Ano Internacional da Astronomia: ciclo de palestras aborda os misteriosos buracos negros

Concepção artística de um buraco negro
Esta é a segunda palestra do ciclo ´Grandes temas da astronomia moderna`, organizado pela UFSC dentro da agenda de atividades em comemoração ao Ano Internacional da Astronomia. De acordo com o professor Steiner, será revista a história da idéia de buracos negros desde o estabelecimento da Teoria da Relatividade Geral até a atualidade.
“Vou mostrar como a energia é produzida pelos buracos negros e discutir detalhes dos buracos negros no centro da Via Lactea e de
Andrômeda. Algumas observações recentes em galáxias próximas também serão mostradas”, adianta o professor, que vai ainda falar sobre as implicações dos buracos negros sobre a evolução das galáxias.
O palestrante
João Evangelista Steiner é pesquisador reconhecido no país e também internacionalmente por sua contribuição para a astronomia. Entre 1993 e 1997 foi membro do grupo internacional envolvido no projeto Gemini, que permitiu a construção de observatórios no Havaí e no Chile. De 1996 a 1997 esteve na vice-presidência desse grupo. Foi também, de 1996 a 2004, membro do conselho diretor do consórcio que construiu o telescópio SOAR, um dos mais modernos do mundo. Entre 2003 e 2004 respondeu pela presidência desse conselho.
Sua paixão pela observação do universo iniciou ainda menino, quando transformou seu quarto em um laboratório e construiu seu primeiro telescópio. Mais tarde graduou-se em Física pela Universidade de São Paulo, e ingressou no universo da pesquisa ainda na iniciação científica, na terceira fase do curso. Fez mestrado e doutorado em Astronomia, também pela USP, e pós-doutorado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Especialista em astrofísica estelar, galáxias, quasares e astronomia óptica, tem 83 artigos publicados em revistas internacionais. Seu currículo inclui passagens pela direção do Instituto de Estudos Avançados da USP; pela presidência da Sociedade Astronômica Brasileira; secretaria geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; direção de Ciências Espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Laboratório Nacional de Astrofísica. Foi também secretário de coordenação das unidades de pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Este ano coordena um projeto contemplado no programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, para implantação de um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Astrofísica. A missão do grupo que agrega pesquisadores de diversas universidades brasileiras é inserir o Brasil no futuro da astronomia mundial. “Olho para o universo como um laboratório”, costuma destacar o professor em suas entrevistas, que ressaltam também a
importância de compartilhar com o público as descobertas no campo da astronomia.
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
Imagem: Concepção artística de um buraco negro / ESA/Hubble / do Artigo ´Calculating Density of Black Holes`
Mais informações: astro@astro.ufsc.br / fone 3721-8238
Saiba Mais:
Buracos Negros:
Com informações retiradas do livro ´A Escalada da Ciência`, de Brian L. Silver, com tradução de Arno Blass e publicação pela Editora da UFSC
-Supõe-se que a formação de buracos negros ocorra pelo colapso de uma estrela gigante
– Quando o núcleo de uma supernova tem uma massa que excede aproximadamente três vezes a do sol, acredita-se que se forma um buraco negro (“Negro porque quando a luz é dirigida a um buraco negro, ela nunca retorna)
– Se nenhuma luz pode escapar de um buraco negro, não é possível vê-lo. É preciso procurar indicações de usa presença, mais ou menos como detectar as andanças de um duende…
– O método mais comum pelo qual os buracos negros têm sido detectados é através do movimento de estrelas visíveis. A enorme atração gravitacional dos buracos negros tem sido invocada como a causa de inesperadas trajetórias de algumas estrelas. Assim, tem-se observado que uma estrela na constelação da Mosca dá voltas rápidas ao redor de nada, a uma velocidade de quase 1,6 milhões de quilômetros por hora. Ela obviamente está sendo atraída por algo.
– O princípio básico por trás dos buracos negros é que quando existe matéria suficiente concentrada em um lugar, a nada é permitido escapar dali
-A matéria que está no núcleo de uma supernova é comprimida pela força gravitacional. À medida que a massa central se contrai, o campo gravitacional na superfície da estrela moribunda aumenta. Quanto menor (em tamanho) se tornar um dado corpo, maior a atração gravitacional em sua superfície. Num certo estágio, você pode imaginar a formação de uma superfície imaginária, acima da superfície do buraco negro. Ela é denominada horizonte de eventos. Qualquer objeto, ou radiação, que penetra no horizonte de eventos está perdido para sempre. É como se o buraco negro se tivesse isolado do espaço-tempo ao redor dele. Nada pode retornar dessa terra voraz.
O ciclo ´Grandes temas da astronomia moderna`
Março / 30/03 Jorge Quilffeldt – Instituto de Biociências / Universidade Federal do Rio Grande do Sul – “Astrobiologia : Água e Vida no Sistema Solar e além”
Abril / 13/04 João Steiner – Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP) – “Buracos negros, cemitérios cósmicos”
Maio / Renan Medeiros – Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DFTE/UFRN) – “Os Novos Mundos do Cosmos”
Junho / Carlos Wuensche – Divisão de Astrofísica / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
Agosto / Guillermo Tenório-Taglia
Setembro / Augusto Damineli – Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP) – “Procura de vida fora da Terra”
Outubro / Kepler Oliveira – Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IF/UFRGS)
Novembro / Laerte Sodré – Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (IAG-USP) – “Sosias da Via-Lactea”
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