Especial Pesquisa: UFSC acompanha desinstitucionalização do Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina

03/12/2008 13:29

Um grupo de pesquisa da UFSC está documentando e analisando o processo de desinstitucionalização do Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina. Assim como outros hospitais direcionados ao cuidado da saúde mental, a antiga Colônia Santana terá que promover uma transformação no estilo de tratamento ― especialmente em relação aos pacientes em situação asilar, que deverão ser reintegrados à sociedade. É a chamada desinstitucionalização, que desafia profissionais em todo o país, já que 2012 foi estipulado pelo Ministério da Saúde como prazo máximo para redução de leitos em hospitais psiquiátricos

O processo faz parte da Política Nacional de Saúde Mental. A exemplo de outros países, o Ministério da Saúde, a partir da Coordenação de Saúde Mental, vem promovendo uma reforma do modelo assistencial nessa área. No caso do Centro de Convivência Santana (CCS) do IPq, que abriga os pacientes em condição asilar, acredita-se haver um número significativo com condições de participar de um projeto de desinstitucionalização.

A pesquisa da UFSC tem como objetivo colaborar e dar suporte a esse processo. O trabalho está sendo realizado pelo Grupo de Pesquisas em Políticas de Saúde/Saúde Mental, ligado ao Programa de Pós Graduação em Saúde Pública do Centro de Ciências da Saúde. O estudo será possível graças a uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde, o Colegiado de Políticas Públicas de Saúde Mental e o Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina, entre outras instituições.

De acordo com o coordenador do projeto de pesquisa, o professor Walter Ferreira de Oliveira, a desinstitucionalização é um processo amplo e complexo. “A desinstitucionalização busca uma mudança de olhar, quer quebrar o estigma de que as pessoas com problemas mentais são perigosas, improdutivas e incapazes”, explica o professor. A expectativa do grupo é de que o acompanhamento e a documentação das atividades no IPq possam também subsidiar outros hospitais nessa trajetória.

No Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina a fase atual é de levantamento dos internos em condições de serem desinstitucionalizados, a partir da verificação de graus de dependência e da situação psicológica e social das pessoas em condição asilar. Fases posteriores do processo de desinstitucionalização incluem a localização dos municípios de onde os pacientes são oriundos, o mapeamento da rede de serviços de saúde mental existente nestas cidades, o levantamento de familiares e de outros atores relevantes para a vida destas pessoas.

A expectativa é de que o projeto contribua com a construção de conhecimento sobre problemas sociais complexos, subsidiando outras instituições e órgãos governamentais e não-governamentais, bem como a comunidade acadêmica em tomadas de decisões importantes para o bem-estar das populações menos assistidas. “As idéias, sentimentos e representações dos membros da Comissão de Desinstitucionalização e outros sujeitos poderão dar origem a novos rumos na pesquisa e enriquecer o processo desinstitucionalização”, destaca o professor. Ele ressalta que diante da complexidade do processo é preciso buscar o máximo de segurança sobre as decisões a serem tomadas.

Na manhã de sexta-feira (5/12), dentro da programação do I Congresso Brasileiro de Saúde Mental, o médico César Paulo Simionato, da Prefeitura Municipal de Florianópolis e do Serviço de Saúde Pública do Hospital Universitário da UFSC, e o coordenador da pesquisa, professor Walter Ferreira de Oliveira, apresentam informações sobre o trabalho.

Mais informações com o coordenador do projeto de pesquisa, o professor Walter Ferreira de Oliveira, (48) 9608 5271 / e-mail: walter@ccs.ufsc.br

Saiba Mais:

Oficinas para atenção à saúde mental

Acupuntura na atenção à saúde mental é o tema da oficina que será realizada na manhã dessa quinta-feira, a partir de 10h, no Horto Botânico da UFSC. O ministrante será o professor Li Shih Minh, professor do Departamento de Clínica Médica do Hospital Universitário da UFSC.

Na sexta, também a partir de 10h, o tema da oficina será plantas medicinais na atenção à saúde mental, com o médico César Paulo Simionato, da Prefeitura Municipal de Florianópolis e do Serviço de Saúde Pública do Hospital Universitário da UFSC. Simionato vai apresentar também como está o projeto de pesquisa com o Grupo de Trabalho de desinstitucionalização do Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina e com o Colegiado de Políticas Públicas de Saúde Mental do Estado de Santa Catarina.

As oficinas serão realizadas no Horto de Plantas Medicinais do Hospital Universitário.

Por Arley Reis / Jornalista da Agecom

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