todos os governantes de Santa Catarina de 1830 a 1930, por exemplo, assim como todas as mensagens de Lauro Müller, nove anos ministro de Estado, estão digitalizados em um site americano. Quanto à avalanche de edições, torna-se cada vez mais difícil selecionar, até mesmo entre autores catarinenses.

Mais informações com João Carlos Mosimann pelos fones (48) 3334-0687 e 9145-5959 ou pelo e-mail mosimix@terra.com.br. O telefone do organizador do Círculo de Leitura, Alcides Buss, é 9963-3045.

Por Paulo Clóvis Schmitz / Jornalista na Agecom