Oportunidades e desafios do REUNI no planejamento estratégico da UFSC

02/12/2008 10:34

Nagib:assistência aos mais pobres

Nagib:assistência aos mais pobres

O REUNI – Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais -, apesar da resistência ideológica, dos protestos e do estresse, acabou se revelando uma excelente oportunidade para o fortalecimento da universidade pública. A constatação foi ressaltada pelo pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), José Nagib Cotrim Árabe, na conferência proferida ontem à tarde (1º de dezembro), em Florianópolis, durante o Seminário de Planejamento e Gestão Estratégica na UFSC, conduzido e coordenado pelo reitor Alvaro Prata e pelo pró-reitor de Planejamento da UFSC, Luiz Alberton.

José Nagib lembrou que as universidades ficaram assustadas inicialmente pelo nível de exigências do Governo Federal. “Quando o REUNI passou a levar em consideração a pós-graduação, as universidades viram no REUNI uma oportunidade e, gradativamente, todas aderiram”. As prioridades, os modelos de implantação, conforme assinalou o palestrante, ficaram a cargo de cada instituição. A UFMG optou em aplicar os recursos numa estratégia de expansão integrada e equilibrada entre a graduação e a pós-graduação.

Neste sentido, a Universidade decidiu pela ampliação do número de bolsas para pós-graduação, adoção de novas metodologias de ensino, formação de equipes integradas (professores, alunos de pós, pós-doutorandos, professores visitantes e monitores de graduação) e utilização de tecnologias de ensino a distância. Jose Nagib advertiu que isso não significa colocar o aluno de pós-graduação no lugar do professor nem relegar a um plano secundário a aula presencial.

Assim como planeja a UFSC, a universidade mineira prevê para os novos cursos currículos arrojados, consistentes, enxutos, buscando a multidisciplinaridade. Os novos cursos, adianta o pró-reitor, “devem contemplar a inovação e trajetórias formativas inéditas com o objetivo de formar profissionais efetivamente demandados pela sociedade”. Coincide, em tese, com a filosofia que move a UFSC na implantação dos Campi de Curitibanos, Joinville e Araranguá. “Essas idéias têm aproximado as IFES”, reconheceu José Nagib.

O palestrante destacou que, paralelamente ao REUNI, as IFES estão desafiadas ao aprimoramento do processo de ingresso, à redução da seletividade social e à definição de políticas de permanência dos mais pobres. “Isso passa pela assistência aos mais pobres”. resumiu. A evasão, em síntese, só poderá ser contida com transporte, alimentação, moradia e trabalho (bolsas).

Prata: mediação

Prata: mediação

O pró-reitor da UFMG acha que o REUNI vai mudar a educação superior pública do País. O êxito depende, evidentemente, de vários fatores e do atendimento das demandas de cada instituição. São necessários concursos públicos para professores e servidores técnico-administrativos. O palestrante vai muito além: os desafios da REUNI incluem o aproveitamento das vagas ociosas, o enfrentamento da resistência política a mudanças e ao próprio programa, o controle da evasão e da retenção e o déficit de recursos humanos para projetos e orçamentos.

O palestrante está preocupado igualmente com outros problemas que atingem o conjunto das universidades. Entre os mais preocupantes, destaca o modelo de contratação das obras públicas, a via crucis das licenças ambientais, o déficit de recursos humanos para projetos e orçamentos, a falta de operacionalidade dos setores jurídicos e de compras e a ignorância generalizada instalada nos chamados órgãos de controle.

No campo específico do ensino, o palestrante critica os currículos disciplinares e inflexíveis e defende alterações nos processos seletivos iniciais. Ele acha que um novo paradigma pedagógico terá lugar nos novos cursos provocados pelo REUNI.

Por Moacir Loth/jornalista na Agecom

Fotos:Paulo Roberto Noronha