Especial Pesquisa: UFSC integra estudos para avaliação do impacto ambiental de produtos para construção civil

Testes verificam o que novo produto pode emitir
Trabalhando em rede de pesquisa, com apoio do Programa de Tecnologia de Habitação (Programa Habitare), a Universidade Federal de Santa Cataria (UFSC), a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Universidade de São Francisco (USF) estão desenvolvendo protocolos para avaliação de materiais construtivos do ponto de vista da contaminação ambiental – aquilo que o novo produto pode emitir e que pode ser prejudicial ao homem ou ao ambiente.
“Em geral as análises de materiais, componentes e sistemas construtivos levam em conta o aspecto mecânico, de comportamento, mas desempenho não é só isso”, explica a professora Janaide Cavalcante Rocha, pesquisadora do Laboratório de Valorização de Resíduos da UFSC. Ela lembra que um material com adição de novos agregrados precisa também passar por testes que indiquem seu potencial de emissão de contaminantes.
Com essa visão, o grupo de pesquisadores está sistematizando uma proposta de protocolo com informações básicas que não devem ser deixadas de lado na avaliação de um produto que tenha resíduo em sua composição. A proposta inclui procedimentos para determinação das concentrações potencialmente poluentes e detecção de constituintes lixiviados e solubilizados das matrizes. Prevê também estudos para extração de elementos contidos na matriz consolidada (novos materiais) e determinação da difusividade dos contaminantes no novo componente.
O trabalho integrado à rede ´Ciência, tecnologia e inovação para melhoria da qualidade e redução de custos da habitação de interesse social` é considerado estratégico para valorização de resíduos como fontes de matérias-primas secundárias e para inovação tecnológica para a indústria da construção civil – setor responsável pela extração de grandes quantidades de matérias-primas naturais.
Outra ferramenta que será implementada pelas universidades é uma ficha de informação tecnológica. O objetivo é que essa estrutura de informação também ajude a sistematizar o conhecimento sobre resíduos e seu potencial de uso na construção civil. As fichas serão aplicadas em pelo menos sete tipos de resíduos (que também são usados em estudos de novos produtos pelas instituições) incluem dados sobre origem, procedimentos para avaliação dessa matéria-prima, produtos que podem ser desenvolvidos e performances já observadas. O material vai incluir ainda limites de aplicação, processos de beneficiamento, quadro regulamentar, custos e bibliografia.
“A idéia é permitir que interessados em investir nesse campo tenham uma idéia sobre o resíduo e seu potencial”, explica Janaide. “As informações estão em diversas teses e dissertações, mas vamos procurar uma forma sintética de difundir esse conhecimento”, complementa. “São ações que poderão dar suporte ao SiNAT (o Sistema Nacional de Avaliação Técnica de produtores inovadores)”, acredita a professora. O sistema foi instituído pelo Ministério das Cidades para colaborar com a avaliação de novos produtos e estimular a inovação tecnológica da indústria da construção no Brasil.
Por Arley Reis / Jornalista da Agecom
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Ao mesmo tempo em que buscam mecanismos para controle da qualidade de novos produtos com adição de resíduos, UFSC, UFCG e USF trabalham no desenvolvimento de um conjunto de materiais e componentes inovadores:
– tinta à base de gesso reciclado de resíduos de construção e de demolição;
– tijolos solo-cimento com aproveitamentos dos resíduos cerâmicos;
– blocos vazados de vedação com aproveitamento de agregados reciclados, resíduos do caulim e de agregados EVA (Etileno Acetato de Vinila) e SBR (Borracha de Estireno Butadieno)
– painéis divisórios pré-moldados com uso do agregado leve, EVA e SBR
– Argamassa e blocos de vedação com resíduos do corte de mármore e granito
Mais informações na UFSC com a professora Janaíde Cavalcante Rocha / NPC/Laboratório de Valores/ 48 3721-5169 / e-mail: ecv1jcr@ecv.ufsc.br
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