Fapesc financia estudo para prevenir doença na banana

05/12/2008 16:55

Em busca de inovação tecnológica

Em busca de inovação tecnológica

Antes de registrar seis mortes em virtude das chuvas que deixaram cerca de 500 pessoas desalojadas e 300 desabrigadas, o município catarinense de Luís Alves tinha boa parte de sua população dedicada a cultivar bananeiras. Em condições normais, as árvores já sofriam com uma doença que causa o secamento parcial ou mesmo total de suas folhas. Com os alagamentos, o excesso de umidade tanto na atmosfera quanto no solo cria um ambiente propício para o fungo que provoca o mal-de-sigatoka e pode destruir os bananais.

Mas nem tudo são más notícias: a doença vem sendo monitorada por um sistema informatizado que alerta produtores e técnicos do setor quando o risco de propagação do fungo aumenta. Assim eles podem tomar medidas urgentes e evitar serem pegos de surpresa, inclusive por espécies de difícil controle, como a “sigatoka negra” que causou estragos em 2004.

Neste ano R$ 35.180,00 foram investidos no desenvolvimento do sistema pela Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina). Os recursos provem

da Chamada Pública Ciências Agrárias, que contemplou, com um total de R$5,5 milhões, 65 pesquisadores, entre eles Márcio Sonego, da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).

O projeto que ele coordena na Estação Experimental de Urussanga “prevê ações piloto no litoral sul de Santa Catarina e a expansão para as demais regiões produtoras”, nas suas palavras.

SC tem cerca de 30 mil hectares ocupados com bananais comerciais, cultivados em pequenas propriedades rurais no litoral norte, sul e centro. Estima-se que para 5 mil famílias rurais a comercialização de bananas seja a principal fonte de renda. Mais de 60% da produção é vendida para outros Estados e parte é exportada, atestando a boa qualidade da fruta produzida em Santa Catarina.

Ainda é possível melhorar a eficiência do controle do mal-de-sigatoka em bananais catarinenses mediante o sistema de informações espaciais, capaz de reduzir o custo de produção da banana e diminuir as pulverizações de agrotóxicos, minimizando riscos ambientais e à saúde humana.

“O agricultor pode tomar a decisão de adotar defensivos agrícolas da melhor maneira possível e aplicá-los somente quando necessário, gastando menos com mão de obra, horas-máquinas e insumos”, explica Hamilton Justino Vieira, agrônomo do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram).

A página Epagri/Ciram na Internet divulgará online o registro de dados meteorológicos e a previsão do tempo para as áreas bananeiras. “Esses dados vão ser transmitidos de hora em hora, armazenados num banco de dados e poderão ser acessados na Internet”, diz Vieira. “Mediante cadastramento, os bananicultores podem receber as informações via e-mail ou no celular, por torpedos. Se eles estiverem associados em grupos de produtores, o benefício é maior.”

Ele acrescenta: “Com este trabalho, vamos implementar mais estações agro-meteorológicas e fazer uma inovação tecnológica substancial que será uma ferramenta útil para tomada de decisão dos agricultores.” Resultados parciais do projeto foram apresentados na XVIII Reunião Internacional da Associação para a Cooperação nas Pesquisas sobre Banana no Caribe e na América Tropical, ocorrida no Equador, em novembro de 2008. No mesmo mês começou a liberação das últimas parcelas de financiamento a estudos sobre Ciências Agrárias por parte da Fapesc.

Por Heloisa Dallanhol / Programa de Jornalismo Científico da Fapesc