Ciclo de cinema argentino prossegue nesta quarta-feira

File reencena lenda da cultura argentina
O ciclo de cinema argentino reúne oito filmes produzidos entre as décadas de 1950 e 1980 que abordam os temas do gaúcho e do compadrito, figuras míticas da cultura argentina. O tema do gaúcho é revisitado com maestria em filmes como Martín Fierro, de Leopoldo Torre Nilsson, e Don Segundo Sombra, de Manuel Antín, ambos baseados nas obras literárias homônimas de José Hernández e Ricardo Güiraldes, respectivamente.
O tema do compadrito, figura emblemática do subúrbio da Buenos Aires do início do século XX, é explorado em El hombre de la esquina rosada de René Mugica, baseado no conto de Jorge Luis Borges ´Hombre de la esquina rosada`, e Juan Moreira de Leonardo Favio.
O filme Juan Moreira reencena, num momento particularmente dramático da história, uma das maiores lendas da cultura argentina. Baseado em uma figura histórica, uma espécie de “gaúcho matrero”, como eram chamados tipos como Juan Moreira, o filme procura atualizar, de um ponto de vista político, a rebeldia daqueles gaúchos fora-da-lei que percorriam as planícies sem encontrar lugar para si e para os seus.
Figura real que nasceu em 1935 e morreu pouco antes de completar 40 anos, cercado pelas forças policiais, foi quase que imediatamente transformado em uma espécie de herói popular, a começar pelo folhetim escrito por um ainda obscuro Eduardo Gutiérrez, e publicado entre novembro de 1897 e janeiro de 1880 no jornal La Patria Argentina. Sucesso absoluto no meio social da Argentina de então, logo é transformado em livro, com sucessivas reedições.
Foi o romance de maior sucesso num dos períodos mais ricos e criativos da Argentina, ou seja, aquele criado pela chamada Geração 80, que sonhou em colocar a Argentina em pé de igualdade com a tão admirada – e invejada – Europa, em especial França e Inglaterra, os dois países mais poderosos no final do século XIX. Depois dessa transposição de Gutiérrez para o romance, a história de Juan Moreira sofreu muitas outras transposições narrativas, poéticas e teatrais, fazendo de seu protagonista uma das figuras mais conhecidas e cultuadas no período que vai aproximadamente de 1880 a 1920 ou 1930,
Dando lugar ao que se chamou de fenômeno do “moreirismo”.
Informações: (48) 37219288 – Ramal: 203 / nucleoonetti@cce.ufsc.br
Fonte: Janete Elenice Jorge / Pesquisadora do Núcleo Juan Carlos Onetti de Estudos Literários Latino-Americanos