Aula inaugural da Pós-Graduação em Nutrição alerta para necessidade da retomada de atividades físicas constantes

Professor Malaquias e o auditório lotado
Malaquias Batista Filho, 74 anos, sendo 42 dedicados à nutrição, abordou na palestra as mudanças epidemiológicas nutricionais ocorridas na sociedade nos últimos 50 anos, considerando a alimentação com um dos principais fatores destas transformações. As chamadas doenças carenciais, como anemia e desnutrição, e a obesidade, estão aumentando sua contribuição para os índices de mortalidade nos últimos 30 anos. Segundo Batista Filho, a intensificação destas patologias deve-se a diversos fatores, desde processos de industrialização ao aumento da publicidade.
Porque engordamos
Após a Revolução Industrial, o homem mudou seus hábitos, e o ritmo de vida aumentou com o uso da noite para realização de atividades. Vieram os processos de urbanização e o desenvolvimento dos transportes e de tecnologias domésticas. Todos esses fatores geraram um estado de conforto, onde não é preciso exercícios físicos durante o dia-a-dia, estimulando o sedentarismo, bem caracterizado pelo exemplo “sofá, TV e controle remoto”.
Além disso, a industrialização alimentícia e a possibilidade de conservar alimentos por longos períodos, associadas ao marketing para gerar consumo de produtos, que em sua maioria não possuem características nutricionais saudáveis, criaram o que Batista chama de “ambiente obsogênico”. Facilidade como sinônimo de ausência de atividade física e o prazer alimentício baseado na publicidade são características desse ambiente. Em 25 anos (tempo relativo a uma geração) aumentou em 400% o consumo de refrigerantes e biscoitos pela população brasileira. Grande parte desse aumento está relacionado à consolidação de marcas e slogans pelas agências publicitárias, destacou o professor.
Para a correção desse “ambiente obsogênico”, Batista diz que é necessário retomar a prática de atividades físicas constantes e evitar alimentos de baixo valor nutricional. Mas afirma: “Não devemos abdicar dos prazeres e nem fazer do prazer um futuro desprazer”. Também é importante a realização de políticas governamentais que incentivem o consumo de alimentos saudáveis, diminuindo a procura por alimentos de “calorias vazias”, como refrigerantes e biscoitos.
Hoje cerca de 50% das pessoas tomam algum tipo de cuidado quanto a sua alimentação. Mas, para Batista, serão necessários outros 25 anos para atingir níveis de 70%. Isso significa que com a reeducação alimentar das crianças de hoje, teremos futuras gerações mais saudáveis.
Mais informações: Pós-Graduação em Nutrição / http://www.posnutri.ufsc.br / fone: (48) 3331-5138
Por Erich Casagrande / Bolsista de Jornalismo na Agecom